quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

RESISTÊNCIA DA MULHER PALESTINA: UM FEMINISMO ANTICOLONIAL? * Gilliam Mellane Ur Rehman / MA

 RESISTÊNCIA DA MULHER PALESTINA: UM FEMINISMO ANTICOLONIAL?

Por Gilliam Mellane Ur Rehman / MA

Começamos esse texto citando o dado alarmante apresentado por Soraya Misleh, sobre a privação de liberdade de mulheres palestinas, no exercício da defesa de sua terra e de sua identidade, resistência externada sob as mais variadas formas, além das torturas físicas a que são submetidas. São 48 palestinas privadas de sua liberdade nas prisões de Israel. Soraya nos traz esse dado por meio do relatório produzido pela organização palestina Addameer, um movimento em apoio aos prisioneiros palestinos. Nas constantes tentativas de apagamento de um povo, a limpeza étnica executada pelo Estado israelense não necessita de um grande ato de “rebeldia”, basta apenas nascer palestino e isso se configura em justificativa suficiente para impor castigos, demolições, prisões, bombardeio, assassinatos, terrorismos.


A luta dos palestinos para manter sua existência segue incansável há mais de setenta anos, tempo em que a perda de seu território deu espaço a blocos de terra nos quais circulam sionistas armados, praticando o terror diário em idosos, mulheres, crianças. Tendo suas casas demolidas, filhos, maridos, pai, irmãos presos ou assassinados, as mulheres palestinas são empurradas ao combate, seja ele, no enfrentamento da força militar ou desenvolvendo outros mecanismos de resistência.


É comum no cotidiano da mulher palestina, tocar a vida sem o marido, quem não raro, é morto pelos sionistas, ou se encontra em cárcere, em alguma prisão israelense. Essa realidade propicia que estas mulheres fiquem à mercê da violência dos colonos que ocupam de forma ilegal aquelas terras.


Um outro fato é que, além de toda sorte de violência e privações, as mulheres palestinas ainda tem que viver a dureza da violência obstétrica ou mesmo a falta de atendimento e acompanhamento necessário no período gestacional. Em Gaza, por exemplo, as mulheres palestinas grávidas, não tem direito ao pré-natal. As estatísticas provam que a morte de crianças no nascimento, é ocasionada pela negação de atendimento no momento de darem à luz, em postos de controle israelenses, o que não deixa de ser mais uma estratégia desenvolvida pelos sionistas, de dizimar essa população, já no ventre da mãe. Os fatores que colocam essas mulheres em grave contexto de crise humanitária, é acentuado pela falta de emprego e pelo mínimo de elementos que garantam a subsistência das mesmas.

Em 2019, os franco-atiradores sionistas alvejaram a palestina Amal al-Taramsi, e a lista segue crescente nos atentados criminosos executados por Israel.


De tantos quadros tristes e covardes, há o da paramédica Razan al Najjar, de 21 anos (mulher que escolhemos, para homenagear sua memória, batizando nosso movimento com o seu nome: Aliança Palestina Razan al Najjar -MA). Al Najjar foi assassinada, no exercício de sua profissão, quando cuidava de feridos nos protestos que ocorriam na fronteira de Gaza com Israel, no dia 1 de junho de 2018, por um soldado das forças de ocupação israelense. Os assassinatos ocorridos na Palestina, por forças da ocupação são incontáveis e contabiliza-se mais mortes de mulheres.

A política dos franco-atiradores é um braço de ação da cruel limpeza étnica imposta pelo ilegítimo Estado de Israel, que há mais de 70 anos, vem dizimando e tentado apagar do mundo, o povo palestino.


A mulher palestina, ao longo da ocupação está sob a mão de toda sorte de abuso e violência de seus corpos. Não temos apenas um espaço territorial ocupado ilegalmente, os corpos femininos tornaram-se extensão dessa ocupação violenta.

A conta de 800 mil palestinos, na condição de refugiados, os 500 vilarejos destruídos, traz em sua soma, a violação sexual de várias mulheres palestinas, como parte da extensa lista de crimes imputados nas 31 aldeias onde sionistas fizeram seus massacres.


As circunstâncias impostas pela colonização despertaram nas mulheres palestinas o sentimento de combate na luta anticolonial. Tal reação diante do imperialismo, imprime nessas mulheres uma ideia totalmente contrária daquilo que é despejado nos meios midiáticos, sobre as mulheres do Oriente. No imaginário coletivo ocidental, é alimentado a ideia de que essas mulheres são de natureza submissa, sem voz e aprisionadas em vestes que as violam em suas liberdades. O eurocentrismo não permite a reflexão de que, sinais identitários, são carregados com orgulho e que estas mulheres obedecem a um código cultural que as fazem livres, fora dos padrões do Ocidente. Entendamos que o patriarcado é um sistema que engole o mundo e está presente em todos os sistemas culturais. Em todos os lugares, há lutas e bandeiras, em que mulheres se organizam para retomar direitos e espaços.


Não existe feminismo, existem feminismos. Não podemos padronizar as lutas ao redor do mundo com uma “fôrma” ocidental.

Em muito se perde o movimento feminista, ao desconsiderar trajetórias, etnicidade, cultura e espiritualidade dessas mulheres. Construiu-se um discurso de salvação, em que o feminismo liberal, branco e europeu deve resgatar essas mulheres de sua sociedade e de seus sistemas culturais nativos. Esse discurso é instrumentalizado pela dominação colonial. O movimento feminista, que deve obedecer a uma agenda anti-opressão, acaba servindo a projetos imperialistas. O feminismo ocidental jamais terá propriedade para falar das vestes das mulheres muçulmanas, colocando-as como símbolo de opressão (no caso do hijab e outras vestimentas), pois existe uma leitura totalmente diferente do que é opressão, liberdade e escolha para essas mulheres. O feminismo liberal não entende que também existe uma apropriação política em uma escolha que deve ser puramente feminina dentro do Islã e o que de fato deve ser combatido, é o uso político compulsório. A proibição do uso do hijab, em alguns países da Europa, provoca reações de contestação, o que demonstra que essas mulheres, não carregam o sentimento de opressão por suas vestes e pelos códigos de sua religião. Ao contrário, se sentem livres e brigam pela manutenção desses elementos.


A análise que se faz de episódios como estes é que exatamente a instrumentalização do movimento feminista, citada anteriormente, endossa os projetos imperialistas, estruturados em agendas sionistas, que busca colocar o Oriente como um espaço de barbárie e atraso e que precisa da intervenção de um plano civilizado e branco. Um plano civilizado e branco significa negar a capacidade de governo desses povos, significa criar estereótipos de homens violentos por essências e determinismo geográficos e culturais e que, portanto, devem ser dominados por meio de uma projeto colonizador.


Adotando essa política de linchamento cultural, temos aí vários fenômenos na América Latina, após o advento da tomada de poder pela extrema direita em alguns países, a exemplo do Brasil. O resultado “natural”, dessa anomalia política, são discursos inflamados, preconceituosos e carregados de xenofobia. Por vários momentos, o presidente Jair Bolsonaro, adotou posturas e falas que casam com essa ideologia de anulação e discriminatória dos povos do Oriente e declaração escrachada de apoio a Israel e suas práticas sionistas.

Com um discurso mais sofisticado, temos na Europa, uma França defensora do preceito laico de Estado, mas que, no entanto, trava ferrenha perseguição ao islã, utilizando-se do mesmo discurso discriminatório de barbarização da cultura e da falsa máxima de salvação das meninas muçulmanas aprisionadas em um véu.  A política de Emmanoel Macron é uma contradição do próprio estado laico, haja vista que entendemos por laicidade, o princípio no qual todos os credos podem coexistir em um mesmo espaço, e onde não haja a interferência do Estado na religião e vice e versa.


A luta da mulher palestina reúne em seus esforços vários elementos que tornam essa resistência, em um novo feminismo. Temos aí mulheres que, diante do massacre de seu povo, e da opressão de gênero natural da absorção do patriarcado nas culturas, se insurgem em uma luta anticolonial e contra a opressão de gênero. O movimento se enriquece ao encontrar pontos de apoio com o feminismo islâmico, o feminismo seccional, o feminismo antirracial e até mesmo o feminismo marxista, se considerarmos a luta pela justa posse da terra e por se posicionar contra o imperialismo.


A história da Palestina, pós-ocupação, é repleta de ações comandadas por mulheres. Nos anos de 1936 e 1939, uma mulher liderou o armazenamento de armas aos revoltosos. Fatma Khaskiyyeh Abu Dayyeh não só foi a guardiã das armas como chefiou um grupo de 100 mulheres, no advento da Nakba, em 1948. Em uma função mais assistencialista, e vinculada à Organização para Libertação da Palestina (OLP), em 1965, foi criada a União Geral das Mulheres Palestinas. A necessidade de representação e do fortalecimento da defesa da Palestina, fez com que muitas mulheres adotassem uma postura mais combatente e incisiva, diante da postura silenciosa das comissões internacionais sobre Direitos Humanos, no tocante à ocupação da Palestina e à constante violação desses direitos.


Na Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP), o ícone mais expressivo da luta feminina foi a militante Leila Khaled, que desde sua adolescência se tornou um elemento extremamente ativo na luta contra a ocupação israelense. Ainda adolescente, Leila se juntou ao Movimento Nacionalista Árabe. Anos depois, passa a integrar o movimento de caráter marxista-leninista, Frente Popular pela Libertação da Palestina. Sua ação mais famosa, em 6 de setembro de 1970, foi o sequestro do vôo da companhia israelense El Al, com trajeto Amsterdã-Nova Iorque, e no qual foi detida.


A mulher sempre atuou ativamente em todos os atos de resistência para garantir a autonomia de seu povo, a manutenção de sua terra, o não apagamento da memória de seu povo. Nas Intifadas, que compreenderam os anos de 1987-1993 e 2000-2004, fizeram-se presentes, principalmente as mulheres oriundas do campesinato. Diante da colonização, são as mulheres as mais atingidas, pois a grande maioria se vê em situação de total desalento, sem emprego, com famílias para chefiar, filhos para proteger da violência sionista e, ainda assim, o medo não as tira do combate. Em meio ao cenário desolador da ocupação, elas conseguem se articular politicamente em associações que possam lutar pelo mínimo à sua  sobrevivência.


Ainda muito jovens, ou mesmo na infância, essas mulheres já adquirem a consciência da luta pela manutenção dos elementos que  garantem sua existência e de seu povo. É comum ver crianças desafiando soldados, carregando orgulhosamente a bandeira da Palestina como um ato de resistência às forças israelenses. Muitas têm sua condição de crianças vilipendiadas e chegam a ser presas e julgadas como adultos.


Considerado um modelo de democracia no Oriente Médio, Israel sequer consegue esboçar uma política coerente e mostra toda sua monstruosidade, criando leis que tornam crime, a revolta de uma criança ao ver sua casa demolida, seus pais presos e sua vida destruída. Atualmente tem-se uma média de 400 crianças nos presídios de Israel.

Sobre a prisão de crianças, temos a história da jovem Ahed Tamimi, presa sob a acusação de bater em um soldado sionista. A família Tamimi traz em sua trajetória a marca da resistência contra o imperialismo israelense. Vários membros de sua família são ativos nas lutas e a jovem é o símbolo da revolta contra as violações que a Palestina sofre. Ahed foi libertada em agosto de 2018, após oito meses de prisão e ao chegar em casa suas primeiras palavras foram: “A resistência continuará até que a ocupação termine”. Ahed sempre será símbolo de que a revolta e o espírito digno e combativo do povo palestino encontra-se no DNA dessa geração, e hoje, aos vinte anos, Tamimi torna-se referência na luta de mulheres contra a opressão colonial de gênero.


A luta das mulheres na Palestina deve ser abraçada pelo feminismo anticolonial e todos os demais, pois independente das bandeiras de luta de cada movimento, a coesão se dá pelos laços de solidariedade e pela luta contra todas as formas de opressão. É preciso resguardar o lugar de fala dessas mulheres de véu ou não, e considerar os mecanismos de resistência por elas desenvolvido, seja se insurgindo militarmente; seja por meio de associações que busquem atuar na saúde, educação, trabalho e política;  seja nas artes; seja no ato de ceder o seu corpo para que o povo palestino jamais desapareça.


Na luta feminista, é preciso considerar e ressignificar qualquer ação ou mecanismo que grupos de mulheres desenvolvam para resistir às opressões do sistema. E na resistência palestina, gerar vidas é um ato de resistência.  A maternidade da mulher palestina não pode ser analisada no contexto da construção familiar, reduzindo-a ao elemento da constituição da família, como aquela que gera a prole ao lado de um homem e torna-se a célula tradicional da sociedade. A maternidade palestina,  nesse contexto, deve ser desatrelada de qualquer espectro do patriarcado. Ser mãe em território ocupado, significa manter viva a memória, a história e fortalecer as fileiras revolucionárias que darão continuidade a essa resistência. Não é à toa que política sionista boicota a gestação dessas mulheres, lhes negando acompanhamento obstétrico, fármaco, e até mesmo ajuda na hora do parto. Muitas crianças morrem ao nascer ou mesmo ainda no ventre de suas mães. Muitas nascem abaixo do peso ou desnutridas. Nascer palestino já é um ato de luta. A identidade da mulher palestina é construída em um fundo militarizado, revoltante, carregado de símbolos que preservam a memória de seu povo com a bandeira e a kefiyah.

No entanto, não se pode negar que o ventre palestino, acaba se tornando um veículo de militarização. O corpo da mulher palestina tem uma dupla ocupação. Se violado, ele é ocupado pelo colonizador. Se semeado, ele é ocupado pela necessidade de gerar a resistência.


Nos recortes feministas que temos, a luta feminina palestina encontra espaço no feminismo islâmico, sobretudo quando pensamos a maternidade como forma de resistir, quando se pensa na ressignificação ou livre interpretação da literatura alcorâmica, observando o patriarcado presente nesse código, como algo específico de um dado momento. O feminismo islâmico visibiliza a resistência do dia a dia, a luta diária pela retomada de um lugar que sempre foi garantido nas sagradas escrituras e que jamais foi invisibilidade ou submissão ao homem, mas de equidade. O que se busca com trabalhos que discutam essa luta é que os movimentos feministas possam se abrir para essa perspectiva e abraçar a trajetória dessas mulheres.


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*Gilliam Mellane Moreira Ur Rehman** é formada em História pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), pós-graduada em Sociologia das Interpretações do Maranhão, estudante de Fotojornalismo na faculdade Cruzeiro do Sul, presidente da Aliança Palestina Razan al Najjar -MA, ativista muçulmana, feminista, membro da juventude Árabe Palestina Sanaúd, brasileira nascida em São Luís do Maranhão.

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Marxismo e drogas * Juan Mesana

 Marxismo e drogas



O problema das drogas não deve ser analisado do ponto de vista do indivíduo ou do pequeno consumidor, deve ser analisado a partir de uma perspectiva de classe e da luta pela emancipação do proletariado, do materialismo histórico e dialético, ou da ciência.  Marxismo-Leninismo.


 Ou o atual problema das drogas faz parte da luta de classes.  Você vai aprofundar ainda mais a minha pergunta, ao falhar a relação entre capitalismo e drogas, mas, a título de introdução, quero dizer o que você faz ou o que te aliena só serve para escapar da realidade por um curto espaço de tempo, dificultando ou entendendo a raiz  .  O problema e reduzindo ou impedindo a capacidade de lutar para transformar essa realidade, essa transformação eliminaria diretamente as causas pelas quais o indivíduo que usa drogas precisa escapar.


 Um revolucionário deve lutar contra todos os tipos de alienação, incluindo, é claro, as drogas.  Ele deve manter todas as suas capacidades intactas, logo para o combate diário que representa a militância comunista, uma vida de sacrifício, disciplina, firmeza e austeridade.  Um comunista deve ser um exemplo em todas as facetas de sua vida.  Uma pessoa viciada, que usa drogas de forma generalizada e constante, não pode ser uma revolucionária, suas habilidades estão diminuídas.  Você não pode militar drogado.  Você não pode lutar, treinar, enfrentar os desafios que você impõe para a segurança do Estado e colocar sua vida nas drogas.


 O uso de drogas tem sido comum ao longo da história da humanidade, é mais do que demonstrável.  Esse é um dos principais argumentos de quem defende a indústria da morte que representa a produção e o atual tráfico de drogas.  Mas é preciso analisar como era esse consumo, local, circunscrito às questões religiosas e de culto, não havia produção como a conhecemos hoje, não havia consumo generalizado nem havia viciados.


 Ou o uso de drogas como algo cotidiano, generalizado e globalizado só pode ser entendido como uma produção de substâncias em larga escala, com capacidade de transporte e armazenamento, quando as drogas são convertidas em mercadoria capitalista.  A produção de drogas como conhecemos as questões de suas origens na revolução industrial.  As drogas, desde então, sempre foram usadas para manter o domínio de classe pela burguesia.


 Como colonialismo, ou uso de drogas, passou a ser conhecido por pessoas antes impensáveis, com particular relevância entre os intelectuais e artistas pequeno-burgueses.  Na América do Norte, os Estados Unidos encorajarão o alcoolismo a nos destruir, destruindo seu domínio e expansionismo.  Ainda verificou cerca de 12% de dois índios morrem por abuso de álcool.


 Outro exemplo é representado pela China, como imposição de sua produção, ou comércio legal, e como consequência ou consumo de ópio na Inglaterra por meio de duas guerras.  Isso resultou em milhares de vítimas opostas na China, condenando este país à submissão ao imperialismo.  Não estaria ligada à revolução chinesa do início do século depois como uma revolução antiimperialista que culminou em 1951, quando esse problema terminaria nas suas raízes.  A dominação imperialista permaneceu por décadas firmemente baseada nas drogas como arma de alienação e dominação de classe.


 Outro fenômeno encorajou a burguesia a usar drogas como método de dominação de forma mais aguda.  Coincidindo com o aumento da produção, do tráfico e do consumo de drogas, ou declínio de outro instrumento de dominação, a religião.  Além disso, o capitalismo vai se adaptar e usar drogas como um substituto para o poderoso poder da religião que se perdeu e se enfraquece com o tempo.  Como o capitalismo surgiu nos novos mercados devido às aberturas, ou o mercado de drogas foi dois princípios.  Uma indústria farmacêutica e todo tecido econômico que constitui de perto uma das principais indústrias do capitalismo.  Quando nosso crescimento começou, começamos a produção em massa de drogas, drogas sintéticas, que vendíamos totalmente legalmente.  Uma emergia de morfina de opio e, esta, dá heroína.  Ou cloridrato de coca emergiria da folha de coca.  Sobre este último, digo que a Coca-Cola, que era vendida como uma xarope milagrosa, tinha a cocaína entre seus ingredientes no início do século XX.


 Alguns dirão aqui que é possível lutar contra as drogas, não contra o capitalismo, que existem proibições, por exemplo, do tráfico e que os consumidores são perseguidos.  Esta questão também deve ser analisada do ponto de vista da turma.  Ou que o capitalismo queira comer essas proibições, ou que isso.  Ele quer proteger os interesses das empresas farmacêuticas, que são ou o monopólio legal vende medicamentos.  E também não quero eliminar nem usar nem nem tráfico de drogas.  Ou que você quer controlar ou subjugar que eu consumo, não elimino ou consumo, vamos nos aprofundar nessa questão mais tarde.


 Ou negócio de drogas e controlado por grandes multinacionais, sejam elas legais, como as farmacêuticas, ou ilegais, como você diz.  As já disse, ou importante não evitar ou consumir, mas controlar ou importar.  Uma droga é um método de controle do capitalismo.  A divisão capitalista do trabalho e o modelo de consumo são amplamente mantidos graças à alienação, é necessário manter o domínio.  Fui criado não viciado na consciência de não ser capaz de me mover para a realidade social, de resignação, de entrega.  Ou falho, preferiu resignar-se ao fato de que nada poderia ser mudado e assumiu o papel de entidade reacionária e desmoralizante como o resto do povo.  Por que eu deveria saber que nada pode ser feio?  Melhor fuga.  Os comunistas devem lutar contra este tipo de atitudes capitulacionistas.


 Drogas e capitalismo são inseparáveis, não se pode lutar contra as drogas sem lutar contra o capitalismo, um sistema econômico moribundo e decadente em clara decomposição.  Submetido à libertação de nossa classe, uma revolução socialista, ele vai acabar com as drogas como a conhecemos hoje.


 Uma droga, como afirmei anteriormente, faz parte do capitalismo.  Como as drogas e as drogas são uma arma do capitalismo para alienar, para destruir a capacidade revolucionária da juventude revolucionária e da classe trabalhadora e integrar o não-sistema.  Nós, comunistas, somos contra o uso de drogas e sua legalização, porque é uma arma para mais de dois capitalistas destruir o movimento revolucionário.  Agora, diferenciamos entre criminosos e vítimas.  Ou nada viciado senão uma vítima que deve ser ajudada a quebrar seus vícios e a se tornar uma pessoa produtiva para uma sociedade, combativa e revolucionária na luta pela revolução.


 Gostaria, antes de encerrar este artigo, dar exemplos de drogas como método de controle do capitalismo, usado para destruir o movimento revolucionário e a diferença que existia entre os países capitalistas e socialistas sobre as drogas.  Apesar de não compartilhar sua linha ideológica devido aos seus graves erros teóricos, quero colocar o exemplo dos Panteras Negras nos Estados Unidos. O governo colocou todo tipo de drogas, multiplicando os viciados entre as panteras, que acabaram enfraquecidos, divididos e em  muito disso na prisão.  A droga era usada apesar das proibições, não para controlar o consumo, mas para controlar o usuário.


 Na Espanha, ou o mesmo que uma heroína introduzida por seu próprio governo, para converter toda uma geração de corruptos que teria sido, nas condições, a uma geração que teria sido alcançada ou colapso democrático como o regime de Franco e revertido ou transição orquestrada pela burguesia  .  Exemplos famosos de uso de drogas fora do País Basco ou Vallecas em Madrid.  Como drogas usadas como método de controle de ruptura ou movimento revolucionário.


 Atualmente, o impacto das novas drogas artificiais e a promoção do alcoolismo é uma nova tentativa de reproduzir ou mesmo se proteger contra a burguesia.  Cabe a nós, revolucionários, enfrentar isso e oferecer alternativas ao que este sistema ultra-passado que o capitalismo oferece.  E para fazer isso, temos que ver o uso de drogas veemente como generalizado e normalizado.


 Por fim, ele queria delinear a diferença entre capitalismo e socialismo, não que dissesse que respeitava as drogas como dois exemplos históricos.  Na União Soviética (uma era socialista, não revisionista), era um espaço onde o uso de drogas era mínimo ou o tráfico era praticamente inexistente e onde não tinha sido viciado.  Existe um grande controle por parte do Estado e foi promovido ou lazer que serviu para a realização pessoal e não para a sua destruição por meio da drogadição como não capitalismo.  Quase não houve problemas como o alcoolismo, contra ou as grandes campanhas feitas.  Cabelo que acordei, existe um grande número de cartazes de campanhas facilmente localizados na internet.


 Atualmente na Rússia existem milhões de viciados, ou seja, o consumo de álcool até ultrapassou limites insustentáveis, havendo um grande tráfico de drogas controlado pelas máfias.  Podemos ver a diferença na posição e não no combate às drogas dois dois sistemas.  Ou outro exemplo que a Albânia Socialista quis dar, no que se passa ou igual à URSS e no momento, sobre o capitalismo, e dois grandes centros de produção de drogas, mais do que um governo ou país e isso recentemente condenado  Albânia foi condenada ao ostracismo e servida.  Apresentado como socialismo ou problema com drogas pode ser resolvido.  Uma revolução socialista destruirá as bases do capitalismo, incluindo as drogas, um de seus pilares.


Juan Mesana


Obs.: A FRT publica este artigo como contribuição ao debate sobre a posição dos revolucionários sobre a questão das drogas e o socialismo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A crise Estrutural do Capitalismo * Marcelo Marcelino/PR

A crise estrutural do capitalismo

a resposta  voraz do sistema complexo ultraliberal na  forma de superexploração da mais valia em  tempos de hibridismo pandêmico 

Por Marcelo Marcelino / PR

A pandemia do Covid 19 legitimou a entrega da  chave do cofre do orçamento público para os banqueiros e  rentistas que orbitam em torno das megacorporações  transnacionais. A raiz de toda a política econômica  brasileira encontra-se engendrada na grande articulação do  sistema imperialista mundial capitaneado pelos EUA e seus  consortes, onde o mercado financeiro tornou-se uma  engrenagem paradoxalmente “autônoma” explicitando e  precipitando de forma ainda mais reacionária a fúria da  acumulação e reprodução do capital.  

As disputas geopolíticas estratégicas com o  consórcio sino-russo acirram ainda mais os conflitos e  polarizam ainda mais a crise estrutural do capital, que na  equação do sistema mundo da economia política avança  tecnologicamente e ao mesmo tempo acelera a crise  estrutural do sistema – comprovando a tese marxiana de que  a contradição do modo de produção reside na sua gênese  produtora e destruidora da potência econômica. O capital  portador de juros e o capital fictício do livro III do Capital  de Marx explicam de forma clara como o processo de  financeirização aliado ao aparato tecnológico impulsionou e  acelerou a acumulação, reprodução e ampliação do capital a  ponto de 1% da população mundial concentrar 50% de toda  a renda mundial. 

As grandes corporações transnacionais e mesmo as  organizações empresariais domésticas com suas elites  políticas e jurídicas da classe dominante no interior dos  países periféricos e subservientes ao imperialismo orbitam  cada vez mais na estrutura esférica do processo de  concentração do capital, onde a generalização da  superexploração do trabalho conduz a inclusão num sistema  cada vez mais excludente – gerando um exército de reservas  na forma de lumpesinato, desempregados. Informalizados,  desalentados e precarizados de todo o gênero não só na  periferia como cada vez mais no centro do capitalismo.  

A teoria da dependência na abordagem de Rui  Mauro Marini num dos clássicos da denominada  “Revolução Brasileira” a partir da coleção “Cadernos do  Povo Brasileiro” explica que o centro do capitalismo  explora a periferia a partir da mais valia ‘extraordinária” - através de baixíssimas remunerações salariais, precarização  do trabalho e formas tecnológicas híbridas que combinam o  “ideal dos mundos do capitalismo” – o trabalho por tempo e  por peça assim como na “uberização” e no trabalho intermitente e nos ganhos somente por produtividade como  também abordado por Marx no capítulo XVII do Capital. 

A educação do Paraná sofre exatamente desses  males que combinam sistema remoto híbrido no ensino à  distância – plataformas EaD, controle e vigilância  permanente no trabalho, uniformização das atividades  “pedagógicas” e contratos precários de trabalho para os  profissionais contratados sem concurso público e  desmanche da carreira dos já concursados. A tendência  destrutiva do capitalismo bate a porta dos países  desenvolvidos através das reformas previdenciárias e da  gradual perda da seguridade social como forma de realocar  os orçamentos públicos no mercado financeiro e nos  investimentos privados, além das terceirizações e  subcontratações típicas da denominada “Era da Indústria 4.0” com sua ideologia do “patrão sou eu mesmo” como no  assombroso e realístico filme britânico “Você não estava  aqui”, onde o capital aparece nas mais variadas formas,  inclusive nos aspectos subjetivos da vida psicossocial. 

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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Em busca da nação * Antonio Risério/BA


EM BUSCA DA NAÇÃO

ANTONIO RISÉRIO

INFORME BIOGRÁFICO

Antonio Risério (Salvador, 1953) é antropólogo, historiador, poeta e compositor. Participou de diferentes grupos que implantaram projetos culturais e sociais, como a televisão educativa da Bahia, a fundação Gregório de Mattos e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. É autor de roteiros de televisão e de cinema e publicou diversos estudos sobre questões humanas e sociais. Dentre seus trabalhos, estão O poético e o político e outros escritos (1988), A cidade no Brasil (2012) e A utopia brasileira e os movimentos negros (2007).

NOTA SOBRE O LIVRO
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Hoje à tarde ele chegou. Acho que nunca esperei tanto por um livro. Esse, lançado esse mês, espero alguém escrever desde os anos 90. De todas as categorias e conceitos das ciências humanas, nenhuma foi tão mal pensada e mal cuidada no Brasil como a ideia de Nação. Com o novo livro de Antonio Riserio, tiro um peso das costas quase ancestral. Finalmente um pensador de esquerda e progressista mergulha na ideia de nação para pensarmos o Brasil como comunidade imaginada, como comunhão de destino, como matéria de sonho coletivo de um povo que, como qualquer outra tradição, pulsa como possibilidade de reinvenção, de refundação. Com o livro de Riserio, a esquerda brasileira dá um salto essencial e fundamental adiante. Renovando o horizonte que sonharam José Bonifácio, Manoel Bomfim, Stefan Zweig, Álvaro Vieira Pinto, Darcy Ribeiro, Bautista Vidal, Cesar Benjamin. Como dizia Milton Santos, batendo na mesa e convocando a Geografia e as ciências humanas a pensar a consciência nacional: "Precisamos de Teses Indígenas"! Que a esquerda brasileira não se demore mais e abandone de vez os melindres suicidas de se recusar a pensar o Brasil como Nação. Ou a esquerda mergulha de cabeça na ideia de Nação como só possível se para Todos, ou seja como ente em si mesmo Socialista, ou a direita fascisto-ufanista vai nos roubar definitivamente a bandeira com consequências desastrosas para o país. Ainda dá tempo. Mas o bonde da história não vai esperar.

Via *Antônio Lisboa* 
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A VITÓRIA DA ESQUERDA * Wilson Coelho / ES

 A VITÓRIA DA ESQUERDA

Wilson Coêlho/ES


Qualquer luta necessita de uma organização e, para isso, criamos instituições. E as instituições são expressões da práxis humana nas suas contradições e surgem da necessidade de organizar o real. Mas elas só se constituem dentro de um modelo de ordem institucional dada e por si só não são capazes de decidir ou garantir que a humanidade vai para um lado ou para o outro, porque a práxis choca com a realidade e precisa romper com esses princípios no momento da luta. Karl Marx, em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte“, colocou de forma bem objetiva essa, quando afirma que “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. 


 Apesar da mídia da casa-grande apregoar que teve uma vitória sobre a senzala, ela se esquece de que também saímos vitoriosos, apesar de não termos ganhado nas urnas, o que também é um engodo levando em conta o número de prefeituras onde a esquerda se elegeu, além de diversos vereadores e vereadoras. Isso anula a pretensão da burguesia em acreditar que a esquerda está morta. Ela reagiu com força e dignidade e se fez presente diante do tabuleiro político e marcou presença no jogo do xadrez ideológico, afrontando a hegemonia do pensamento burguês, mesmo em desvantagem na questão econômica e vítima de fake news e muitas mentiras de desqualificar o adversário para não levar em conta as propostas políticas públicas. 


Assim, podemos afirmar que a esquerda saiu vitoriosa nessas eleições, considerando que ela se impôs e se fez protagonista, como dizia Torquato Neto, “desafinando o coro dos contentes”, mesmo com o projeto das classes dominantes em dizimá-la, desde o lançamento do livro “Orvil”, em 1985, logo depois que saímos do regime militar, além do evento de 2013, o golpe de 2016 e a eleição fraudada de 2018. A grande prova da vitória da esquerda é que ela retomou suas lutas e disputou as eleições no primeiro turno e conseguiu chegar ao segundo em muitas capitais e cidades importantes do país. Quer dizer que a esquerda poderia ter desaparecido do cenário político depois de tanta perseguição e opressão pela mídia a serviço das forças econômicas da burguesia, mas ela está presente e sempre se contrapondo aos projetos da dominação.


Ademais, o que não podemos é dispersar. Toda revolução é permanente. E foi por falta dessa consciência que vivemos esse retrocesso. Quando o PT estava no poder as bases relaxaram e se acomodaram por acreditarem ter ganho a guerra. Mas foi uma mera batalha e a burguesia nunca ia deixar por menos. E o fascismo é assim, por mais que depois ele seja violento, ele sempre nasce em silêncio e com jeitinho sempre que a esquerda relaxa e deixa acontecer os apagões na consciência de classes. Refiro-me às bases da sociedade em geral, não dá meia dúzia organizada setorialmente, embora mesmo essas quase sempre trabalham para dentro. Obviamente, o PT, como todos os partidos de esquerda são reféns do modelo de organização partidária da direita, ou seja, autoritário e centralizado, além de terem que cumprir com oss requisitos de organização legislados pela classe dominante. Talvez esse seja o ‘nó górdio” na dificuldade de abrangermos outros setores da classe oprimida da sociedade. Esse é um tema que precisa ser muito discutido para aprofundar e direcionar muitas de nossas práticas.


Por essas questões, a esquerda precisa entender que uma luta ainda maior começa agora e que já estava na hora de uma reorganização. Parece que até aqui, nessa eleição, foi apenas um ensaio. Não podemos nos dispersar e precisamos buscar formas de manter essas atrizes e esses atores que estiveram até agora que continuem em cena. Não em busca de espectadores, mas por um grande espetáculo capaz de romper as fronteiras entre palco e plateia. Tentar mudar a frase de Lima Barreto quando disse que "o Brasil não tem povo, tem público".


Para rompermos com a ideia de que o processo eleitoral seja suficiente para reverter os quadros de dominação, devemos levar em conta e reavaliar nossas formas de organização porque diversos movimentos sociais emergem no Brasil. Nessas eleições, além de alguns prefeitos, foram mais de 50 quilombolas que chegam ao cargo de vereadores em diversas câmaras, líderes indígenas, mulheres, inclusive, negras. Nesse sentido, faz-se necessário rever as lógicas institucionais dos partidos de esquerda para entender e incluir as lógicas dos movimentos sociais. Não podemos viver a ilusão de que podemos instaurar uma democracia a partir do voto, quando as eleições são controladas pelo poder econômico.

Temos que combater a política do ressentimento que coloca brasileiros contra brasileiros, oprimidos contra oprimidos, vítimas contra vítimas por serem iludidos com uma realidade apresentada pela classe dominante dos grandes negócios e com orientações racistas e sexistas. Precisamos entender que o povo brasileiro não é um povo de direita e muito menos de extrema direita ou fascista, mas diagnosticar em que momento e em que circunstância esse povo é manipulado por forças de extrema direita. Trata-se de entender que o pensamento de uma sociedade dividida em classes é o pensamento da classe dominante que tem sobre a dominada todos os mecanismos de formação e informação.


Wilson Coelho - Es

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

EL CORONEL TIENE QUIEN LE ESCRIBA # Camilo Katari / Bolívia

 EL CORONEL TIENE QUIEN LE ESCRIBA

-Gen Willians Kaliman, que ordenou a renúncia de Evo-
-Documentário sobre os generais envolvidos no golpe boliviano

Camilo Katari/Bolivia


“Sólo cumplía órdenes” es la frase muy conocida de quienes ordenaron y dirigieron tropas para reprimir al pueblo, Argentina, Chile, Uruguay, Paraguay, Brasil, fueron testigos de este tipo de respuestas luego de las dictaduras de los años 70.


Las FFAA “no delibera y está sujeta a las leyes y a los reglamentos militares” señala el artículo 245 de la CPE, y en este cuerpo de la “ley mayor” del Estado se puede leer también que: “Quienes violen  los derechos establecidos en esta Constitución serán objeto de proceso penal por atentar contra los derechos” (Art.139 inciso II), por eso extraña, la reacción del Alto Mando Militar que salió a declarar que fue “desconcertante” la detención del Comandante que dirigió la represión en Sacaba (Cochabamba – Bolivia) en la que murieron 20 personas. Esta declaración ha tenido su efecto y cientos de personas pertenecientes a los grupos paramilitares, junto a familiares y militantes del golpe de Estado, se agolparon en las puertas del Juzgado en la ciudad de Sacaba, declarando la inocencia del militar.


Sabemos que los militares estudian estrategia, saben de planificación y los escenarios posibles, eso fue lo que pasó en estos días; las declaraciones del Alto Mando Militar estaban encaminadas a preparar los ánimos para la reacción de los actores del golpe de Estado y nuevamente demostrar que están “vivitos y coleando” con su dosis de violencia y coerción psicológica.


No se ha desmontado la maquinaria golpista, que ha tenido largos años de organización y es más, existen denuncias, que señalan que los golpistas se encuentran en las mismas reparticiones del gobierno, nombres y fotografías circulan en las redes sociales como respaldo de estas denuncias y oficialmente no se conoce una respuesta.


En la historia boliviana, los “pequeños” descuidos han creado grandes problemas, por ejemplo descuidar la ocupación del territorio del Acre, dejar que los terceros, en una elección, sean gobierno, permitir que la religión intervenga abiertamente en política partidaria, “borrón y cuenta nueva” no es una forma de gobierno que tenga  coherencia con su propuesta de cambiar el Estado.


La fragilidad de un “estado de derecho” se encuentra a la vista, cuando vemos que se permiten acciones violentas como el maltrato a una Alcaldesa, cuando se utiliza violencia física con representantes nacionales por el sólo hecho de vestir con polleras andinas. 


La conciliación, entendida como acuerdo, no significa impunidad ni tampoco es capitulación, la persistencia de discursos golpistas, o mantener a “topos” en los  ministerios debe tener una respuesta del gobierno, que dé certeza de memoria, verdad y justicia.    


Mientras el coronel, tenga quien le escriba carteles, alegando su inocencia, el peligro de otro golpe de Estado estará siempre presente.

 

#CamiloKatari, escritor e historiador boliviano.


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Militarismo Utilitário e Escolas de Preparação Doutrinárias PARTE 2 * Reinaldo Conceição da Silva / SP

Militarismo Utilitário e Escolas de Preparação Doutrinárias
 PARTE 2
Na parte 1 desse texto me empenhei em esboçar as conjunturas históricas e as configurações sócio-estruturais específicas nesse alinhamento histórico que projetaram base para a formulação da doutrina militar de contigenciamento e a Doutrina de segurança nacional, lembramos que a doutrina militar de atuação tem origens liberais positivistas Francesas nas guerras napoleônicas, amplamente difundida no ocidente pela sua gene Liberal.
 Em análise sistêmica trabalhamos no primeiro texto dessa obra com um necessário procedimento de compreensão sobre essas doutrinas e suas bases de implementação, ou seja... Nas Academias e escolas Civil-Militares, compreendemos que o alimento a aplicação sistêmica dessas doutrinas é claramente observável pelos métodos operacionais base da burguesia nacional frente as configurações que o capital projeta dentro das institucionalidades do Estado burguês. Ainda na parte 1 desta obra já demonstramos que as escolas Cívicos-militares jamais garantirão uma melhor performance pedagógica frente as escolas públicas. Agora nesse texto trabalharemos com a hegemonização social, as consequências sociologicas desse processameto em conversão da Doutrina militar em senso comum.  Até porque diferente das objetivações de esquerda, a Direita sempre vive do senso comum.
  1. Hegemonização sócio-cognitiva do militarismo, o Crepúsculo da civilidade.
O Capital sempre projeta no Estado sua base de articulações onde toda a burguesia se reúne como classe, independente se elas competem entre si em suas ramificações de atividades em atuação econômica de modo a atentar seus objetivos contra a classe trabalhadora de acordo com as condições específicas do cenário dessa luta de classes e das disputas de poder sobre o gerenciamento de respectivas articulações materiais, também relativas as configurações estruturais especificas sobre processamento temporal.
 Claro que diferentemente da classe trabalhadora a Burguesia possui mecanismos de dissuação, de modo a desvirtuar os trabalhadores de sua condição social nessa luta, veículos midiáticos, religiões, programas de entretenimento, jornalismo factual porém ideológico, toda uma gama na qual o pensamento burguês se hegemoniza ao ponto de se converter em senso comum. As possibilidades de hegemonização de um pensamento com base popular existem, porém são relativas as necessidades de um acirramento da própria luta de classes em suas porpoções e exigem um longo processo de compreensão intelectual para formalizar conciência de classes. E isso exige o domínio progressivo da compreensão sobre as articulações sociais complexas que nos condicionam as configurações estruturais e factuais que estamos inseridos e os riscos inerentes. O Pensamento burguês evita essas complexibilidades e contando com os mecanismos que a classe capitalista dispõe, o pensamento burguês se dinamiza ao ponto de se tornar o senso comum da vez.  Como a Direita e a Extrema Direita se aproveitaram de condições estruturais específicas que a luta de classes lhes porpocionou acoplados ao fato da ineficácia dos partidos e movimentos de Esquerda sobre uma tentativa continua de conciliação, o consenso de Anti-corrupção (ideologia de classe média) se propagou a tal modo a trazer de volta uma necessidade de uma prerrogativa de segurança cívica. Base para a efetivação e consolidação de poder daqueles que tem essa prerrogativa como base Política e econômica de atuação.
 E claro... Aqueles que dependem dessa prerrogativa uma vez inseridos no poder precisam fazer de tudo para que essa prerrogativa se sustente de modo a manter seguridades de bases operacionais do próprio capital em suas projeções.
 Por isso em nosso caso como exemplo a importância das escolas Cívicos-militares. Não para trazer uma pedagogia sofisticada mas sim para efetivar uma Doutrina obsoleta !!! 
 Eles mesmos que acusavam a Esquerda de promover Doutrinação ideológica....

       2.  Consequências factuais. A sócio-cognição da Besta !!!

 O militarismo Utilitário brasileiro tem e possui um forte aparato dogmático em suas doutrinas, e estabelecem hierarquias para que essas doutrinas sejam mantidas a qualquer custo, desde humilhações vexatórias até treinamentos cujo o fundamento está na humilhação humana. E isso de longe está para um treinamento tático de combate.
 Até porque as doutrinas militares instituídas existem para fortificar hierarquias e as hierarquias existem para manter tais doutrinas. É um ciclo vicioso !!!  Isto repassado sistematicamente as escolas de atendimento civil mas administradas por militares de modo sistemático, desqualificam qualquer fundamento sociologicamente instituido a um centro educacional.  A Doutrina toma para si o fundamento da instituição o desviando de sua objetivação fundamental. Porque o importante não é o conteúdo desenvolvido, mas sim a obediência a doutrina.  Resultado disso ??? Desqualificação do processo pedagógico, porém rigidez de comandos específicos. Desnecessários porque claramente a maioria dos alunos jamais terá função militar. 
 O Brasil não tem estrutura para suportar uma guerra e suas condições dadas pela divisão organizatória do trabalho em escala internacional condicionadas pelo capital não abrem margem desse tipo ao Brasil.  Como o Prof. Paulo Ghiraldelli diz... As escolas e academias militares formam um monte de gente burra vestidas de azeitona.

    3. Burrice Generalizada o Gozo dos Sacanas.

Com a constante desindustrialização, predominante no Neo-liberialismo, insulflando programas pedagógicos mais básicos para uma mão de obra cada vez mais precoce e precarizada notamos uma capacitação pedagógica e intelectual cada vez mais escassa.  Com a aquisição de escolas Cívicos-militares o quadro se agrava, até porque o programa pedagógico perde relevância, uma vez que o mercado de trabalho não exige mais mão de obra técnica especializada. Empurrados para a Direita política devido a doutrina implementada nas academias e escolas Cívicos-militares baseadas no modo conservador de programação doutrinária de base os militares acabam adquirindo um consenso antiquado da sociedade, mesmo seu índice educacional ser relativamente alto.
 Portanto índice educacional relativamente alto não quer dizer conteúdo crítico avançado !!!
 Até porque como dito devido a fatores mencionados na parte 1 e nesse texto, o programa pedagógico não precisa de um conteúdo sofisticado.
 Porém com um processo crítico escasso sobre a condução histórica da sociedade e seus modos específicos de organização tal compreensão sociologica baixa serve como base de atuação de maus intencionados e descarados que da situação se aproveitam para lambuzar o capital de forma grosseira e ilegal.  Assim como as milícias em grupos que vem de regimentos militares (não generalizando os militares aqui) que da situação econômica estrutural e histórica lançam mão em novas áreas de empreendimento ilegais e as Igrejas Evangélicas, principalmente as Neo-pentecostais que exploram as fragilidades psíquico-emocionais e a falta de senso crítico profundo de seus fiéis com teologias elaboradas de modo a desenvolver novas áreas de processões automatizadas, articulatórias do capital de modo imoral, desprezível e ilegal.

Reinaldo Conceição da Silva/SP

sábado, 14 de novembro de 2020

Realizado o Encontro Mundial da Classe Operária Antiimperialista * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT/BR

  Realizado o Encontro Mundial da Classe Operária Antiimperialista

 
Foi realizado nos dias 12 e 13 de novembro, o Encontro Mundial da Classe Operária Antiimperialista direto de Caracas, Venezuela. O evento, articulado pelas mídias digitais devido à pandemia de covid-19, foi convocado pela Plataforma de la Clase Obrera Antiimperialista (PCOA), impulsionada pela Vice Presidência da Classe Operária do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e pela Central Bolivariana Socialista dos Trabalhadores da Cidade, Campo e Pesca (CBST-CCP).

O Encontro reuniu mais de 300 trabalhadores e 61 delegações dos cinco continentes. Diversas organizações sindicais, populares e partidos operários se fizeram presentes. Particularmente do Brasil, participaram, além da Frente Revolucionária dos Trabalhadores (FRT), delegados da central Intersindical e do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Foram organizadas duas mesas de trabalho, onde se debateu a necessidade de impulsionar em nível internacional, um conjunto de lutas sistemáticas contra as políticas econômicas neoliberais e os ataques imperialistas contra os povos. Segundo o camarada Nelson Herrera, comissário geral da PCOA, “A covid-19 tem desmascarado o capitalismo, removeu o véu. Os trabalhadores fortalecerão a unidade para enfrentar as corporações financeiras subservientes ao capitalismo”.

Para o líder sindical palestino Imad Temeiza, “É necessário aumentar a solidariedade humana em todos os níveis (...) para apoiar os povos que lutam contra os bloqueios econômicos e o imperialismo”. Karen Jarred, militante da Coalização de Sindicalistas Negros dos Estados Unidos e Canada, denunciando a pátria imperialista ianque, afirmou que “O covid-19 tem exposto as verdadeiras condições de exclusão social, em que vivem muitas mulheres, homens e crianças da classe trabalhadora estadunidense e canadense(...)o imperialismo nos está matando, o assassinato a sangue frio de George Floyd pôs no mapa esta situação(...)”.

O presidente bolivariano da Venezuela Nicolas Maduro, presente no encontro, por sua vez afirmou: “Cada povo seguirá seu próprio caminho, seus próprios líderes, nós temos encontrado o nosso caminho, o socialismo do século XXI”. Ainda segundo Maduro: “Ademais tentaram me assassinar por ordem de Donald Trump e as oligarquias mundiais, porém a Venezuela está de pé, na batalha e na vitória, seguiremos nosso caminho”.

Diversas outras intervenções antiimperialistas e em defesa da Venezuela por parte dos delegados operários, foram saudadas com entusiasmo. Nas mesas de trabalho se discutiu propostas e planos de organização em nível internacional contra o imperialismo. Além disso foi debatido projetos entorno da implementação de um ambicioso trabalho de comunicação anti-hegemônica, para fazer frente a guerra psicológica de quinta geração arquitetada pelo imperialismo com o auxílio da imprensa burguesa mundial contra os trabalhadores e países alvos da sanha golpista como Venezuela, Cuba, Irã, etc.

O companheiro Roberto Bergoci, representando a Frente Revolucionária dos Trabalhadores do Brasil, propôs “A formação de núcleos da PCOA nos países onde possuímos militantes, ativistas ou simpatizantes; estes núcleos precisam ser órgãos atuantes em seus países, divulgando através de um sério trabalho de imprensa e comunicação, os interesses dos trabalhadores e dos povos que lutam heroicamente contra a besta imperialista(...)que as atividades desses núcleos sejam centralizadas, articuladas e coordenadas pelos órgãos centrais da PCOA, afim de coordenar internacionalmente a luta revolucionária e antiimperialista”.

Ainda segundo Bergoci, “A atual fase de completa mundialização e apodrecimento do capitalismo, expressada nas políticas neoliberais em todo o globo, torna ainda mais imperiosa a necessidade de os trabalhadores lutarem e combaterem o capitalismo e o imperialismo internacionalmente(...)O internacionalismo proletário e a revolução socialista nunca foram tão urgentes e necessários como em nossa época de turbulências, questão decisiva mesmo para a sobrevivência da humanidade”.

O Encontro Mundial dos Trabalhadores foi um importante passo no sentido de articular em nível para além das fronteiras nacionais, a luta proletária e popular. Neste sentido, a PCOA já se coloca concretamente como uma entidade de Frente Revolucionária Antiimperialista Internacional, algo da maior importância para as lutas de classes da atualidade, devendo portanto, ser saudada por todos os explorados e oprimidos do mundo.

A Frente Revolucionária dos Trabalhadores do Brasil, no melhor espirito do internacionalismo proletário, brinda a vitoriosa e histórica iniciativa da PCOA, que se propõe levar adiante a grande lição de nossos mestres Karl Marx e Friedrich Engels: “Trabalhadores de todos os países , uni-vos!”.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política inacreditável # Por Eduardo Morelli

 Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política  inacreditável

Por Eduardo Morelli  

Não é só nos EUA em que a dita “esquerda” adotou o apoio incondicional ao Joe Biden como  maneira de combater o que acreditam ser um “mal maior”, numa interpretação maniqueísta do  Mundo inacreditável. Esta disputa e linha de raciocínio também está presente no Brasil – algo que  inclusive antecede as Eleições americanas se considerarmos que por estas bandas rola a tentativa de  se emplacar uma “frente amplíssima”, ou seja, uma “corrente pra frente” que aglutina os mais  variados setores e cores que incluem – PASMEM – os próprios arquitetos do Golpe de Estado de  2016 em nome do combate ao Bolsonaro. Esta política, além de anistiar os arquitetos da destruição  do Brasil de forma escandalosa, coloca a esquerda brasileira no bolso dos Neoliberais que utilizam  esta ingenuidade para reforçar o apoio contra a Extrema-Direita, polarizando com esta e  transmitindo uma imagem de santidade valiosa no jogo propagandístico controlado pela própria  Burguesia. Com esta manobra, os Neoliberais dissimulam uma realidade falsa onde acabam sendo  vendidos como “civilizados”. 

Não devemos esquecer que os próprios setores que hoje batem em Bolsonaro – uma boa parte  deles – endossou ativamente o Bolsonarismo no passado quando este era interessante no caminho  de criminalização do PT. Hoje, com os escombros do Golpe de 2016, a manipulação do horizonte de  eventos é tamanha que rapidamente estes setores neoliberais se movimentam no sentido de  polarizar com o “selvagem” Bolsonaro. Colocam a própria esquerda dentro do seu hall de  apoiadores. O objetivo é limpar a cara, não ficar mais com a pecha pública de golpistas mas com a  pecha de “civilizados” contra a “barbárie”. Esta narrativa é facilmente detectada como uma enorme  farsa e seria, em condições normais de “tempo e temperatura” amplamente denunciada pelas forças  progressistas. Não fosse o fato da esquerda pequeno-burguesa ser um fenômeno  contrarrevolucionário de peso que passou a integrar o cenário de diversas sociedades Mundo afora.  O surgimento da esquerda pequeno-burguesa é um dos grandes assuntos que devem ser tratados  de forma cuidadosa dentro da Esquerda mundial porque envolve uma enorme confusão política. 

Em primeiro lugar, uma boa parte da esquerda não domina uma série de categorias analíticas  fundamentais como “imperialismo”, “correlação de forças”, “luta de classes” e etc. Acreditam que a  luta política se dá em torno de debates “morais” e de natureza ligada à estética e à identidade:  como gênero, raça, gostos, estilos de vestimenta e etc. Trata-se de uma esquerda incapaz de 

entender a própria História e o que é a luta de classes. O que explica tamanha ignorância que não a  penetração no Brasil de várias vertentes pós-estruturalistas e pós-modernas que tiveram grande  ascendência em ambiente acadêmico? Este fenômeno é conhecido. Uma boa parte desta esquerda  não consegue se identificar mais como classe trabalhadora de fato. Se identificam como intelectuais  que se destacaram por lerem livros mais do que outros trabalhadores, por isso acreditam terem  mudado de “status social”. Talvez uma das explicações para este fenômeno seja o fato destes  setores integrarem um amplo leque de “colaboradores” no ramo de serviços e terem como  benefício um assalariamento advindo de uma redistribuição de mais-valia na própria dinâmica vista  dentro do Capitalismo financeiro. Não é de se surpreender, por exemplo, que partidos como o PSOL  tentam, o tempo inteiro, desvincular-se da pecha de extremistas – alegando serem favoráveis ao  “Socialismo e Liberdade”. Que espécie de socialista é capaz de adjetivar o Socialismo? Para qualquer  indivíduo bem informado, Socialismo já é sinônimo de liberdade – não há a necessidade de tentar  mostrar uma “cara” de “bonzinho”. Só é capaz de tentar “sair bonito” na foto aquele que acha que a  discussão política opera em nível de identidade e, pior do que isso, em nível de Eleições burguesas. A  esquerda pós-moderna é linha auxiliar da Burguesia 100% ao acreditar que as instituições burguesas  abrem concessões sem ter a menor ideia do que é de fato o Estado e sem o menor senso crítico do  que são as instituições burguesas. 

Da mesma maneira que essa esquerda acredita ser premiada com a meritocracia por ter lido mais  livros que outros trabalhadores e mergulhar num Mundo especial por isso, acreditam também que  no Mundo da Realpolitik as coisas funcionariam da mesma forma, ou seja, o empenho  propagandístico os levarão rapidamente à lacração no Congresso Nacional. Não nos surpreendamos  entretanto que uma boa parte desta esquerda mais dia, menos dia passa a apoiar as mesmas  plataformas políticas da Direita Neoliberal no Congresso tendo se fundido organicamente ao sistema  da própria Burguesia. Para tal, colecionam-se exemplos dentro e fora do Brasil. A alta burguesia  obviamente tira proveito disso, ri da ingenuidade alheia. Mas esta discussão irá longe e embora  esteja relacionada à “esquerda colorida” dos EUA e movimentos orbitais, merece uma análise  específica e caudalosa. 

Psicologia da esquerda pequeno-burguesa à parte, nos atentemos aos fatos: qual é a lógica destas  “esquerdas” em apoiar ativamente a eleição de Joe Biden? A lógica seria esta: Joe Biden não é  Bernie Sanders mas, apesar dos pesares tem uma “aparência de pessoa civilizada”. Donald Trump é  o detentor de todo o mal que o Mundo viu nos últimos tempos, afinal ele seria o responsável por  alimentar e retroalimentar os terraplanistas e negacionistas dos EUA. Para estes, o terraplanismo e o  negacionismo são mais inaceitáveis que a criminosa política dos Democratas levada adiante nos anos  de Barack Obama. Aliás, poucos historiadores fora do eixo da Eurásia têm vindo à tona para  denunciar os crimes contra a Humanidade perpetrados na gestão Obama em nível internacional.  Espera-se que pouco a pouco, novos e numerosos historiadores façam a devida recuperação da  História recente do Mundo justamente para que certas ilusões pequeno-burguesas sejam  interceptadas ou mesmo denunciadas. “Mas Trump separou famílias e enjaulou crianças na fronteira  México-EUA”, dizem eles. O que poucos sabem é que esta política criminosa tem a sua origem na  gestão dos Democratas. Como dar conta de tal? Além do mais, não nos esqueçamos que o Muro na  Fronteira com o México começou a ser erguido nos anos de George W. Bush – O MESMÍSSIMO que  hoje pede votos a Biden, o “humanitário”. Como explicar tal fato? “Mas Trump espalha Fake News  no Twitter”, dizem eles. 

Bem, se o problema for Fake News, não devemos nos esquecer que os grandes Conglomerados de  Mídia praticam Fake News o tempo inteiro, mesmo antes da onda de Fake News ganhar as redes  sociais. Mas se quisermos trazer o assunto para os dias atuais, as famigeradas fotos de crianças  enjauladas na fronteira México-EUA foram tiradas em Junho de 2014 e só foram vinculadas à Donald 

Trump em junho de 2018 quando o cineasta Jon Favreau utilizou as fotos para incriminar a política  de tolerância zero na fronteira do México com o Arizona. Quando denunciado, Favreau se desculpou  – fato este que não repercutiu na grande imprensa americana e mundial – um caso claro de  manipulação de informação. Não quero dizer com isso que Trump não seja favorável à deportação  de imigrantes e criminalização destes. A respeito da política racista e xenofóbica de Donald Trump  não deve recair nenhuma dúvida, o que nos chama a atenção no entanto é saber que estes mesmos  crimes já ocorreram em gestões dos Democratas que hoje posam de “civilizados” diante da  “barbárie”. Que esquerda é capaz de não detectar esta falcatrua? Somente a esquerda pequeno burguesa que acredita que a Política é um tema de aparências. Trump é um homem mau e isso é o  bastante. 

Mas e quanto à análise crítica sobre o Imperialismo? Inexiste entre a esquerda pequeno-burguesa e  muito menos a esquerda norte-americana qualquer conhecimento ou avaliação de uma categoria de  análise fundamental como esta. Inclusive, uma boa parte da esquerda por não conhecer esta  categoria analítica chamada “Imperialismo” – vinculam-na à discursos extremistas. Acham  ingenuamente e de forma flagrantemente ignorante se tratar de um tema menor. Não fazem a  menor ideia do quão fundamental é o o conceito de Imperialismo. Talvez a ignorância destes elos da  esquerda seja tamanha que possivelmente até mesmo confundam a expressão “Imperialismo” com  os Impérios da Antiguidade e o questionam, achando que quem utiliza estas terminologias esteja  praticando “anacronismo histórico”. Vejam vocês à que ponto de ignorância nós chegamos! E  acreditem, são provenientes do Mundo mágico das Universidades! Ao desconhecerem esta  terminologia contemporânea do “Imperialismo”, ficam à margem de uma série de informações e  fenômenos econômicos e geopolíticos. A burguesia esboça um enorme sorriso com a vaidade cega  da pequeno-burguesia e eventualmente até a apoia, quando necessário. Ou vocês acham que  Ocasio-Cortez tornou-se uma deputada influencer por acaso? 

Obama e os democratas são hoje vendidos como “socialistas” – vejam vocês à que ponto chegamos!  Por ser de origem étnica distinta do tradicional “WASP” (White Anglo-Saxon Protestant), Obama  teve total condição de alimentar atrocidades na Líbia, na Síria, no Egito, na América Latina. Afinal de  contas, Obama é negro, se ele é negro então ele é de “esquerda”. 

Para que tenhamos uma ideia da cegueira desta esquerda que embarcou no apoio a Joe Biden,  devemos observar que todo o Establishment odioso do Deep State americano também embarcou  num apoio ativo a Biden. Não devemos nos esquecer – e infelizmente essa esquerda adora esquecer  dados – mas Joe Biden conta hoje com apoio de setores dissidentes de Donald Trump dentro do  próprio Partido Republicano. Que setores são esses? Nada mais, nada menos que a ala dos Bush!  Sim, George W. Bush e familiares apoiam ativamente a candidatura de Joe Biden contra o  “malévolo” Donald Trump. 

Outra coisa que não fecha nesta conta é a falta de desconfiança que as forças políticas que se  declaram de esquerda em relação ao comportamento da Grande imprensa monopolista. Há algo  errado e no mínimo suspeito quando quase de forma unânime a imprensa monopolista Mundial  fecha um apoio ativo à Joe Biden. Será que a Imprensa Monopolista tornou-se cristã católica? Será  que chegaremos à este ponto de ingenuidade? Esse assunto passa completamente despercebido de  uma boa parte dos apoiadores esquerdistas de Joe Biden, como se os grandes Conglomerados de  mídia fossem “entes” imparciais do Mundo que nada tiveram ou têm a ver com as falcatruas do Grande Capital pelo Planeta Terra. Em que mundo pensam que vivem? 

odos estes fatos nos levam a uma única conclusão, a esquerda pequeno-burguesa é um assunto a  ser problematizado, discutido e questionado. Não há mais a possibilidade de convivermos com esse  nível de interpretação da realidade em meio à Crise Capitalista. A Burguesia agradece aos céus todos 

os santos dias pela inoperância e incapacidade analítica de amplos setores de oposição ou que se  declaram oposição. As eleições nos EUA são uma lição para o Brasil. Fiquemos atentos porque não  será surpresa se setores ativos do Golpe de Estado se apresentarem como “salvadores da Pátria”  contra o selvagem Bolsonaro com amplíssimo apoio de toda a esquerda cirandeira. Estará  constituído aí um enorme Golpe dentro do Golpe. É necessário mobilizar um enorme programa de  agitação política que denuncie TODA a Direita. Bolsonaro é o RESULTADO direto da Operação Lava jato, da sanha golpista do PSDB e de forma alguma devemos acreditar que estes sejam “civilizados”  contra Bolsonaro. O fascismo não é um “ente” que caiu do céu. O fascismo é o próprio instrumental  que a Burguesia mobiliza para salvar sua pele nos momentos mais críticos e a Burguesia se  desvincula do fascismo sempre quando lhe é conveniente. Não é papel da esquerda que realmente  esteja interessada transformar a realidade fazer parte deste teatro de fantoches.

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