*O
Brasil ganha com a queda do Bolsonaro? Hum! Sei não...*
A
imprensa divulgou que o PT irá iniciar uma campanha mais forte pela saída de
Bolsonaro, da Presidência da República. Nas redes sociais, internautas
desenvolvem a campanha *_#ForaBolsonaro_*, em favor do impeachment do
Presidente.
A
queda do Bolsonaro, nesse momento, atende às demandas populares por justiça
social e distribuição equilibrada de renda e riquezas?
Presidentes,
no Brasil, jamais foram depostos por iniciativas populares. Os raros casos da
nossa história, obedeceram a planejamentos das elites que controlam o país,
para que projetos políticos e econômicos fossem implementados. A deposição da
presidenta Dilma Roussef é o exemplo mais recente de ação articulada pelos
senhores do Brasil, que manipularam as informações e obtiveram apoio popular.
Da
mesma forma, a derrubada de Fernando Collor de Mello manteve os antigos patrões
do Brasil no poder. Portanto, quais seriam os instrumentos legais e
institucionais, os suportes políticos, financeiros e populares para iniciar um
processo de deposição do Bolsonaro?
O
setor econômico concretizou quase toda a agenda neoliberal em reformas contra
os interesses dos trabalhadores. Embora Bolsonaro esteja desgastado com o
Congresso Nacional, o seu projeto econômico recebe apoio total dos
parlamentares, em sua maioria, serviçais do empresariado. Assim, o governo
Bolsonaro não agrediu interesses das elites econômica e financeira para
justificar a sua deposição.
Por
sua vez, as forças armadas somente agem como braço armado dessas elites. Não há
exceção na história brasileira. O suporte popular para a derrubada do
presidente, também não existe. A população brasileira ainda é refém de uma
imprensa que, diretamente ou indiretamente, alerta que uma revolta da "sociedade
civil" pode trazer o PT de volta ao poder. São anos e anos de uma pregação
contra o Partido dos Trabalhadores que produziu completa apatia e/ou aversão
popular em relação às lutas sociais.
Alguns
veículos da imprensa falam sobre a remota possibilidade de acordo entre parte
da direita, com partidos de centro-esquerda ou esquerda, como o PT e o PSOL.
Caso se concretize, quais as condições para tal aliança? O que cederíamos em
troca do apoio de parte da direita a uma candidatura de centro-esquerda?
Historicamente,
os senhores do país nunca cederam quanto à condição de privilegiados, cujo
poder social se baseia na exploração das camadas populares.
A
aliança seria consolidada, então, com os partidos de esquerda abdicando das
suas lutas? Qual o propósito em apoiarmos lideranças como Lula, se desistirem
das pautas históricas que simbolizam?
Uma
possível aliança com setores poderosos, para retirar Bolsonaro do poder, que
conduza o General Mourão ao cargo de Presidente, incluiria a derrubada de todas
as reformas implementadas nos últimos anos, que destruíram a legislação
garantidora dos direitos sociais básicos da população trabalhadora?
Não
vejo justificativa e nem motivo para lutar pelo impeachment se o novo governo
não derrubar a “PEC do fim do mundo”, rever os destinos dos recursos do pré-sal
em favor da saúde e da educação, além de retomar a autonomia brasileira sobre
esses gigantescos reservatórios de petróleo.
Não
há sentido em apoiar o *_#ForaBolsonaro_* se continuarmos sob a legislação
implementada pela reforma trabalhista, que gerou os escravos do século XXI.
Poderíamos
apoiar um novo governo de coalização política que não retomasse a valorização
do salário mínimo, o combate aos desmatamentos e às invasões de terra pelos
grileiros e latifundiários? Enfim, são tantos questionamentos...
O
*_#ForaBolsonaro_*, na conjuntura atual, atende à própria direita ao retirar da
cena política uma figura que, pelo seu comportamento incompatível com o cargo
que ocupa, atrapalha a agenda conservadora, iniciada com a posse do Michel
Temer. A saída do Bolsonaro é pauta da esquerda ou da direita?
A
luta em favor do *_#ForaBolsonaro_* pode ser justificada com a falsa certeza de
que seria o primeiro passo de uma série de transformações. No entanto, me
lembro do recente argumento a favor de golpe de 2016: “primeiro, tiramos a
Dilma”, depois tirariam os outros. O desdobramento dos acontecimentos desmente
isso. O PT foi retirado do poder e os mesmos donos do Brasil permaneceram
comandando os governos Temer e Bolsonaro.
A
queda do Presidente resultaria na posse do vice, que já demonstrou maior poder
de articulação e total adesão ao conservadorismo como base para o Governo
Federal. Portanto, qualquer movimento para a derrubada do Bolsonaro, deve ser
baseado no retorno do povo como principal preocupação do Governo Federal. Sem
isso, o *impeachment se resumiria a uma reordenação das forças conservadoras,
com o apoio da esquerda, e a manutenção do projeto neoliberal iniciado por
Michel Temer*.
*Devemos
permanecer em luta para derrubar todo o governo atual e o seu programa
neoliberal.*
Cristiano
Fádel
Professor
e jornalista
MTE
5707/BA
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro