A crise estrutural do capitalismo
a resposta voraz do sistema complexo ultraliberal na forma de superexploração da mais valia em tempos de hibridismo pandêmicoPor Marcelo Marcelino / PR
A pandemia do Covid 19 legitimou a entrega da chave do cofre do orçamento público para os banqueiros e rentistas que orbitam em torno das megacorporações transnacionais. A raiz de toda a política econômica brasileira encontra-se engendrada na grande articulação do sistema imperialista mundial capitaneado pelos EUA e seus consortes, onde o mercado financeiro tornou-se uma engrenagem paradoxalmente “autônoma” explicitando e precipitando de forma ainda mais reacionária a fúria da acumulação e reprodução do capital.
As disputas geopolíticas estratégicas com o consórcio sino-russo acirram ainda mais os conflitos e polarizam ainda mais a crise estrutural do capital, que na equação do sistema mundo da economia política avança tecnologicamente e ao mesmo tempo acelera a crise estrutural do sistema – comprovando a tese marxiana de que a contradição do modo de produção reside na sua gênese produtora e destruidora da potência econômica. O capital portador de juros e o capital fictício do livro III do Capital de Marx explicam de forma clara como o processo de financeirização aliado ao aparato tecnológico impulsionou e acelerou a acumulação, reprodução e ampliação do capital a ponto de 1% da população mundial concentrar 50% de toda a renda mundial.
As grandes corporações transnacionais e mesmo as organizações empresariais domésticas com suas elites políticas e jurídicas da classe dominante no interior dos países periféricos e subservientes ao imperialismo orbitam cada vez mais na estrutura esférica do processo de concentração do capital, onde a generalização da superexploração do trabalho conduz a inclusão num sistema cada vez mais excludente – gerando um exército de reservas na forma de lumpesinato, desempregados. Informalizados, desalentados e precarizados de todo o gênero não só na periferia como cada vez mais no centro do capitalismo.
A teoria da dependência na abordagem de Rui Mauro Marini num dos clássicos da denominada “Revolução Brasileira” a partir da coleção “Cadernos do Povo Brasileiro” explica que o centro do capitalismo explora a periferia a partir da mais valia ‘extraordinária” - através de baixíssimas remunerações salariais, precarização do trabalho e formas tecnológicas híbridas que combinam o “ideal dos mundos do capitalismo” – o trabalho por tempo e por peça assim como na “uberização” e no trabalho intermitente e nos ganhos somente por produtividade como também abordado por Marx no capítulo XVII do Capital.
A educação do Paraná sofre exatamente desses males que combinam sistema remoto híbrido no ensino à distância – plataformas EaD, controle e vigilância permanente no trabalho, uniformização das atividades “pedagógicas” e contratos precários de trabalho para os profissionais contratados sem concurso público e desmanche da carreira dos já concursados. A tendência destrutiva do capitalismo bate a porta dos países desenvolvidos através das reformas previdenciárias e da gradual perda da seguridade social como forma de realocar os orçamentos públicos no mercado financeiro e nos investimentos privados, além das terceirizações e subcontratações típicas da denominada “Era da Indústria 4.0” com sua ideologia do “patrão sou eu mesmo” como no assombroso e realístico filme britânico “Você não estava aqui”, onde o capital aparece nas mais variadas formas, inclusive nos aspectos subjetivos da vida psicossocial.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro