quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

A crise Estrutural do Capitalismo * Marcelo Marcelino/PR

A crise estrutural do capitalismo

a resposta  voraz do sistema complexo ultraliberal na  forma de superexploração da mais valia em  tempos de hibridismo pandêmico 

Por Marcelo Marcelino / PR

A pandemia do Covid 19 legitimou a entrega da  chave do cofre do orçamento público para os banqueiros e  rentistas que orbitam em torno das megacorporações  transnacionais. A raiz de toda a política econômica  brasileira encontra-se engendrada na grande articulação do  sistema imperialista mundial capitaneado pelos EUA e seus  consortes, onde o mercado financeiro tornou-se uma  engrenagem paradoxalmente “autônoma” explicitando e  precipitando de forma ainda mais reacionária a fúria da  acumulação e reprodução do capital.  

As disputas geopolíticas estratégicas com o  consórcio sino-russo acirram ainda mais os conflitos e  polarizam ainda mais a crise estrutural do capital, que na  equação do sistema mundo da economia política avança  tecnologicamente e ao mesmo tempo acelera a crise  estrutural do sistema – comprovando a tese marxiana de que  a contradição do modo de produção reside na sua gênese  produtora e destruidora da potência econômica. O capital  portador de juros e o capital fictício do livro III do Capital  de Marx explicam de forma clara como o processo de  financeirização aliado ao aparato tecnológico impulsionou e  acelerou a acumulação, reprodução e ampliação do capital a  ponto de 1% da população mundial concentrar 50% de toda  a renda mundial. 

As grandes corporações transnacionais e mesmo as  organizações empresariais domésticas com suas elites  políticas e jurídicas da classe dominante no interior dos  países periféricos e subservientes ao imperialismo orbitam  cada vez mais na estrutura esférica do processo de  concentração do capital, onde a generalização da  superexploração do trabalho conduz a inclusão num sistema  cada vez mais excludente – gerando um exército de reservas  na forma de lumpesinato, desempregados. Informalizados,  desalentados e precarizados de todo o gênero não só na  periferia como cada vez mais no centro do capitalismo.  

A teoria da dependência na abordagem de Rui  Mauro Marini num dos clássicos da denominada  “Revolução Brasileira” a partir da coleção “Cadernos do  Povo Brasileiro” explica que o centro do capitalismo  explora a periferia a partir da mais valia ‘extraordinária” - através de baixíssimas remunerações salariais, precarização  do trabalho e formas tecnológicas híbridas que combinam o  “ideal dos mundos do capitalismo” – o trabalho por tempo e  por peça assim como na “uberização” e no trabalho intermitente e nos ganhos somente por produtividade como  também abordado por Marx no capítulo XVII do Capital. 

A educação do Paraná sofre exatamente desses  males que combinam sistema remoto híbrido no ensino à  distância – plataformas EaD, controle e vigilância  permanente no trabalho, uniformização das atividades  “pedagógicas” e contratos precários de trabalho para os  profissionais contratados sem concurso público e  desmanche da carreira dos já concursados. A tendência  destrutiva do capitalismo bate a porta dos países  desenvolvidos através das reformas previdenciárias e da  gradual perda da seguridade social como forma de realocar  os orçamentos públicos no mercado financeiro e nos  investimentos privados, além das terceirizações e  subcontratações típicas da denominada “Era da Indústria 4.0” com sua ideologia do “patrão sou eu mesmo” como no  assombroso e realístico filme britânico “Você não estava  aqui”, onde o capital aparece nas mais variadas formas,  inclusive nos aspectos subjetivos da vida psicossocial. 

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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro