quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política inacreditável # Por Eduardo Morelli

 Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política  inacreditável

Por Eduardo Morelli  

Não é só nos EUA em que a dita “esquerda” adotou o apoio incondicional ao Joe Biden como  maneira de combater o que acreditam ser um “mal maior”, numa interpretação maniqueísta do  Mundo inacreditável. Esta disputa e linha de raciocínio também está presente no Brasil – algo que  inclusive antecede as Eleições americanas se considerarmos que por estas bandas rola a tentativa de  se emplacar uma “frente amplíssima”, ou seja, uma “corrente pra frente” que aglutina os mais  variados setores e cores que incluem – PASMEM – os próprios arquitetos do Golpe de Estado de  2016 em nome do combate ao Bolsonaro. Esta política, além de anistiar os arquitetos da destruição  do Brasil de forma escandalosa, coloca a esquerda brasileira no bolso dos Neoliberais que utilizam  esta ingenuidade para reforçar o apoio contra a Extrema-Direita, polarizando com esta e  transmitindo uma imagem de santidade valiosa no jogo propagandístico controlado pela própria  Burguesia. Com esta manobra, os Neoliberais dissimulam uma realidade falsa onde acabam sendo  vendidos como “civilizados”. 

Não devemos esquecer que os próprios setores que hoje batem em Bolsonaro – uma boa parte  deles – endossou ativamente o Bolsonarismo no passado quando este era interessante no caminho  de criminalização do PT. Hoje, com os escombros do Golpe de 2016, a manipulação do horizonte de  eventos é tamanha que rapidamente estes setores neoliberais se movimentam no sentido de  polarizar com o “selvagem” Bolsonaro. Colocam a própria esquerda dentro do seu hall de  apoiadores. O objetivo é limpar a cara, não ficar mais com a pecha pública de golpistas mas com a  pecha de “civilizados” contra a “barbárie”. Esta narrativa é facilmente detectada como uma enorme  farsa e seria, em condições normais de “tempo e temperatura” amplamente denunciada pelas forças  progressistas. Não fosse o fato da esquerda pequeno-burguesa ser um fenômeno  contrarrevolucionário de peso que passou a integrar o cenário de diversas sociedades Mundo afora.  O surgimento da esquerda pequeno-burguesa é um dos grandes assuntos que devem ser tratados  de forma cuidadosa dentro da Esquerda mundial porque envolve uma enorme confusão política. 

Em primeiro lugar, uma boa parte da esquerda não domina uma série de categorias analíticas  fundamentais como “imperialismo”, “correlação de forças”, “luta de classes” e etc. Acreditam que a  luta política se dá em torno de debates “morais” e de natureza ligada à estética e à identidade:  como gênero, raça, gostos, estilos de vestimenta e etc. Trata-se de uma esquerda incapaz de 

entender a própria História e o que é a luta de classes. O que explica tamanha ignorância que não a  penetração no Brasil de várias vertentes pós-estruturalistas e pós-modernas que tiveram grande  ascendência em ambiente acadêmico? Este fenômeno é conhecido. Uma boa parte desta esquerda  não consegue se identificar mais como classe trabalhadora de fato. Se identificam como intelectuais  que se destacaram por lerem livros mais do que outros trabalhadores, por isso acreditam terem  mudado de “status social”. Talvez uma das explicações para este fenômeno seja o fato destes  setores integrarem um amplo leque de “colaboradores” no ramo de serviços e terem como  benefício um assalariamento advindo de uma redistribuição de mais-valia na própria dinâmica vista  dentro do Capitalismo financeiro. Não é de se surpreender, por exemplo, que partidos como o PSOL  tentam, o tempo inteiro, desvincular-se da pecha de extremistas – alegando serem favoráveis ao  “Socialismo e Liberdade”. Que espécie de socialista é capaz de adjetivar o Socialismo? Para qualquer  indivíduo bem informado, Socialismo já é sinônimo de liberdade – não há a necessidade de tentar  mostrar uma “cara” de “bonzinho”. Só é capaz de tentar “sair bonito” na foto aquele que acha que a  discussão política opera em nível de identidade e, pior do que isso, em nível de Eleições burguesas. A  esquerda pós-moderna é linha auxiliar da Burguesia 100% ao acreditar que as instituições burguesas  abrem concessões sem ter a menor ideia do que é de fato o Estado e sem o menor senso crítico do  que são as instituições burguesas. 

Da mesma maneira que essa esquerda acredita ser premiada com a meritocracia por ter lido mais  livros que outros trabalhadores e mergulhar num Mundo especial por isso, acreditam também que  no Mundo da Realpolitik as coisas funcionariam da mesma forma, ou seja, o empenho  propagandístico os levarão rapidamente à lacração no Congresso Nacional. Não nos surpreendamos  entretanto que uma boa parte desta esquerda mais dia, menos dia passa a apoiar as mesmas  plataformas políticas da Direita Neoliberal no Congresso tendo se fundido organicamente ao sistema  da própria Burguesia. Para tal, colecionam-se exemplos dentro e fora do Brasil. A alta burguesia  obviamente tira proveito disso, ri da ingenuidade alheia. Mas esta discussão irá longe e embora  esteja relacionada à “esquerda colorida” dos EUA e movimentos orbitais, merece uma análise  específica e caudalosa. 

Psicologia da esquerda pequeno-burguesa à parte, nos atentemos aos fatos: qual é a lógica destas  “esquerdas” em apoiar ativamente a eleição de Joe Biden? A lógica seria esta: Joe Biden não é  Bernie Sanders mas, apesar dos pesares tem uma “aparência de pessoa civilizada”. Donald Trump é  o detentor de todo o mal que o Mundo viu nos últimos tempos, afinal ele seria o responsável por  alimentar e retroalimentar os terraplanistas e negacionistas dos EUA. Para estes, o terraplanismo e o  negacionismo são mais inaceitáveis que a criminosa política dos Democratas levada adiante nos anos  de Barack Obama. Aliás, poucos historiadores fora do eixo da Eurásia têm vindo à tona para  denunciar os crimes contra a Humanidade perpetrados na gestão Obama em nível internacional.  Espera-se que pouco a pouco, novos e numerosos historiadores façam a devida recuperação da  História recente do Mundo justamente para que certas ilusões pequeno-burguesas sejam  interceptadas ou mesmo denunciadas. “Mas Trump separou famílias e enjaulou crianças na fronteira  México-EUA”, dizem eles. O que poucos sabem é que esta política criminosa tem a sua origem na  gestão dos Democratas. Como dar conta de tal? Além do mais, não nos esqueçamos que o Muro na  Fronteira com o México começou a ser erguido nos anos de George W. Bush – O MESMÍSSIMO que  hoje pede votos a Biden, o “humanitário”. Como explicar tal fato? “Mas Trump espalha Fake News  no Twitter”, dizem eles. 

Bem, se o problema for Fake News, não devemos nos esquecer que os grandes Conglomerados de  Mídia praticam Fake News o tempo inteiro, mesmo antes da onda de Fake News ganhar as redes  sociais. Mas se quisermos trazer o assunto para os dias atuais, as famigeradas fotos de crianças  enjauladas na fronteira México-EUA foram tiradas em Junho de 2014 e só foram vinculadas à Donald 

Trump em junho de 2018 quando o cineasta Jon Favreau utilizou as fotos para incriminar a política  de tolerância zero na fronteira do México com o Arizona. Quando denunciado, Favreau se desculpou  – fato este que não repercutiu na grande imprensa americana e mundial – um caso claro de  manipulação de informação. Não quero dizer com isso que Trump não seja favorável à deportação  de imigrantes e criminalização destes. A respeito da política racista e xenofóbica de Donald Trump  não deve recair nenhuma dúvida, o que nos chama a atenção no entanto é saber que estes mesmos  crimes já ocorreram em gestões dos Democratas que hoje posam de “civilizados” diante da  “barbárie”. Que esquerda é capaz de não detectar esta falcatrua? Somente a esquerda pequeno burguesa que acredita que a Política é um tema de aparências. Trump é um homem mau e isso é o  bastante. 

Mas e quanto à análise crítica sobre o Imperialismo? Inexiste entre a esquerda pequeno-burguesa e  muito menos a esquerda norte-americana qualquer conhecimento ou avaliação de uma categoria de  análise fundamental como esta. Inclusive, uma boa parte da esquerda por não conhecer esta  categoria analítica chamada “Imperialismo” – vinculam-na à discursos extremistas. Acham  ingenuamente e de forma flagrantemente ignorante se tratar de um tema menor. Não fazem a  menor ideia do quão fundamental é o o conceito de Imperialismo. Talvez a ignorância destes elos da  esquerda seja tamanha que possivelmente até mesmo confundam a expressão “Imperialismo” com  os Impérios da Antiguidade e o questionam, achando que quem utiliza estas terminologias esteja  praticando “anacronismo histórico”. Vejam vocês à que ponto de ignorância nós chegamos! E  acreditem, são provenientes do Mundo mágico das Universidades! Ao desconhecerem esta  terminologia contemporânea do “Imperialismo”, ficam à margem de uma série de informações e  fenômenos econômicos e geopolíticos. A burguesia esboça um enorme sorriso com a vaidade cega  da pequeno-burguesia e eventualmente até a apoia, quando necessário. Ou vocês acham que  Ocasio-Cortez tornou-se uma deputada influencer por acaso? 

Obama e os democratas são hoje vendidos como “socialistas” – vejam vocês à que ponto chegamos!  Por ser de origem étnica distinta do tradicional “WASP” (White Anglo-Saxon Protestant), Obama  teve total condição de alimentar atrocidades na Líbia, na Síria, no Egito, na América Latina. Afinal de  contas, Obama é negro, se ele é negro então ele é de “esquerda”. 

Para que tenhamos uma ideia da cegueira desta esquerda que embarcou no apoio a Joe Biden,  devemos observar que todo o Establishment odioso do Deep State americano também embarcou  num apoio ativo a Biden. Não devemos nos esquecer – e infelizmente essa esquerda adora esquecer  dados – mas Joe Biden conta hoje com apoio de setores dissidentes de Donald Trump dentro do  próprio Partido Republicano. Que setores são esses? Nada mais, nada menos que a ala dos Bush!  Sim, George W. Bush e familiares apoiam ativamente a candidatura de Joe Biden contra o  “malévolo” Donald Trump. 

Outra coisa que não fecha nesta conta é a falta de desconfiança que as forças políticas que se  declaram de esquerda em relação ao comportamento da Grande imprensa monopolista. Há algo  errado e no mínimo suspeito quando quase de forma unânime a imprensa monopolista Mundial  fecha um apoio ativo à Joe Biden. Será que a Imprensa Monopolista tornou-se cristã católica? Será  que chegaremos à este ponto de ingenuidade? Esse assunto passa completamente despercebido de  uma boa parte dos apoiadores esquerdistas de Joe Biden, como se os grandes Conglomerados de  mídia fossem “entes” imparciais do Mundo que nada tiveram ou têm a ver com as falcatruas do Grande Capital pelo Planeta Terra. Em que mundo pensam que vivem? 

odos estes fatos nos levam a uma única conclusão, a esquerda pequeno-burguesa é um assunto a  ser problematizado, discutido e questionado. Não há mais a possibilidade de convivermos com esse  nível de interpretação da realidade em meio à Crise Capitalista. A Burguesia agradece aos céus todos 

os santos dias pela inoperância e incapacidade analítica de amplos setores de oposição ou que se  declaram oposição. As eleições nos EUA são uma lição para o Brasil. Fiquemos atentos porque não  será surpresa se setores ativos do Golpe de Estado se apresentarem como “salvadores da Pátria”  contra o selvagem Bolsonaro com amplíssimo apoio de toda a esquerda cirandeira. Estará  constituído aí um enorme Golpe dentro do Golpe. É necessário mobilizar um enorme programa de  agitação política que denuncie TODA a Direita. Bolsonaro é o RESULTADO direto da Operação Lava jato, da sanha golpista do PSDB e de forma alguma devemos acreditar que estes sejam “civilizados”  contra Bolsonaro. O fascismo não é um “ente” que caiu do céu. O fascismo é o próprio instrumental  que a Burguesia mobiliza para salvar sua pele nos momentos mais críticos e a Burguesia se  desvincula do fascismo sempre quando lhe é conveniente. Não é papel da esquerda que realmente  esteja interessada transformar a realidade fazer parte deste teatro de fantoches.

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Um comentário:

  1. Então, o MM5-Movimemento Marxista 5 de Maio convoca a esquerda ao voto nulo. Abaixo a farsa eleitoral burguesa.

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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro