domingo, 12 de abril de 2020

Direita X Esquerda * Elias de França - CE


DIREITA X ESQUERDA
CONSCIÊNCIA DE CLASSE X ALIENAÇÃO
(Elias de França - Crateús - Ce)

A dicotomia direita x esquerda não é responsável pela divisão da sociedade. Ao contrário, é uma consequência dessa divisão/estratificação. Todas as formas de sociedade que existiram e que puderam ser conhecidas por nós, hoje, apresentavam grandes segregações sob diversos pretextos: por nacionalidade, clã, credo, raça, cultura, status social (no Feudalismo) e, a partir dos tempos pós iluministas, perfil econômico.

Girondinos e Jacobinos (que deram origem a tal dicotomia durante a revolução francesa, em função do lado em que sentavam no parlamento) eram ambos partidos revolucionários, norteados por ideais iluministas e que depuseram o rei Luís XVI, mas, no ensejo em que ocuparam o poder, guilhotinaram uns aos outros, deixando o governo com o tirano Napoleão Bonaparte, que saiu matando  a tudo e a todos, mundo a fora, em nome do liberalismo econômico. Mas o que distinguia mesmo jacobinos e girondinos era sua respectiva classe social, em que estes representavam a elite econômica (alta burguesia), enquanto aqueles a plebe, os artistas e artesãos.

A sociedade brasileira, como todas as outras, é completamente dividida, fundamentalmente pelo perfil econômico de seus cidadãos e - pior - apresentando, nos dias atuais, polaridades esdrúxulas até, como sul/sudestinos x norte/nordestinos, cristãos fundamentalistas x cristãos progressistas/não cristãos, LGBTIs x heterossexuais, "coxinhas" x "mortadelas", militares x civis...

Assumir posicionamento classista de direita ou de esquerda, pois, nada mais é do que manifestar-se conscientemente quanto a sua pertença de classe social. Tal consciência ou alienação dessa pertença é que define politicamente as bandeiras de cada um. A pessoa alienada de sua pertença tende a assumir a defesa de bandeiras contrárias aos interesses de sua classe social. Neste grupo podemos situar os trabalhadores que apoiaram o golpe/2016, a quem o saudoso Tim Maia definiria como "pobres de direita". Já os que tem consciência de sua pertença classista costumam posicionarem-se politicamente empunhando suas causas, pleitos e reivindicações ao clamor de suas necessidades socioeconômicas, sem se deixarem levar pelas manipulações midiáticas ou do senso comum.

A consciência, pois, é o luzeiro da ação política do sujeito histórico. Para tanto,  há que ser construída nos parâmetros da criticidade, o ser social se reconhecendo em pertença, atuando no mundo com os seus, transformando a realidade. Sob a ótica do grande Paulo Freire, CONSCIÊNCIA com AÇÃO equivale a CONSCIENTIZAÇÃO, perceber-se e reconhecer-se quem se é, com quem e onde é, para, daí, desenvolver em utopia o ideal do onde chegar e, com os seus pares, fazer acontecer.

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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro