DIREITA X
ESQUERDA
CONSCIÊNCIA DE CLASSE X ALIENAÇÃO
(Elias de França
- Crateús - Ce)
A dicotomia
direita x esquerda não é responsável pela divisão da sociedade. Ao contrário, é
uma consequência dessa divisão/estratificação. Todas as formas de sociedade que
existiram e que puderam ser conhecidas por nós, hoje, apresentavam grandes
segregações sob diversos pretextos: por nacionalidade, clã, credo, raça,
cultura, status social (no Feudalismo) e, a partir dos tempos pós iluministas,
perfil econômico.
Girondinos e
Jacobinos (que deram origem a tal dicotomia durante a revolução francesa, em
função do lado em que sentavam no parlamento) eram ambos partidos
revolucionários, norteados por ideais iluministas e que depuseram o rei Luís
XVI, mas, no ensejo em que ocuparam o poder, guilhotinaram uns aos outros,
deixando o governo com o tirano Napoleão Bonaparte, que saiu matando a
tudo e a todos, mundo a fora, em nome do liberalismo econômico. Mas o que
distinguia mesmo jacobinos e girondinos era sua respectiva classe social, em
que estes representavam a elite econômica (alta burguesia), enquanto aqueles a
plebe, os artistas e artesãos.
A sociedade
brasileira, como todas as outras, é completamente dividida, fundamentalmente
pelo perfil econômico de seus cidadãos e - pior - apresentando, nos dias
atuais, polaridades esdrúxulas até, como sul/sudestinos x norte/nordestinos,
cristãos fundamentalistas x cristãos progressistas/não cristãos, LGBTIs x
heterossexuais, "coxinhas" x "mortadelas", militares x
civis...
Assumir posicionamento
classista de direita ou de esquerda, pois, nada mais é do que manifestar-se
conscientemente quanto a sua pertença de classe social. Tal consciência ou
alienação dessa pertença é que define politicamente as bandeiras de cada um. A
pessoa alienada de sua pertença tende a assumir a defesa de bandeiras
contrárias aos interesses de sua classe social. Neste grupo podemos situar os
trabalhadores que apoiaram o golpe/2016, a quem o saudoso Tim Maia definiria
como "pobres de direita". Já os que tem consciência de sua pertença
classista costumam posicionarem-se politicamente empunhando suas causas,
pleitos e reivindicações ao clamor de suas necessidades socioeconômicas, sem se
deixarem levar pelas manipulações midiáticas ou do senso comum.
A consciência, pois,
é o luzeiro da ação política do sujeito histórico. Para tanto, há que ser
construída nos parâmetros da criticidade, o ser social se reconhecendo em
pertença, atuando no mundo com os seus, transformando a realidade. Sob a ótica
do grande Paulo Freire, CONSCIÊNCIA com AÇÃO equivale a CONSCIENTIZAÇÃO,
perceber-se e reconhecer-se quem se é, com quem e onde é, para, daí,
desenvolver em utopia o ideal do onde chegar e, com os seus pares, fazer
acontecer.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro