domingo, 8 de março de 2020

A CARNAVALIZAÇÃO DA DITADURA COMO ESTRATÉGIA DE PODER * Edilberto C - AL

A CARNAVALIZAÇÃO DA DITADURA COMO ESTRATÉGIA DE PODER
O carnaval, que ritualmente sempre acabou em cinzas, neste ano se encerra em brasas. Para além da crucificação de Cristo em plena Marquês de Sapucaí, o presidente veio a público a atiçar o fogo do neofascismo a ver quanto de combustível lhe convém no país do petróleo roubado. Como já se tornou sistemático, seu modus operandi se reveste de espalhafato a insinuar uma atitude impensada e atabalhoada. 

Todavia, não nos enganemos: muito há de premeditação nas pérolas jorradas desde o Golden Shower há exato um ano passado. De lá para cá, a nova era vestiu meninos de azul e meninas de rosa à sombra das goiabeiras, defendeu a abstinência sexual como programa de estado embora admita o turismo sexual como bem-vindo ao Brasil. Todas essas pérolas de mau gosto, apesar de sua falsa espontaneidade, deve ser revista desde a última proclamação em vídeo do nazifascista tupininquim convocando o povo a fechar o congresso nacional e proclamá-lo rei definitivamente. 

Em verdade, transparece cada vez mais, a quem bem analise esta estratégia de marketing pessoal, a sombra de um propósito elaborado desde quando se ergueu o nome deste cidadão a candidato a presidente. Sua fala biliosa, seu discurso bélico e atitudes contrárias ao decoro de sua posição parlamentar vieram a calhar naquele momento de ataque sistemático às instituições de poder, insuflando a justa desconfiança do povo brasileiro, motivada pelas frustações políticos e pela insegurança. Associou-se a isso seu evidente desprezo a agenda progressista, sempre vigiada ferozmente e sempre mal vista pela elite brasileira secularmente escravista e defensora dos próprios privilégios. 

A fórmula surtiu efeito, levando milhões a se identificarem e se perceberem no espelho de sua própria ignorância e mediocridade. O nazifascismo não se está instalando no Brasil de fora para dentro, mas foi reavivado e está aflorando do seio da sociedade. Sempre esteve imerso como um iceberg e foi preciso construir um mito quixotesco que refletisse a face extremista de nossa sociedade para que ele viesse à tona a ameaçar definitivamente a liberdade democrática duramente conquistada neste país.

Erguido por combustão aparentemente espontânea, chega ao teste máximo nesta convocação grotesca, visando de modo populista romper definitivamente com as instituições democráticas. Não poderia ser de outra forma: seu desprezo e desrespeito pelas instituições não lhe permitiria propor um golpe pelas vias “falsamente” institucionais como se fizera nos anos sessenta do século passado. Apela a ilegalidade e pela ilegalidade será defendido. Consiga o seu intento e veremos grupos armados defendendo seu mito pelas ruas do país eliminando opositores de sua monarquia. A hora é, pois, de dizer não. Ditadura nunca mais.

Edilberto C. – Educador Sim
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro