E DAÍ SE, DE JOELHOS; MORRAM POBRES OPRIMIDOS?
Submeter
de joelhos, na História da humanidade, sempre esteve ligado à dominação. Tanto
pode a pessoa se submeter voluntariamente quanto em vista da força de um
adversário ou inimigo. Nestes casos, a genuflexão é involuntária. Ajoelha-se
“voluntariamente” por devoção ao se demonstrar submissão ou subserviência
diante do sagrado ou de uma divindade. Em qualquer dos casos, este gesto tanto
pode representar humildade, de quem assume sua condição inferior, diante de
Deus ou de um Rei, quanto pode significar humilhação, nos casos de demonstração
de força e poder.
A
foto de trabalhadoras ajoelhadas em frente a seus locais de trabalho circulou
em todas as redes. Amordaçadas pela pandemia da guerra biológica, de joelhos,
braços cruzados à frente ou atrás, olhando para o chão. Todos os signos da
imagem expõem a condição vexatória de um prisioneiro de guerra em franca
humilhação. A comparação com prisioneiros de grupos terroristas veio-me com um
misto de indignação e tristeza. Na imagem dos prisioneiros de guerra, vemos
homens igualmente fardados na mesma posição degradante. Sabemos quem são seus
algozes, um deles, embora mascarado lá está à esquerda para executar a
sentença. Quem são os algozes destas moças em um país falsamente democrático?
O
que não se discute é que ambas as imagens atentam contra os direitos humanos.
De joelhos entregamos nossa autonomia, nossa dignidade, nosso corpo e nosso
espírito a forças que nos transcendem, contra quem nada podemos. Se os homens
prisioneiros de guerra perdem ali sua vida, as moças nas mãos do poder
econômico têm sobre o pescoço a adaga afiada do corte do desemprego. A
imposição dos joelhos só se pode entender como uma ameaça. Os mesmos patrões
que foram as ruas em carreatas, alardeando um falso patriotismo, esbravejando
com ferocidade para que voltem seus escravos ao trabalho, não tiveram a
dignidade ética de eles se ajoelharem nesse falso protesto. Preferem expor a
todos a força e o poder do mundo do Capital.
Seu
protesto é uma sentença em tempos de pandemia. Fazem coro com o cínico “E Daí?”
que vem de seu presidente. Poucos lhes importa a sorte destas pessoas, pouco
lhes importa se nesta guerra biológica, que põe de joelhos igualmente muitas
nações, que morram estas ou aquelas, importa-lhes tão somente que diante desta
crise fique de pé, e não de joelhos, seu império. E daí que tantos morram, e
daí que haja pobres, e daí se não trabalhem por estar desempregados, acossados
pela fome. E daí? Nada importa. Sempre foi esta a postura do sistema
capitalista. O desdém e o cinismo, regados com a hipocrisia das pretensas
caridades, sempre estarão dispostos a pôr de joelhos os fracos, os oprimidos e
a classe trabalhadora.
Edilberto
C. – Educador Sim
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro