terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Subterrâneos da liberdade, uma obra clássica universal * Pedro Cesar Batista - DF

 Subterrâneos da liberdade, uma obra clássica universal

Pedro César Batista.DF


Homenagem aos 175 anos do Manifesto Comunista

 

Neste carnaval, de 2023, o primeiro depois de uma cruel pandemia, com um governo fascista e genocida, dediquei-me a concluir a concluir a leitura de Subterrâneos da liberdade, de Jorge Amado.  


O autor baiano foi um gigante das letras, chegou a ser deputado constituinte pelo Partido Comunista do Brasil – PCB, em 1946. Deixou uma bibliografia que sua leitura possibilita conhecer a autêntica idiossincrasia nacional, com seus recortes regionais, na maioria dos títulos. A luta pela terra para morar, em Salvador, ou para trabalhar e viver no enfrentamento ao latifúndio junta-se ao amor de Gabriela, D. Flor, Capitães de Areia e tantos outros, entre as dezenas de romances que escreveu.


Ler Subterrâneos da Liberdade no momento atual foi como se vivesse esse tempo. Um tempo sem fim, com suas contradições e repetições, como tragédia ou comédia, como Marx destacou sobre as fases da história. As semelhanças com os dias atuais são evidentes. Seja pela postura criminosa e desumana de setores da sociedade, pelo oportunismo e traição de certos grupos que se autointitulam de esquerda ou o compromisso que ainda se vê em certos grupos e ativistas revolucionários, lobos solitários ou não, mas que seguem confiantes que é possível construir uma sociedade socialista, especialmente ao mirarem-se em exemplos de outros povos.


O autogolpe de Getúlio Vargas, em 1937, com a implantação do Estado Novo não pegou ninguém de surpresa. O romance mostra uma atualidade assombrosa. Jânio Quadros tentou repetir o mesmo, não conseguiu. Bolsonaro repetiu o gesto e ainda segue organizando suas milícias fascistas com esta finalidade.


O livro tem como personagem central o Cavaleiro da Esperança, Luís Carlos Prestes, que esteve preso entre 1935 e 1945, e somente aparece nas últimas páginas do último volume, quando realizam seu julgamento público. A burguesia nacional, sócia dos EUA, que dava as ordens na polícia política do Estado Novo, definiu que Prestes seria o único a ter o julgamento público e aberto aos populares. Era preciso desmoraliza-lo, mostrar ao povo que ele era um criminoso comum, com as acusações forjadas que o acusavam, assim, acreditaram que ele teria sua moral destruída para sempre. O que nunca conseguiram, nem conseguirão, apesar de que as mentiras contra os comunistas seguem sendo propagadas atualmente como fizeram em toda a história nacional e mundial.


Subterrâneos da liberdade traz fatos históricos universais, como a Guerra Civil espanhola, a ocupação da Tchecoslováquia por Hitler, depois de ser entregue pela França e a Inglaterra. O acordo de não agressão entre a URSS e a Alemanha e o debate que isso provocou dentro do partido. A posição dos EUA e demais países ocidentais em apoio ao nazismo, que eles afirmavam ser necessários para livrar a humanidade dos comunistas, Os crimes dos nazifascistas assassinando famílias inteiras na Espanha. Um período muito parecido com os tempos atuais, como a propagação em apoio aos nazistas ucranianos.


A resistência revolucionária dos militantes do PCB, abnegados e dedicados a libertação e emancipação humana, enfrentando a fome, a perseguição, a violência, covarde e desumana dos cachorros do Estado Novo, capazes de açoitar bebes na frente do pai, enquanto a mãe era estuprada seguidamente pelos policiais; o enforcamento de Claudionor pelo fazendeiro, para que os lavradores não mais lutassem pelas terras; o assassinato de Inácia, esmagada pelas patas dos cavalos junto com o bebe que carregava na barriga; o arquiteto famoso tentando salva-la e o companheiro da bela negra, Dorothéu, tocava para Inácia, com sua gaita, a Internacional, enquanto ela sorria e dava seus últimos suspiros, antes de falecer. Ao mesmo tempo, em um luxuoso hotel, de frente a praia em Santos, a festa a fantasia para o Ministro do Trabalho, organizada pela elite paulista seguia comemorando a violência da polícia, que deixara quase uma dezena de mortos entre os grevistas.


A ousadia, a coragem, a dignidade dos comunistas brasileiros, diante de toda violência e crueldade impostas pela burguesia e os latifundiários, que sustentavam o Estado Novo, não os desencorajavam, nem desanimavam, nem os impedia de seguir organizando, estudando e propagando uma nova sociedade, comunista, baseada no exemplo do que era a URSS, liderada por Josef Stalin. A ousadia e disposição revolucionária deixava os lacaios do imperialismo mais violentos.

A pequena burguesia e a intelectualidade, com seus luxos sustentados por banqueiros, sócios dos EUA ou de aventureiros aliados a Hitler, oriundos do meio do povo, evidenciavam a falta de caráter, humanidade e a estupidez reinante entre os carreiristas e oportunistas, preocupados em ganhar dinheiro, status e manter seus privilégios. As festas, os bacanais e a orgia reinante entre eles, os casamentos de interesse, a compra e venda de atos e decisões do Estado a partir das ordens dos donos de riquezas.


O romance não deixa de mostrar que a base de toda ação revolucionária dos comunistas é o amor. Amor pelo povo, amor entre os seus familiares, a família comunista, homens e mulheres, que priorizam o trabalho permanente, arriscado, mortal e penoso para organizar e conscientizar os trabalhadores para efetivar a conquista da plena dignidade humana, a emancipação verdadeira, baseada no amor, na justiça e no respeito pelo entre a espécie humana. 


Zé Gonçalo, o gigante, negro condenado a muitos anos de prisão por defender o povo indígena na Bahia, seguiu para a floresta no Mato Grosso, onde organizou os caboclos e enfrentou a violência do latifúndio. No romance recomeça sua militância em São Paulo, seguindo sua jornada gloriosa e revolucionária, ao atuar na reorganização de um núcleo de base em uma célula de bairro.

Ruivo, perdeu um pulmão para a tuberculose, sempre febril, mas nunca desistiu, nem quando sofreu as mais cruéis torturas da polícia do DOPS. Tranquilo, um dirigente que encantava todos. Mesmo doente foi transferido com outros revolucionários para a prisão em Fernando de Noronha.


Mariana, viu seu pai, operário militante, morrer em seus braços. Com ele e sua mãe aprendeu cedo a importância da disciplina, da dedicação e a importância dos estudos. A única a conseguir se manter na clandestinidade, sem ser presa, até a última páginas, quando, durante o julgamento de Prestes, quem nunca havia visto pessoalmente, depois de um forte discurso do Cavaleiro da Esperança saudando o 20º aniversário da Revolução Russa, que deixou a polícia e o juiz completamente atordoados, restando-lhes sempre a violência que despejaram contra Prestes, ela grita um Viva Luís Carlos Prestes. 


A bravura dos comunistas, que, mesmo enfrentando as mais duras adversidades, nunca deixaram de combater pela dignidade humana. O romance também a superficialidade e mesquinhez da pequena burguesia, preocupada com os salões de festas, champanhe, luxos e em garantir que a violência contra o povo não coloque em risco seus privilégios.


Subterrâneos da liberdade é uma leitura obrigatória para entender como a negação da luta revolucionária se apoderou de grupos ditos de esquerda, pequenos burgueses, que agem de acordo com o programado pelos verdadeiros donos do poder, o imperialismo e seus agentes internos.


Se Jorge Amado renegou o livro, o problema é dele, pois esta obra é magnifica, gloriosa, um clássico da literatura universal, sintetiza a resistência e utopia de todos os povos na busca da plena liberdade, da verdadeira dignidade e emancipação humana. 


Viva Luís Carlos Prestes!


PS. Subterrâneos da liberdade é um romance, ficção que reproduz a realidade de um período de 5 anos do Estado Novo, mas que tem tudo a ver com os dias atuais. Leitura necessária.


O AUTOR

PEDRO CESAR BATISTA

jornalista, escritor e poeta. Secretário Executivo do Comitê Antiimperialista General Abreu e Lima. E-mail: pcbatis@gmail.com

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domingo, 19 de fevereiro de 2023

Uma reflexão de Félix Varela sobre a independência de Cuba * Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva / Cuba

Uma reflexão de Félix Varela sobre a independência de Cuba
Havana no século XIX (1851)
Acesso em 13/01/22.

Nota sobre o autor e seu documento

Formação intelectual do autor

Félix Varela nasceu em Havana em 1788. Órfão, foi criado pelo avô que em 1791 tornou-se governador de San Agustín de La Florida, à época uma circunscrição da Capitania Geral de Cuba.

Naquele local, iniciou, em 1794, os seus estudos de música, gramática, latim e humanidades, sob a orientação do padre irlandês Michael O´Reilly, homem de formação humanista, erudito e respeitado pelas suas virtudes.

Varela retornou a Havana em 1801 e matriculou-se no Real e Conciliar Colégio Seminário de São Carlos e Santo Ambrósio, com o objetivo de tornar-se sacerdote.

No ano seguinte, chegou a Havana o bispo Juan José Díaz de Espada y Fernández de Landa, formado no ideário iluminista na sua versão espanhola. O prelado iniciou suas práticas reformistas pelo Seminário São Carlos e influenciou decisivamente o jovem seminarista.

Os estudos formais de Varela foram desenvolvidos com constância e intensidade tanto no Seminário São Carlos quanto na Universidade de São Jerônimo. As duas instituições possuíam orientações filosóficas distintas. O Seminário estava imbuído das ideias iluministas e a Universidade se orientava na antiga Escolástica. O Seminário, diocesano, orientava-se pelo bispado; a Universidade seguia a orientação da Ordem dos Predicadores.

Em 1803, concluiu seus estudos de Latinidade e iniciou os de Filosofia. No ano seguinte, enquanto desenvolvia o curso no Seminário, iniciava estudos na Universidade. Em 1806, obteve o bacharelado em Filosofia e Artes pela Universidade. No Seminário, iniciou o curso de Teologia. Em 1807, tornou-se licenciado em Filosofia pela Universidade e no ano subsequente, bacharel em Teologia no Seminário e na Universidade.

A conclusão da preparação intelectual e espiritual ocorreu em 1811. Foi ordenado sacerdote na catedral de Havana, aos 23 anos, pelo bispo Espada com quem partilhou a noção de um catolicismo humanista e ilustrado.

O jovem sacerdote sempre esteve em sintonia com o pensamento filosófico do seu tempo. Para ele, a Filosofia Eclética ou Eletiva deveria substituir a velha e decadente Escolástica.

O autor se inclina para o magistério

Desde cedo, inclinou-se para o ensino. A cultura e erudição de Varela ampliavam a despeito de ser ainda muito jovem. Percebeu a necessidade de popularizar a educação com a inclusão das mulheres e demonstrou a importância do cultivo da língua espanhola e de sua utilização como instrumento de instrução geral.

Valorizou o ensino da música para a formação integral da criança e do jovem. Defendeu o ponto de vista da inclusão dos experimentos nos estudos científicos e da valoração positiva do trabalho manual.

Com tantos instrumentos mentais e espirituais, o jovem presbítero assumiu a Cátedra de Filosofia do Seminário São Carlos, em 1811, sob a aprovação do bispo Espada. Dirigiu a Cátedra até 1820 quando assumiu a de Constituição.

A Espanha, em 1812, foi tomada por uma onda liberal e constitucionalista. Era uma tentativa de amalgamar a tradição hispânica com o substrato iluminista então na moda.

Dedicou-se, por essa época, a desenvolver uma nova metodologia de ensino, fundamentada na racionalização, explicação e experimentação.

Retornando à Espanha, em 1814, Fernando VII revogou a Constituição de 1812, declarou sem validade as medidas aprovadas pelas Cortes de Cádiz e restaurou o absolutismo monárquico.

Mesmo com as condições políticas por ora adversas, Varela continuou produzindo o seu próprio material de estudo. Em seu afã inovador, o jovem professor construiu diversos instrumentos para o Laboratório de Física e Química, organizado por ele no Seminário.

Varela, que filosoficamente se alinhou, de algum modo, aos utilitaristas, baniu do Seminário a Escolástica decadente que ainda continuava predominante na Universidade. Entretanto, sua atuação pedagógica não se restringiu às suas aulas no Seminário. Orientava os jovens, aos quais estava muito ligado, ministrando aulas gratuitas àqueles mais pobres, que não podiam dedicar-se aos estudos formais.

Não me equivoco ao dizer que Varela distanciou-se da Lógica aristotélica, sem abandoná-la totalmente, tentando construir um sincretismo com o empirismo de Condilac e de Destutt de Tracy.

No âmbito da prática do ensino, preocupou-se, antes de tudo, em ensinar seus alunos a pensar. Não cultivou a Ontologia por acreditar que ela estivesse tomada pela especulação carente de utilidade. Admitiu, porém, os estudos tradicionais escolástico-tomistas de ética, psicologia racional e teodiceia.

Como homem do Iluminismo, não se satisfez com a simples especulação filosófica. Desenvolveu estudos científicos e técnicos alicerçados na experimentação. Finalmente, defendeu a formação integral da pessoa que incluía as facetas científica, estética, filosófica, jurídica e religiosa.

A Cátedra de Constituição e a predisposição do autor para a política

Por volta de 1820, uma nova onda liberal cobriu a Espanha. Imediatamente suas repercussões alcançaram Cuba. Seguiu-se intensa movimentação política com a atuação de diversas agremiações que, até então, viviam na clandestinidade.

Entre outras, ressaltam-se as sociedades maçônicas. No âmbito da euforia liberal chegaram a Cuba orientações metropolitanas no sentido que se criasse uma Cátedra de Constituição.

Coube ao bispo Espada assumir o encargo da estruturação da Cátedra no Seminário. A Universidade foi, portanto, preterida em razão de suas posições reconhecidamente conservadoras e, àquela altura, pode-se dizer, retrógradas.

Por indicação do bispo Espada, Varela se apresentou ao concurso pelo qual se escolheria o titular da mencionada Cátedra.

Aprovado, Varela assumiu a nova função acadêmica. O curso idealizado por ele transcendia as considerações sobre a Constituição de 1812 e abarcava, de modo amplo, o Direito Constitucional.

No exercício da nova Cátedra, o sacerdote-professor teve a oportunidade de reafirmar suas concepções sobre igualdade, explosiva numa sociedade escravista e estratificada; soberania, relacionada à liberdade; justificação do sistema unicameral, como meio de evitar privilégios aristocráticos e oligárquicos.

A Cátedra de Constituição e o trabalho nela desenvolvido criaram as condições para que o nome de Varela fosse apreciado como candidato a deputado, por Havana, às Cortes da Espanha. O bispo Espada estimulou Varela a se apresentar como candidato.

As eleições ocorreram em 13 de março de 1821. Eleito deputado, Varela viajou para a Espanha no dia 28 de abril, chegando a Madri em 12 de julho. Nunca mais retornou a Cuba.

No Parlamento espanhol, o padre-deputado participou da discussão de diversos temas. Entre eles: o projeto de instrução para o governo econômico-político das províncias de ultramar e o projeto sobre o reconhecimento da independência dos territórios espanhóis na América.

Na verdade, Varela defendeu a constituição de uma comunidade hispânica de nações, advogando maior autonomia política e econômica para as colônias espanholas na América. Foi um entusiasta do jornalismo e das sociedades patrióticas como veículos de difusão e complementação das reformas necessárias às colônias.

A dissolução das Cortes espanholas ocorreu em razão do retrocesso político europeu, consubstanciado no ideário do Congresso de Viena e na força do seu braço armado, a Santa Aliança.

A invasão do território espanhol pelas tropas francesas obrigou o traslado das Cortes, de Madri para Sevilha, e, em seguida, para Cádiz. O governo absolutista, então restaurado, proferiu sentenças sumárias de confisco de bens e pena de morte para deputados acusados de traição.

Varela e outros 65 deputados – entre eles seus compatriotas Tomás Gener e Leonardo Santos Suárez – solicitaram a renúncia de Fernando VII ao trono espanhol e, por isso, foram sumariamente condenados à morte.

A condenação à morte do autor e o seu exílio nos Estados Unidos

Os deputados cubanos refugiaram-se em Gibraltar, território inglês, e, em seguida, embarcaram para os Estados Unidos, chegando a Nova York no dia 15 de dezembro. Varela contava então 35 anos de idade.

Em Nova York, procurou amigos e antigos alunos, geralmente separatistas, para estabelecer seus primeiros contatos na cidade. Em virtude das baixas temperaturas e excessiva umidade, para atenuar suas crises de asma, deslocou-se para Filadélfia, onde o clima era mais ameno.

Filadélfia era à época, uma das cidades de maior destaque nos Estados Unidos. Ali se instalou em 1824, época em que iniciou suas gestões para retomar, nos Estados Unidos, seus trabalhos pastorais.

Àquela altura, iniciou a edição do El Habanero, papel político, científico y literário, elaborado para circular clandestinamente em Havana.

As circunstâncias vividas por Varela na Espanha alteraram definitivamente a trajetória do seu pensamento político. Embora tenha saído de Havana para Madri, defendendo ideias autonomistas, chegou a Nova York convencido da necessidade de fazer de Cuba uma nação independente.

Em busca de uma alternativa radical e definitiva para interromper a difusão das ideias independentistas, a administração da Capitania Geral de Cuba contratou o matador profissional, conhecido como Tuerto Morejón, para assassinar Varela.

O projeto do assassinato fracassou pela incompetência do matador associada à assistência que Varela recebeu dos imigrantes irlandeses a quem assistia pastoralmente.

Varela foi procurado por Joel Robert Poinsett para discutir a possibilidade da anexação de Cuba aos Estados Unidos. Manifestou-se intransigentemente favorável à independência absoluta da Ilha, por meio de uma luta política efetuada pelos cubanos.

A atuação pastoral de Varela e a sua luta pela independência de Cuba no exílio

Para Varela, o zelo pastoral e a prática das virtudes cristãs não eram incompatíveis com o exercício das questões intelectuais e políticas.

Por estas razões, nunca deixou de estudar, escrever e difundir suas reflexões. Em decorrência de suas profundas ligações com Cuba, recusou a cidadania norte-americana.

Seu dinamismo, espiritualidade e zelo pastoral imprimiram à sua carreira eclesiástica uma ascensão crescente, demonstrada pela sua nomeação para o cargo de vigário-geral de Nova York.

Por volta de 1830, Varela foi apontado como possível candidato ao bispado de Nova York, desencadeando, assim, ampla rede de intrigas contra ele. No entrevero, envolveram-se o embaixador da Espanha nos Estados Unidos, o ministro de Estado espanhol de Assuntos Exteriores, o embaixador da Espanha no Vaticano e o ministro de Estado de Sua Santidade.

Varela, então, foi acusado de revolucionário e conspirador que manteria contatos com os rebeldes hispano-americanos com a intenção de arquitetar um articulado movimento sedicioso contra a Espanha.

Na verdade, o que se fez foi impedir que um cubano banido e condenado à morte pelo arbítrio do governo espanhol, fosse alçado à dignidade episcopal, exatamente num país estrangeiro e de maioria protestante.

Durante a epidemia do cólera que atingiu Nova York, Varela passou a se dedicar intensamente aos enfermos. No entanto, suas crises de asma agravaram-se pelo trabalho excessivo e pelo inverno rigoroso.

Em 13 de agosto de 1832, morreu em Havana o bispo Espada. Coincidentemente com a época em que perdeu o amigo e incentivador de juventude, Varela recusou o perdão outorgado pela Coroa espanhola, por considerar que não havia praticado nenhum crime durante a atuação constitucional desenvolvida na Espanha.

Pioneiramente, Varela fundou, em Nova York no ano de 1840, a primeira sociedade de católicos temperantes dos Estados Unidos, a “New York Catholic Temperance Association”, da qual se tornou presidente. Entre os objetivos da Associação, destaca-se a assistência aos alcoólatras, quase todos imigrantes irlandeses.

Varela, no Catholic Register, declarou-se em defesa do indígena norte-americano. Contudo, seria interessante indagar sobre as relações de Varela com o movimento abolicionista dos Estados Unidos. Provavelmente, não teria participado, pelo menos, ostensivamente, em defesa dos africanos e dos afro-descendentes.

Em 1841, Varela recebeu o grau de “Doctor of Sacred Theology (Doctor of Divinity)” outorgado pelo Saint Mary’s Seminary of Baltimore.

A debilidade física do autor e a sua morte em Santo Agostín de la Florida

A saúde de Varela deteriorava visivelmente. Em 1847, deslocou-se de Nova York em direção a Charleston em busca de um clima compatível com a recuperação de sua saúde. Em seguida, os mesmos motivos fizeram-no deslocar-se mais para o Sul, chegando a San Agustín de La Florida, local em que viveu a meninice ao lado do seu avô Bartolomé e da sua tia Rita.

Em retorno a Nova York, em 1848, foi procurado por Gaspar Betancourt Cisneros, “El Lugareño”, que tentou, sem êxito, a adesão do padre à causa anexionista. Novo comprometimento de sua saúde leva-o de volta a San Agustín. Em 1849, mais uma vez retornou a Nova York.

Tal qual nos anos 1832 e 1836, Nova York enfrentou, em 1849, mais uma tragédia causada pela epidemia do cólera. Varela lá estava. Desta vez, muito debilitado, dedicando suas parcas energias àqueles atingidos pela doença. O sacerdote voltou definitivamente à La Florida, no mesmo ano, aos 61 anos, debilitado e desprovido de qualquer recurso material.

Foi acolhido em San Agustín pelo pároco local, padre Edmond Aubril, que o acomodou num pequeno cômodo de madeira ao fundo da escola paroquial que funcionava ao lado do templo. Ali faleceu Varela em 1853.


Mapa da Ilha de Cuba feito em 1762. 
Fonte: Library of Congress. Acesso em: 13/01/2022.

Localização do documento na obra de Félix Varela

O texto documental ora apresentado integra El Habanero – Papel político, científico y literário, periódico editado nos Estados Unidos por Varela, entre 1824 e 1829, durante os seus primeiros anos de exílio.

Mais especificamente, “¿Necesita la isla de Cuba unirse a alguno de los gobiernos del continente americano para emancipase de España?” localiza-se no tomo I, nº 5, publicado em Nova York na Imprenta de Gray Bunce, em 1825.

Foram publicados sete números, todos no idioma espanhol. Três em Filadélfia e quatro em Nova York, perfazendo um total de 200 páginas.

Do último número, somente havia alguma referência. A despeito dos esforços, as gestões para sua localização foram infrutíferas até 1979, quando a Biblioteca da Universidade de Yale enviou uma cópia fotostática à Biblioteca Nacional de Cuba.

Entrando e circulando clandestinamente na Ilha, motivou a edição de uma Real Ordem de Fernando VII, proibindo sua difusão tanto na Espanha, quanto no que ainda restava de seu império colonial.

A historiografia cubana considera este periódico, pensado e dirigido aos habitantes de Cuba, como a primeira manifestação revolucionária da imprensa na Ilha.

A despeito de haver conclamado os cubanos a lutar pela liberdade, discordo da conotação de revolucionário dada ao seu pensamento, para situá-lo como um pensador progressista.

Na verdade, El Habanero foi o primeiro periódico cujo objetivo central era a luta pela independência, repudiando toda e qualquer forma de anexação a outras nações do continente com o objetivo de obtê-la e preservá-la.

Contextualizando o texto documental

Quanto às questões de natureza política, Cuba de um modo geral deve ser examinada no âmbito da conjuntura espanhola e europeia do primeiro quartel do século XIX.

No continente americano, o período é caracterizado pela turbulência política, que ensejou o processo da desagregação do império espanhol com as consequentes independências.

No plano interno cubano, as articulações políticas dos segmentos dominantes da Ilha expressaram algumas situações particulares que devem ser observadas e consideradas.

Em Cuba, adquire prestígio e se consolida o conceito de criollo antagonizando-se ao de peninsular, começando, assim, a manifestação de expectativas por um governo mais autônomo.

Se por um lado, o ideário da Revolução de 1789 excitou uma parcela da intelectualidade cubana; por outro, a invasão da Espanha pelas tropas de Bonaparte motivou na Ilha uma forte reação antifrancesa. Ao desembarcar em Cuba, um preposto de José Bonaparte foi vítima de enforcamento.

Ainda que não tenha ocorrido na Ilha uma guerra pela independência, nos moldes verificados em diversas regiões do continente, as turbulências na Hispano América proporcionaram sensíveis mudanças em Cuba.

A sua situação de presídio militar e de estação naval estratégica, ancorada numa economia monocultora e escravocrata de média densidade até então, foi fortemente robustecida em decorrência das guerras de independência e da desarticulação da produção açucareira haitiana.

Outros elementos integram o conjunto

Estas circunstâncias promoveram extraordinário crescimento da produção e do comércio de exportação, atiçando imagens e desejos por uma Cuba Libre.

Os segmentos mais significativos da sociedade cubana não possuíam unanimidade quanto ao futuro político da Ilha. O segmento peninsular que administrava a colônia e os comerciantes espanhóis não admitiam mudanças, devendo permanecer a chamada política de integridade nacional.

A elite criolla possuía reservas quanto à separação por temor de ver seus negócios em ruína. Admitia um governo autônomo sob a soberania da Espanha ou dos Estados Unidos. O anexionismo era justificado pela incapacidade cubana de se consolidar, política e economicamente, como Estado Nacional, sem o suporte de outra nação. O separatismo total era defendido apenas por um pequeno grupo de patriotas.

O Presidente Thomas Jefferson, que havia adquirido a Luisiana da França, manifestou-se em 1805 pela aquisição de Cuba e da Flórida. O Presidente James Polk, sem êxito, propôs à Espanha a compra de Ilha em 1848.

O regime político imposto a Cuba pela metrópole não foi objeto de grandes contestações após 1814, provavelmente em razão da prosperidade econômica ou de gestões adequadas como as de Juan José Ruiz de Apodaca y Eliza, José Cienfuegos e Alejandro Ramírez.

Após a independência do México em 1821, inaugura-se um período de inquietação na Ilha posto que Cuba, a despeito de ser uma Capitania Geral, esteve desde sempre ligada ao Vice-Reino da Nova Espanha.

As atividades políticas tornaram-se mais intensas e estavam fortemente vinculadas não somente às tensões entre liberais e absolutistas, como também reacenderam os conflitos entre criollos (que assumiram com ressalvas os ideais da revolução no continente) e peninsulares (que defendiam com intransigência a preservação do sistema vigente).

Um outro ingrediente juntou-se a este antagonismo. Soldados dos Exércitos Espanhóis derrotados pelos patriotas do continente, desembarcaram na Ilha introduzindo agitações, indisciplina, insegurança e anarquia.

Romantismo e desunião na Ilha beneficiam o frágil governo espanhol

O movimento político foi se tornando mais intenso contra o regime espanhol, dada a atuação das sociedades secretas como a “Soles y Rayos de Bolívar”, além das ações de conspiradores egressos da Colômbia e do México.

Àquela altura, ignorava-se o que poderia acontecer após o rompimento com a Espanha. Cuba poderia ser um Estado independente, uma província da Grã Colômbia, uma província do Estado mexicano ou um território pertencente aos Estados Unidos da América.

Entre 1823 e 1825, o governo espanhol reintroduz o absolutismo e o centralismo na administração insular e a Doutrina Monroe coloca-se como anteparo às pretensões europeias sobre a Ilha. Colocava-se um ponto final no sonho romântico da “Sociedad Soles y Rayos de Bolívar” de construir a República de Cubanacán ou República de la Isla Tropical.

E a Espanha ignorou os versos do jovem poeta cubano, José María Heredia, membro da referida sociedade secreta: “Que no en vano entre Cuba y España / tiende inmenso sus olas el mar” (“Não em vão entre Cuba e Espanha / O mar estende suas ondas imensas” – tradução livre).

A partir de 1825, com a concretização dos rompimentos ocorridos no continente, tanto Espanha quanto Cuba entram em outra conjuntura política e econômica cujo exame, no momento, não nos interessa para a compreensão deste documento de Félix Varela.

Algumas ideias deste escrito

Começa repetindo o que já havia escrito em número anterior do El Habanero: “… gostaria de ver Cuba tão ilha no político como o é na natureza” (tradução livre).

Assinala vantagens de Cuba se tornar independente por si mesma. Mas reconhece que muitos veem como absurdo o seu ponto de vista e defendem que a Ilha deve se separar da Espanha, juntando-se a outra nação.

Entende que as nações do continente utilizam alguma modalidade de protecionismo para defender seus interesses econômicos.

Princípio mais importante para Cuba: produzir em grande escala e trocar os frutos produzidos por produtos de todo o mundo, sem exceção e com o menor custo.

Compreende as limitações da Ilha e não vê próxima a autossuficiência, mas recomenda que se deve dar os primeiros passos.

Sendo parte de qualquer das nações continentais, Cuba teria a obrigação de contribuir para os encargos gerais; mas, sob a influência de um governo livre poderia avançar muito mais rapidamente.

Observa Cuba diante de uma Espanha debilitada e esgotada, que não tem nada a contribuir e que somente explora a Ilha.

Visão lúcida da conjuntura mais ampla

Varela vê a Santa Aliança impotente para defender Cuba da ameaça de qualquer nação do continente.

Considera desprovido de sentido qualquer congresso europeu em que monarcas dizem senhores da América.

Compreende o protagonismo da Inglaterra na Europa e acredita que ela não permitirá interferência europeia no continente americano.

Está convencido de que estas questões não interfeririam positiva ou negativamente em Cuba estando ela ou não associada a outra nação.

Uma recolonização de Cuba ameaçaria a independência de qualquer nação continental e os Estados do continente ofereceriam meios de defesa a Cuba em benefício de si mesmos, para preservar suas independências.

A união a um governo continental nada proporcionaria a Cuba, que não fosse obtido sem tal anexação.

Acredita que os Estados recém-independentes estariam cientes que eventual reconquista da Ilha seria o primeiro passo para a reconquista do seu próprio país.

Muito mais lamentável, afirma Varela, é a ilusão dos que esperam que a Espanha reconheça a independência das novas repúblicas, apenas para preservar Cuba e Porto Rico como colônias suas.

Espanha não poderá manter Cuba senão lançando mão de um permanente e muito dispendioso contingente militar. Admite que a Espanha perdeu todo o seu império americano.

Conclui seu escrito afirmando que a independência de Cuba deve ser realizada pelos próprios cubanos, porque a conjuntura internacional é favorável e não beneficiaria a Ilha pelo fato de sua anexação a algum Estado americano.

O texto no pensamento político do autor

O escrito de Varela, objeto deste post, sinaliza para a ação precursora dele no processo de independência, que se arrastaria por todo o século XIX.

Varela tem sido avaliado pela historiografia cubana como o representante maior do movimento pela independência dos começos do século XIX. É notória a sua preocupação em difundir suas ideias patrióticas e seu empenho em defesa da liberdade.

Como professor de Filosofia, inovou os métodos de ensino propondo a discussão e o diálogo entre os estudantes visando a formação de uma consciência própria e coletiva. Defendeu a inclusão social e étnica.

Estava convencido da necessidade de Cuba romper-se definitivamente com a Espanha, tornando-se uma república independente e soberana, capaz de enfrentar os seus graves problemas.

A ação política de Varela fundamentava-se na supremacia do coletivo sobre o individual, na construção da unidade nacional e na luta pela independência promovida apenas pelos cubanos.

Dito de outra forma, defendeu a unidade das forças sociais em torno do processo de independência, a construção social da existência de um destino comum a todos os cubanos, a oportunidade que a conjuntura internacional favorável oferecia, o desenvolvimento de uma mentalidade comercial e o apelo popular pelo patriotismo.

Para Varela, enquanto os cubanos permanecessem divididos quanto ao destino futuro de Cuba, o governo espanhol estaria mais seguro de suas ações.

Algumas referências para análise da fonte histórica

Fontes primárias:
VARELA, Félix. Félix Varela Obras: El que nos enseñó primero en pensar. 3 t., organizadas por Eduardo TORRES-CUEVAS; Jorge IBARRA CUESTA; Mercedes GARCÍA RODRÍGUEZ. Casa de Altos Estudios Don Fernando Ortiz, Instituto de Historia de Cuba. La Habana: Imagen Contemporánea, Editorial Cultura Popular, 1997.
_______. El Habanero: Papel Político, Científico y Literario. Primera edición del papel periódico, 1824 en Philadelphia, Estados Unidos. Miami: Ediciones Universal, 1997.
_______. Escritos Políticos. La Habana: Editorial Ciencias Sociales, 1977.

Bibliografia:
AMIGÓ JANSEN, G. La posición filosófica del padre Félix Varela. Miami: Editorial Cubana, 1991.
ATARD, V. P. La España del siglo XIX, 1808-1898. Madrid: Espasa-Calpe, 1978.
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Filme-documentário:
Ficha técnica. Nome: Félix Varela. Ano: 2006. Duração: 90 minutos. Sinopse: Nascido em Cuba, Félix Varela desenvolveu múltiplas e variadas atividades ao longo de sua vida: sacerdote, professor de latim e filosofia, pedagogo, escritor, editor, cientista, filósofo, professor de direito constitucional, deputado nas Cortes da Espanha, jornalista, teólogo e músico. Todas essas atividades sempre tiveram como fio condutor a espiritualidade de um autêntico pensador cristão. Filmado em Cuba, Estados Unidos e Espanha, o documentário narra a história do extraordinário sacerdote cubano, cujo pensamento tem importância para Cuba e para todas as Américas. Direção: Renato Barbieri. Pesquisa: Victor Leonardi. Consultor Especial de Investigação: Dinair Andrade da Silva. Projeto e Roteiro: Victor Leonardi e Renato Barbieri. Produção Executiva: Marcus Ligocki. Direção de Produção: Andrea Fenzl. Música Original: Guilherme Vaz. Direção de Fotografia: Adrian Cooper e Carlos André Zalasik. Montagem: Piu Gomes. Narração: Rodrigo Vivar. Narração “Varela”: Guillermo Figueroa. Arte: Marcia Roth e Manu Militão. Direção de Arte: Adrian Cooper e Andrea Fenzl. Participações Especiais: Ilya Martinez e Andrés Trujillo. Produção: Signis e Videografia.

Autor: Prof. Dr. Dinair Andrade da Silva

O texto documental foi transcrito de TORRES-CUEVAS, E. et alii. Félix Varela Obras. t. II., La Habana: Imagen Contemporánea, Editorial Cultura Popular, 1997, p. 245-248.