Os
militares governam o país desde 2016
Maria
Inês Chaves Preza Freitas
Os
militares brasileiros, imediatamente após a eleição de Dilma Rousseff em 2014,
começaram a articular um projeto reunindo todas as forças de direita na área
política e na sociedade com o fim de sua deposição. Orquestrados pela chamada
Operação Lava Jato, apoiaram mais um golpe em 2016, afastando Dilma.
Tudo
indica que os militares estudaram o conceito político de Estado-Espetáculo,
montaram um grande cenário comandado por um palhaço e com uma trupe fantástica:
terraplanistas, astrólogos, pastores milagreiros e alguns políticos de menor
importância distribuídos pelos ministérios. Na reserva deixaram um general de
sua confiança, o vice-presidente Hamilton Mourão.
As
privatizações foram apressadas e as reformas neoliberais aprovadas às pressas
pelo Congresso. Enquanto isso, os militares ocupavam postos de controle dentro
do governo, na parte mais submersa deste verdadeiro iceberg.
Foram
escolhidos os almirantes da reserva da Marinha Francisco Antônio Laranjeiras e
Elis Triedler Öberg para comandarem os portos do Rio de Janeiro e do Rio Grande
do Norte, respectivamente. Para o cargo de diretor-presidente da Companhia
Docas de São Paulo, que controla o porto de Santos, foi nomeado o engenheiro
naval civil Casemiro Tércio Carvalho. Ele, no entanto, teve a seu lado um
militar da Marinha para “sanear” o órgão e acabar com “entraves” burocráticos.
Essa
demonstração do governo dos militares já mostrada em nomeações dos mesmos para
cargos estratégicos, no recurso frequente a operações de GLO e na intervenção
federal na segurança pública, como o interventor general Braga Netto no Rio,
foi realçada durante a paralisação dos caminhoneiros em 2018.
Quando
da greve dos caminhoneiros em maio, através de um decreto, lançando uma
operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o governo determinou uma missão
militar com atuação em todo o território nacional, coordenada pelo general
Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A
partir daí, coube a um almirante, Ademir Sobrinho, chefe do Estado Maior
Conjunto, informar diariamente à população brasileira sobre a situação do
abastecimento de aeroportos e serviços públicos essenciais, como saúde,
segurança pública e energia.
Em
suma, por meio dos postos mais importantes, começamos a ser governados por um
Estado-Maior. Já são muito os militares da reserva e da ativa pilotando postos
decisivos do governo. Inclusive, semana passada tudo ficou mais claro: com a
crise na Saúde causada pela pandemia do Covid 19 o presidente-fantoche resolveu
demitir seu ministro da Saúde, mas teve que voltar atrás, por ordem dos
militares.
Ocorre
que Bolsonaro é um militar de baixo escalão, não fez o curso de Estado Maior do
Exército, na Praia Vermelha. Chegou, no máximo, a ser um professor de Educação
Física. Nem mesmo consegue articular um pensamento mais elaborado. Apenas faz
figuração. Quem comanda mesmo é o partido das Forças Armadas.
Em
2020, cerca de cem pessoas das Forças Armadas ocupam postos em ministérios e
estatais na gestão de Jair Bolsonaro. Em todo o governo já são mais de 2500
militares. Desse total, 46 militares estão em posições estratégicas no
organograma, com a palavra final sobre políticas decisivas, como extração de
minérios, modernização de comunicações, construção de estradas, manutenção de
hidrelétricas e questões indígenas.
E
para fechar o nosso artigo de maneira mais convincente possível, nesta semana,
15 de abril de 2020, o “Presidente operacional do Brasil”, general Braga Netto
(ministro-chefe da Casa Civil) demitiu o assessor especial Felipe Cruz Pedri,
conforme publicado na edição desta quarta-feira do Diário Oficial da União.
Pedri
era da chamada “ala ideológica do governo” de Jair Bolsonaro e seguidor do guru
bolsonarista, Olavo de Carvalho. Recentemente ele atacou governadores e
prefeitos que defendem o isolamento social, o qual impede a liberdade política
do cidadão brasileiro.
Desta
forma, iniciando, timidamente, com o golpe de 2016 a governarem o Brasil,
os militares, em 2020, governam escancaradamente o país. Bolsonaro é apenas um
fantoche.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro