quarta-feira, 15 de julho de 2020

Manifesto Movimento Nacional de Favelas * (Observatório Proletários/BR)

MOVIMENTO NACIONAL DAS FAVELAS

“Quem Não se Movimenta, Não Sente as correntes  que o Prendem ”

Rosa Luxemburgo

Nós, ativistas, moradores de favelas, nos dirigimos aos irmãos e irmãs, que vivem nas favelas e nas periferias para propormos que nos unamos com o objetivo de construirmos um mundo, justo, fraterno e igualitário, que só nós, moradores das comunidades podemos construir!

Não é mais possível vivermos num território de vigilância e punição, onde somos vítimas da violência policial e o Poder Público só nos atende com o braço armado policial que até forja flagrante para justificar suas ações autoritárias. E por isso, a necessidade de nossa autodefesa, para que possamos garantir nossas vidas e nossa integridade física se torna mais que necessária!

Aqui tudo falta! Educação de qualidade, creches, postos de saúde, rede de água e serviços de saneamento básico, cabeamento de redes de internet e de energia elétrica que acabe com as perigosas “gambiarras”. Áreas de lazer e cultura, política cultural abrangente,

Os direitos básicos, mais simples, comuns nos bairros da elite e dos patrões aqui, é negligenciado. O Poder Público se exime de suas responsabilidades repassando às ONGs, OSs, igrejas e a própria comunidade, o atendimento da população. Fato agravado com a crise sanitária, provocada pela crise econômica, consequência do esgotamento do capitalismo que abandona os mais pobres e, ainda, coloca-nos em risco em transporte público lotados de péssima qualidade, sem o devido isolamento social, facilitando o contágio, condenando muito de nós à morte!

Nada mudará se não mudarmos, ao protegermos as crianças, garantimos o futuro da humanidade. É necessário atenção especial com o cuidado e apoio a elas. Famílias periféricas são em sua maioria chefiadas por mulheres, mães “solo”, Trabalhadoras informais e sem  acesso a direitos tais como a licença maternidade (diaristas, por exemplo), dificultando o estabelecimento de vínculos/amamentação com os bebês porque não pode parar de trabalhar , ou deixando de ter renda, para cuidar do  bebê, uma situação cruel  que precisa ser combatida.

Nesse sentido a luta anticapitalista é fundamental para construirmos um mundo nosso, que atenda aos nossos anseios, direitos e reivindicações, ou seja, um governo de trabalhadores e trabalhadoras, para reaver, inclusive, nossos direitos trabalhistas e previdenciários.

O sistema carcerário não  ressocializa os presos, mas, sim, trabalha como escola e faculdade do crime, sem proporcionar a tal ressocialização negando ao preso o direito de retomar sua vida de forma digna, assim como a juventude, em particular pobre e preta, que são os moradores de nossas favelas, que atuam no varejo do crime por absoluta falta de oportunidade, pois, o CEP determina o desemprego.

Ainda por cima, vivemos uma sociedade machista e fundamentada no racismo estrutural que explica que maioria do povo brasileiro não se vê representado em cargos de relevância da sociedade e na política!

Os piores trabalhos e a grande maioria dos trabalhadores precarizados estão entre os pretos

Nossas quebradas já vive o socialismo! Vive por conta da dividirmos um prato de comida quando o irmão da casa ao lado não tem o que comer. Vive o socialismo quando acolhemos uma criança de nosso vizinho quando é necessário ou no empréstimo de uma xícara de açúcar ou pedaço de pão!

Precisamos na verdade de muito pouco, nada além do nos nossos direitos. Só queremos justiça e dignidade!

A Revolução Socialista só poderá se dar à partir das favelas, pois, moram lá os que nada tem a perder a não ser os grilhões que os prendem.

- Por Uma Política Cultural Inclusiva e que crie e amplie espaços de valorização da cultura forjada nos becos e nas quebradas tais como o hip-hop, os saraus, os slam, rodas de samba, os bailes funk, a pichação. Que todas as artes periféricas sejam livres!

- Por um Sistema de Transporte Público eficiente e que não nos exponha a risco!

- Por Postos de Saúde, Escolas, Área de Lazer e Esporte Para nosso Povo e Nossa Juventude!

- Acesso Decente a Energia Elétrica, Rede de Internet, Água e Saneamento Básico!

-Pela erradicação das moradias precárias e insalubres!

- Pela Unidade Nacional das Favelas do Brasil!

- Por um Governo de Trabalhadores Para os Trabalhadores!

Alex

André Constantine – Mov. Favela Não se Cala & Babilônia Utopia - RJ

André Silva – Movimento de Defesa das Favelas – Vila Prudente - SP

Audino Vilão – Ativista Digital – Historiador – Campinas - SP

Biro – Morador e ativista do Jaguaré e outros regiões

Carolina Patrícia (Carol) -  ativista na favela Brasília Teimosa Recife PE

Caroline Trindade  - Moradora do Jardim Peri – membro da Gaviões da Fiel

Flávio Casimiro (Casimiro Oitenta) – Cultura Hip-Hop, Conselheiro Tutelar – SP – Jardim Peri - SP

Gaspar Du Norte – MC,  Mov. Hip-Hop, Grafiteiro – Bairro da Terra Firme – Belém do Pará

Galo – Entregadores Antifacistas

Givaldo -

Igor Jorge Militante do Combate Pelo Socialismo – Estudante – Morador do Jardim Peri - SP

João Vitor – Militante do Combate Pelo Socialismo – Estudante – Morador do Jardim Peri - SP

Josi Nascimento – Ativista na Favela de Heliópolis – Secretária de Juventude do PT-SP

Luis – Militante do Combate Pelo Socialismo – Estudante – Morador do Jardim Peri - SP

LPR – Ativista morador de Barigui – Curitiba - Paraná

Marlene:

Natalie C. – Moradora e ativista na Plataforma Salvador – Bahia

Orpd – MC, Produtor Musical – SAES Lapa – Torcida Rasta Alviverde - SP

Professor Davi – Coletividade Periférica – Ocupação da Casa Hip-Hop do Jaçanã – Bloco de Ocupação Mov. Cultural das Periferias

Professor Heitor – Professor do Macalão/Jardim Peri – militante do PT e do Combate Pelo Socialismo e Conselheiro Estadual da APEOESP.

Vitória – Mutirão no Jaguaré - SP

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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro