Neste momento de crise epidêmica
mundial uma questão tem se tornado tema de discussões nos mais variados meios
de difusão e comunicação em geral.
Líderes religiosos com posições extremistas no Brasil não
aceitam voluntariamente que é preciso tomar medidas de contenção com relação a
uma doença que tem matado aos milhares mundo a fora.
Uma das primeiras providências se trata do afastamento
social, que nada mais é do que levar a população a evitar locais de aglomeração
tais como bares, restaurantes, comércio em geral, eventos de toda espécie entre
outros como os templos religiosos.
Porém alguns representes destas instituições religiosas
insistem em não aderirem ao plano de afastamento. Neste sentido cabe uma
reflexão sobre o papel e influência desses em tempos de crise como atualmente
vivido pelo mundo todo.
O brasil é um país
que tem em suas bases fundantes a religião como um dos maiores pilares de sua
construção como nação com predominância cristã seguida por uma infinidade de
outras religiões desde os ritos e credos indígenas às afrodescendentes.
O cristianismo, no entanto, é a religião predominante,
hoje segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) censo
2010, a população brasileira se declara 64,6% católica e 22,2% evangélica. Um
número altamente expressivo, ou seja, 86,8 % se declaram cristãos.
É de muita inocência imaginar que esses poderosos
representantes religiosos com acesso aos mais diversos meios de comunicação de
massa, donos de uma oratória e persuasão indiscutível não saibam o poder
influenciador e porque não dizer dominador que tem em mãos.
O perigo reside justamente aí. Em se aproveitar de toda
essa gama de influência através de discursos inflamados e uma exegese pífia e
deturpada dos escritos bíblicos e propagar insistente e incisivamente o não
fechamento temporário dos templos e com o agravante movimento das massas no
sentido de continuarem se reunindo nesses lugares.
Tomando por base algumas citações bíblicas como Levítico
13:04 “4 Mas se a mancha branca não der a impressão de ser mais funda
que a pele, e se o pelo não se tiver tornado branco, o sacerdote pô-lo-á de
quarentena durante sete dias.” Fica
claro que para se preservar tanto o doente quanto a população em geral há a
necessidade de um tempo de afastamento.
Já no livro de Eclesiastes 03:05 uma
afirmação cabível para o atual momento se destaca: “Tempo de espalhar pedras, e
tempo de ajuntar pedras, tempo de abraçar, e tempo de afastar-se.”
A fé tão explorada por séculos e
pelos mais diversos e controversos líderes através da história não é e não deve
ser visto como um objeto de incitação ao perigo.
Pelo contrário, a fé é também uma
disposição ao comportamento prudente. Fica claro na experiência de Jesus quando
da ocasião finando o seu período de reclusão no deserto. Ele é tentado a pôr à
prova os cuidados e proteção do pai. Sua resposta diante de tal investida de
acordo com os relatos foi em resumo a da prudência.
Observe o diálogo no evangelho
segundo São Mateus capítulo 4:06-07:
“Se és Filho de Deus, joga-te daqui para baixo.
Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos
eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra. Jesus lhe respondeu:
Também está escrito, não ponha à prova o Senhor, o seu
Deus”.
Ainda
sobre a fé que juntamente com o amor e caridade compõe as virtudes teologais, é
preciso ressaltar que para ela não há obstáculo nem a necessidade de um ponto
específico geograficamente para sua ação segundo a tradição cristã, ou seja, o
seu efeito independe de lugar fixo. Rua, casa, templo.
Há
uma menção neotestamentária de um fato ocorrido a partir de um encontro de
Jesus e um centurião. Evangelho de São Lucas 07:08-10 “Porque
também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados sob o meu poder, e
digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Fazer
isto, e ele o faz. E, ouvindo isto Jesus, maravilhou-se dele, e voltando-se,
disse à multidão que o seguia: Digo-vos que nem ainda em Israel tenho achado
tanta fé. E voltando para casa os que foram enviados, acharam são o servo
enfermo.
Não houve reunião, não houve culto, mas
segundo os relatos, ação de fé e esta à distância alcançou o objetivo.
Alguns questionamentos acabam sendo
levantados diante de tanta resistência por parte de muitos influentes líderes
religiosos.
Será esta uma questão meramente
funcional? Uma estratégia para arrebanhar mais fiéis? A possível diminuição da
vasta arrecadação produzida pela indústria da fé explorada?
Os riscos são iminentes, esta
trágica situação pode estar longe de no mínimo um amenizar. É preciso que haja
uma consciência de bem coletivo e ações contundentes neste sentido.
Ações promovidas pelo estado e pela
comunidade em geral objetivando o bem de todos. Ações de negação desse tipo de
atitude leviana que coloca em risco a vida de tanta gente. Boa parte, gente
simples que em meio ao tumulto gerado por esta pandemia e por falta de clara
informação o que acaba gerando pânico levando muitos a seguirem orientações
levianamente perigosas.
O papel das instituições constituídas
e neste caso específico as religiosas na pessoa de seus representantes, deve
ser de acalmar, orientar, não somente segundo suas próprias visões e convicções
de mundo, mas acima de tudo em um momento como este de estar de acordo com o
que as autoridades têm determinado.
Uma exemplar ação em favor do povo
brasileiro sem histeria por parte desses homens e mulheres influenciadores sem
esta relutância para com as orientações é o que se espera. Pois de maus tratos
e maus exemplos como os apresentados pela pessoa do próprio presidente da
república o Brasil já está farto.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro