SOLIDARIEDADE NÃO É CARIDADE.
Pedro César Batista - DF
As
palavras solidariedade e caridade são doces na boca de muitas pessoas. Estas
duas palavras se confundem, apesar de origens e finalidades distintas.
Caridade
vem de cáritas no latim, segundo os cristãos consiste em amar a Deus acima de
tudo e ao próximo como a si mesmo. Muito praticada na idade média, a nobreza
distribuía os restos de seus alimentos, jogados para fora dos castelos aos
famintos. Segundo Engels, em A condição de vida da classe trabalhadora (1845)
quem a prática, “é caridoso por interesse próprio; não dá nada de imediato, mas
considera suas doações como um negócio”. Para os cristãos é um amor sem
interesses. A vida comprovou que Engels tinha razão. Igrejas e políticos
praticam a caridade em larga escala como um grande e rendoso negócio.
O
conceito de solidariedade foi efetivamente adotado a partir de 1848 pela luta
revolucionária dos trabalhadores franceses e sua origem jurídica está no
Direito Romano com o termo in solidunm, o dever para com o todo. Significa uma
prática entre grupos e classes sociais em defesa de interesses e objetivos
comuns.
A
caridade segue sendo usada pelas classes dominantes para preservar em estado de
miserabilidade as camadas exploradas e subalternas. As igrejas, principalmente,
assim como na idade média, aliaram-se aos políticos, que manipulam consciências
e fazem grandes investimentos para se preservarem no poder. Os casos dos
presidentes norte-americano e brasileiro comprovam o cinismo de quem usa
conceitos e discursos sustentados na caridade cristã.
A
solidariedade, que deveria ser um instrumento para forjar a unidade de classe,
principalmente entre as camadas exploradas e oprimidas, as classes
trabalhadoras, não é praticada como deveria ou poderia ser. Muitas vezes, pelo
contrário, é negada e desconsiderada. Não apenas nas lutas entre as classes
oprimidas e opressoras, mas mesmo dentro da própria classe trabalhadora e entre
seus ativistas políticos. Os sindicatos, que são o principal instrumento para
fomentar e praticar a solidariedade entre a classe trabalhadora, principalmente
neste tempo de crise do capitalismo e de pandemia, estão distantes de suas
bases, com portas fechadas, sem atuar para construir organização, unidade e
consciência de classe, o que possibilitaria a prática da solidariedade.
A
demagogia e negócios se confundem entre caridade e solidariedade, como
resultado da falta de consciência de classe. A burguesia tem claro a
necessidade da solidariedade entre si, usam qualquer instrumento jurídico,
político e militar para preservar seus interesses econômicos. Enquanto a classe
trabalhadora, disputa internamente, espaços políticos, migalhas de poder e
muitas lideranças terminam servindo de força auxiliar à burguesia.
Solidariedade
é uma necessidade política da classe trabalhadora, para que adquira a força
necessária, criando as condições subjetivas e objetivas para derrotar o
opressor.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro