A renúncia
de Sérgio Moro e a crise de governabilidade burguesa no Brasil
O “super-ministro” da justiça do governo Bolsonaro,
Sérgio Moro, anunciou hoje
sua saída do cargo, numa coletiva de imprensa, na sede do Ministério da
Justiça. A renúncia se deu após Bolsonaro exonerar Maurício Valeixo, do cargo
de diretor-geral da Polícia Federal (PF) à revelia de Moro.
Moro
atacou duramente Bolsonaro, acusando-o de interferência política na PF e de
pretender ter acesso a dados investigativos da instituição. Sérgio Moro foi
figura decisiva para a consolidação do golpe de Estado contra a presidenta
Dilma Rousseff em 2016, através do chamado Lawfere (golpe por vias judiciárias)
comandando a famigerada operação Lava Jato; e pela chegada à presidência da
República, da figura de Jair Bolsonaro, depois de tirar da disputa presidencial
o então pré-candidato favorito ao pleito, Lula da Silva através de sua prisão
criminosa.
Importante
frisar que Moro é um pré-posto da CIA e do Departamento de Justiça dos Estados
Unidos no Brasil, como as recentes revelações do site The Intercept
Brasil confirmaram. Portanto, o “Batman” de Maringa era até então, um dos
principais representantes do imperialismo no governo entreguista de Bolsonaro.
A
decisão de Bolsonaro pela exoneração do até então “chefão” da PF, foi tomada
após o Procurador Geral da República (PGR) Augusto Aras, pedir ao Supremo
Tribunal Federal (STF), que abrisse inquérito e acionasse a PF para investigar
quais as lideranças que convocaram os atos bolsonaristas do último final de
semana, atacando o STF, Congresso Nacional e pediram intervenção militar. No
último dia 21 o ministro do STF, Alexandre de Moraes, atendeu o pedido da PGR
de abertura de inquérito, que pode chegar à rede de Fake News financiada por
empresários ligados a Bolsonaro e comandado por seu filho Eduardo.
Segundo
matéria do site de notícias Uol:
“Na cabeça de Jair Bolsonaro, não faltam
motivos para tirar Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia
Federal. Para agentes com acesso ao alto escalão da PF, porém, algumas das
causas mais fortes estão ligadas às investigações que fustigam o filho 03, o
deputado Eduardo Bolsonaro [PSL-SP]” (Uol notícias, 24-04).
Ainda
de acordo com o Uol:
“Carlos Bolsonaro, por seu envolvimento com o chamado ‘gabinete
do ódio’, e Flávio Bolsonaro, pelo caso Queiroz, também estão na mira da PF” (idem).
Aras
também pediu hoje, segundo o jornal O Globo, inquérito contra o próprio
Bolsonaro por intervenção na PF. O que vai ficando claro é que, Bolsonaro e sua
famiglia, após realizarem até onde puderam todo o serviço sujo para o grande
capital, estão sendo rifados pela burguesia e podem estar entrando já no
próximo período, nas filas dos cárceres para verem o “Sol nascer quadrado”,
haja vista que pelo histórico de crimes escandalosos cometidos, seriam mais
úteis aos seus patrões presos, para salvar a mítica justiça burguesa.
O
avanço mortal do covid-19 sobre o país, que já contagiou mais de 50 mil pessoas
e matou outras 3408, potencializada pelo agravamento da crise econômica,
marcada pela super fuga de capitais, desinvestimentos, queda brutal no preço do
petróleo, das matérias primas e um boom no número de desempregados e famintos, torna
explosiva a conjuntura política interna. A verdadeira guerra intestinal que
envolvem o Planalto, STF, PGR, Congresso, Forças Armadas, governadores, grande
imprensa e etc., é a ponta do iceberg que expressa a profunda crise no seio da
burguesia.
Ou
seja, estamos diante de uma grave crise de governabilidade burguesa, onde uma
junta militar capitaneada pelo ministro da Casa Civil, o general Walter Braga
Neto, assumiram de fato o papel da presidência da república, cabendo ao
miliciano lúmpen Jair Bolsonaro a função de simples figura puramente
decorativa, prestes a ser descartado.
O
agravamento da conjuntura política, o acirramento da crise no coração das
principais instituições do Estado burguês, pode levar já nos próximos dias, a
um acordo nas cúpulas das classes dirigentes, obrigando a renúncia de Bolsonaro
e garantindo a posse do general Mourão, mas mantendo o governo de fato nas mãos
da junta militar dirigida por Braga Neto. Não podemos descartar de forma
alguma, a possibilidade real de um fechamento aberto do regime, para garantir
às mínimas condições de estabilidade política necessária a acumulação
capitalista. A falta de protagonismo do proletariado na arena política, permite
um grande acordão por cima entre os representantes dos capitalistas.
Diante
da gravidade da situação, torna-se cada vez mais escandalosa a paralisia
covarde das centrais sindicais, que assistem de camarote o completo desmonte do
seguro social no país. A crise capitalista se torna mais dramática, pois a
burguesia leva adiante uma política de terra arrasada contra os trabalhadores,
que de fato, fará morrer de fome seus escravos assalariados, uma verdadeira
catástrofe.
A
classe trabalhadora brasileira precisa por em marcha, uma verdadeira política
de mobilização nacional, com um programa revolucionário, contra a barbárie
capitalista a todo o vapor. É preciso um programa de lutas concreto, exigindo o
cancelamento do pagamento da dívida pública, estatização do sistema financeiro,
controle operário das empresas que demitirem, redução da jornada de trabalho, a
criação de uma renda aos desempregados e subempregados, um plano de emergência
nacional dirigido pelos trabalhadores, etc. Mais uma vez denunciamos o papel
criminoso do oportunismo, expressado no acordo costurado por Lula e o PT,
centrais sindicais e setores da “esquerda” eleitoreira, com figuras como Dória,
Witzel, Rodrigo Maia e asseclas, convidados por esses traidores, para jogarem
areia nos olhos dos trabalhadores no Primeiro de Maio.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro