" Considerações sobre o Manifesto “O Brasil não pode ser destruído por bolsonaro”.
Sem a menor vergonha na cara, agora é feito o elogio do Bolsa Família (aquele
programa que era assistencialismo para os preguiçosos, lembram-se?), do SUS
(aquele que mandetta desativou quase por completo, lembram-se?) e muitos
apregoam a necessidade da Renda Básica ou da Renda Mínima (sem que EDUARDO
SUPLICY seja mencionado uma única vez nem entrevistado como o incansável
campeão dessa idéia). Por sua vez, o “empresário de si mesmo”, os trabalhadores
informais, os desempregados e os moradores de favelas e de rua passaram a
receber uma nova designação: “vulneráveis”, como se sua vulnerabilidade tivesse
surgido por conta do Covid-19 e não da aliança entre “O Mercado” e o governo
neoliberal.
É
espantoso o descaramento do uso da palavra “solidariedade” por aqueles que
controlam ideologicamente a mídia e a política e que, até um mês atrás, se
empenhavam do elogio irrestrito à competição e à “meritocracia”. Além
disso, com igual descaramento, o governo federal exige que os cientistas das
universidades públicas e dos centros públicos de pesquisa tragam rapidamente
soluções para aquilo que deixou de ser “histeria” para ser considerado
pandemia, sem que se diga que não houve investimento algum nas pesquisas
públicas (lembram-se de bosonaro afirmando que pesquisa séria só é feita em
universidades privadas e weintraub cortando as bolsas de pesquisa do CNPq e da
CAPES?). Exemplos não faltam se lembrarmos tudo o que foi dito e feito desde o
golpe contra Dilma e a prisão de Lula.
Insisto
na figura dos chamados “vulneráveis” porque, a despeito da ideologia neoliberal
sobre a “nova classe média brasileira”, são eles que constituem, na verdade, o
que chamo de “nova classe trabalhadora brasileira”, fragmentada e isolada,
carecendo de organizações de proteção, desprovida de uma visão social e
política que lhe dê um lugar na luta democrática e socialista. Esse resgate de
lutas e essa unificação de classe poderão, agora, encontrar eco na sociedade
brasileira em sua rejeição a bolsonaro. "
TEXTO
DO MANIFESTO
O Brasil e o mundo enfrentam uma emergência
sem precedentes na história moderna, a pandemia do coronavírus, de gravíssimas consequências para
a vida humana, a saúde pública e a atividade econômica.
Em nosso país a emergência é agravada por um presidente da
República irresponsável. Jair Bolsonaro é o maior
obstáculo à tomada de decisões urgentes para reduzir a evolução do contágio,
salvar vidas e garantir a renda das famílias, o emprego e
as empresas. Atenta contra a saúde pública,
desconsiderando determnações técnicas e as experiências de outros países. Antes
mesmo da chegada do vírus, os serviços públicos e a economia brasileira
já estavam dramaticamente debilitados pela agenda neoliberal que vem sendo
imposta ao país. Neste momento é preciso mobilizar, sem limites, todos os
recursos públicos necessários para salvar vidas.
Bolsonaro não tem condições de seguir governando o Brasil
e de enfrentar essa crise, que compromete a saúde e a economia. Comete crimes,
frauda informações, mente e incentiva o caos, aproveitando-se do desespero da
população mais vulnerável. Precisamos de união e entendimento para enfrentar a
pandemia, não de um presidente que contraria as autoridades de Saúde Pública e
submete a vida de todos aos seus interesses políticos autoritários. Basta!
Bolsonaro é mais que um problema político, tornou-se um problema de saúde pública.
Falta a Bolsonaro grandeza. Deveria renunciar, que seria o gesto menos custoso
para permitir uma saída democrática ao país. Ele precisa ser urgentemente
contido e responder pelos crimes que está cometendo contra nosso povo.
Ao mesmo tempo, ao contrário de seu governo – que anuncia
medidas tardias e erráticas – temos compromisso com o Brasil. Por isso
chamamos a unidade das forças políticas populares e democráticas em torno de um
Plano de Emergência Nacional para implantar as seguintes ações:
-Manter e qualificar as medidas de redução do contato social
enquanto forem necessárias, de acordo com critérios científicos;
-Criação de leitos de UTI provisórios e importação massiva de
testes e equipamentos de proteção para profissionais e para a população;
-Implementação urgente da Renda Básica permanente para
desempregados e trabalhadores informais, de acordo com o PL aprovado pela Câmara dos Deputados, e com olhar especial aos
povos indígenas, quilombolas e aos sem-teto, que estão em maior
vulnerabilidade;
-Suspensão da cobrança das tarifas de serviços básicos para os
mais pobres enquanto dure a crise,
-Proibição de demissões, com auxílio do Estado no pagamento do
salário aos setores mais afetados e socorro em forma de
financiamento subsidiado, aos médios, pequenos e micro empresários;
-Regulamentação imediata de tributos sobre grandes
fortunas, lucros e dividendos; empréstimo compulsório a ser pago pelos bancos
privados e utilização do Tesouro Nacional para arcar com os gastos de saúde e
seguro social, além da previsão de revisão seletiva e criteriosa das renunciais
fiscais, quando a economia for normalizada.
Frente a um governo que aposta irresponsavelmente no caos
social, econômico e político, é obrigação do Congresso Nacional legislar na
emergência, para proteger o povo e o país da pandemia. É dever de governadores
e prefeitos zelarem pela saúde pública, atuando de forma coordenada, como
muitos têm feito de forma louvável. É também obrigação do Ministério Público e do Judiciário deter prontamente as
iniciativas criminosas de um Executivo que transgride as garantias
constitucionais à vida humana. É dever de todos atuar com responsabilidade e
patriotismo.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro