Via *Antônio Lisboa*
Órgão Oficial da Liga Marxista Internacional. Direção editorial: Roberto Bergoci. Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, o brasileiro.
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Em busca da nação * Antonio Risério/BA
Via *Antônio Lisboa*
A VITÓRIA DA ESQUERDA * Wilson Coelho / ES
A VITÓRIA DA ESQUERDA
Wilson Coêlho/ES
Qualquer luta necessita de uma organização e, para isso, criamos instituições. E as instituições são expressões da práxis humana nas suas contradições e surgem da necessidade de organizar o real. Mas elas só se constituem dentro de um modelo de ordem institucional dada e por si só não são capazes de decidir ou garantir que a humanidade vai para um lado ou para o outro, porque a práxis choca com a realidade e precisa romper com esses princípios no momento da luta. Karl Marx, em “O 18 Brumário de Luis Bonaparte“, colocou de forma bem objetiva essa, quando afirma que “Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”.
Apesar da mídia da casa-grande apregoar que teve uma vitória sobre a senzala, ela se esquece de que também saímos vitoriosos, apesar de não termos ganhado nas urnas, o que também é um engodo levando em conta o número de prefeituras onde a esquerda se elegeu, além de diversos vereadores e vereadoras. Isso anula a pretensão da burguesia em acreditar que a esquerda está morta. Ela reagiu com força e dignidade e se fez presente diante do tabuleiro político e marcou presença no jogo do xadrez ideológico, afrontando a hegemonia do pensamento burguês, mesmo em desvantagem na questão econômica e vítima de fake news e muitas mentiras de desqualificar o adversário para não levar em conta as propostas políticas públicas.
Assim, podemos afirmar que a esquerda saiu vitoriosa nessas eleições, considerando que ela se impôs e se fez protagonista, como dizia Torquato Neto, “desafinando o coro dos contentes”, mesmo com o projeto das classes dominantes em dizimá-la, desde o lançamento do livro “Orvil”, em 1985, logo depois que saímos do regime militar, além do evento de 2013, o golpe de 2016 e a eleição fraudada de 2018. A grande prova da vitória da esquerda é que ela retomou suas lutas e disputou as eleições no primeiro turno e conseguiu chegar ao segundo em muitas capitais e cidades importantes do país. Quer dizer que a esquerda poderia ter desaparecido do cenário político depois de tanta perseguição e opressão pela mídia a serviço das forças econômicas da burguesia, mas ela está presente e sempre se contrapondo aos projetos da dominação.
Ademais, o que não podemos é dispersar. Toda revolução é permanente. E foi por falta dessa consciência que vivemos esse retrocesso. Quando o PT estava no poder as bases relaxaram e se acomodaram por acreditarem ter ganho a guerra. Mas foi uma mera batalha e a burguesia nunca ia deixar por menos. E o fascismo é assim, por mais que depois ele seja violento, ele sempre nasce em silêncio e com jeitinho sempre que a esquerda relaxa e deixa acontecer os apagões na consciência de classes. Refiro-me às bases da sociedade em geral, não dá meia dúzia organizada setorialmente, embora mesmo essas quase sempre trabalham para dentro. Obviamente, o PT, como todos os partidos de esquerda são reféns do modelo de organização partidária da direita, ou seja, autoritário e centralizado, além de terem que cumprir com oss requisitos de organização legislados pela classe dominante. Talvez esse seja o ‘nó górdio” na dificuldade de abrangermos outros setores da classe oprimida da sociedade. Esse é um tema que precisa ser muito discutido para aprofundar e direcionar muitas de nossas práticas.
Por essas questões, a esquerda precisa entender que uma luta ainda maior começa agora e que já estava na hora de uma reorganização. Parece que até aqui, nessa eleição, foi apenas um ensaio. Não podemos nos dispersar e precisamos buscar formas de manter essas atrizes e esses atores que estiveram até agora que continuem em cena. Não em busca de espectadores, mas por um grande espetáculo capaz de romper as fronteiras entre palco e plateia. Tentar mudar a frase de Lima Barreto quando disse que "o Brasil não tem povo, tem público".
Para rompermos com a ideia de que o processo eleitoral seja suficiente para reverter os quadros de dominação, devemos levar em conta e reavaliar nossas formas de organização porque diversos movimentos sociais emergem no Brasil. Nessas eleições, além de alguns prefeitos, foram mais de 50 quilombolas que chegam ao cargo de vereadores em diversas câmaras, líderes indígenas, mulheres, inclusive, negras. Nesse sentido, faz-se necessário rever as lógicas institucionais dos partidos de esquerda para entender e incluir as lógicas dos movimentos sociais. Não podemos viver a ilusão de que podemos instaurar uma democracia a partir do voto, quando as eleições são controladas pelo poder econômico.
Temos que combater a política do ressentimento que coloca brasileiros contra brasileiros, oprimidos contra oprimidos, vítimas contra vítimas por serem iludidos com uma realidade apresentada pela classe dominante dos grandes negócios e com orientações racistas e sexistas. Precisamos entender que o povo brasileiro não é um povo de direita e muito menos de extrema direita ou fascista, mas diagnosticar em que momento e em que circunstância esse povo é manipulado por forças de extrema direita. Trata-se de entender que o pensamento de uma sociedade dividida em classes é o pensamento da classe dominante que tem sobre a dominada todos os mecanismos de formação e informação.
Wilson Coelho - Es
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
EL CORONEL TIENE QUIEN LE ESCRIBA # Camilo Katari / Bolívia
EL CORONEL TIENE QUIEN LE ESCRIBA
“Sólo cumplía órdenes” es la frase muy conocida de quienes ordenaron y dirigieron tropas para reprimir al pueblo, Argentina, Chile, Uruguay, Paraguay, Brasil, fueron testigos de este tipo de respuestas luego de las dictaduras de los años 70.
Las FFAA “no delibera y está sujeta a las leyes y a los reglamentos militares” señala el artículo 245 de la CPE, y en este cuerpo de la “ley mayor” del Estado se puede leer también que: “Quienes violen los derechos establecidos en esta Constitución serán objeto de proceso penal por atentar contra los derechos” (Art.139 inciso II), por eso extraña, la reacción del Alto Mando Militar que salió a declarar que fue “desconcertante” la detención del Comandante que dirigió la represión en Sacaba (Cochabamba – Bolivia) en la que murieron 20 personas. Esta declaración ha tenido su efecto y cientos de personas pertenecientes a los grupos paramilitares, junto a familiares y militantes del golpe de Estado, se agolparon en las puertas del Juzgado en la ciudad de Sacaba, declarando la inocencia del militar.
Sabemos que los militares estudian estrategia, saben de planificación y los escenarios posibles, eso fue lo que pasó en estos días; las declaraciones del Alto Mando Militar estaban encaminadas a preparar los ánimos para la reacción de los actores del golpe de Estado y nuevamente demostrar que están “vivitos y coleando” con su dosis de violencia y coerción psicológica.
No se ha desmontado la maquinaria golpista, que ha tenido largos años de organización y es más, existen denuncias, que señalan que los golpistas se encuentran en las mismas reparticiones del gobierno, nombres y fotografías circulan en las redes sociales como respaldo de estas denuncias y oficialmente no se conoce una respuesta.
En la historia boliviana, los “pequeños” descuidos han creado grandes problemas, por ejemplo descuidar la ocupación del territorio del Acre, dejar que los terceros, en una elección, sean gobierno, permitir que la religión intervenga abiertamente en política partidaria, “borrón y cuenta nueva” no es una forma de gobierno que tenga coherencia con su propuesta de cambiar el Estado.
La fragilidad de un “estado de derecho” se encuentra a la vista, cuando vemos que se permiten acciones violentas como el maltrato a una Alcaldesa, cuando se utiliza violencia física con representantes nacionales por el sólo hecho de vestir con polleras andinas.
La conciliación, entendida como acuerdo, no significa impunidad ni tampoco es capitulación, la persistencia de discursos golpistas, o mantener a “topos” en los ministerios debe tener una respuesta del gobierno, que dé certeza de memoria, verdad y justicia.
Mientras el coronel, tenga quien le escriba carteles, alegando su inocencia, el peligro de otro golpe de Estado estará siempre presente.
#CamiloKatari, escritor e historiador boliviano.
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
Militarismo Utilitário e Escolas de Preparação Doutrinárias PARTE 2 * Reinaldo Conceição da Silva / SP
- Hegemonização sócio-cognitiva do militarismo, o Crepúsculo da civilidade.
sábado, 14 de novembro de 2020
Realizado o Encontro Mundial da Classe Operária Antiimperialista * Frente Revolucionária dos Trabalhadores/FRT/BR
Realizado o Encontro Mundial da Classe Operária Antiimperialista
O Encontro reuniu mais de 300 trabalhadores e 61 delegações dos cinco continentes. Diversas organizações sindicais, populares e partidos operários se fizeram presentes. Particularmente do Brasil, participaram, além da Frente Revolucionária dos Trabalhadores (FRT), delegados da central Intersindical e do Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Foram organizadas duas mesas de trabalho, onde se debateu a necessidade de impulsionar em nível internacional, um conjunto de lutas sistemáticas contra as políticas econômicas neoliberais e os ataques imperialistas contra os povos. Segundo o camarada Nelson Herrera, comissário geral da PCOA, “A covid-19 tem desmascarado o capitalismo, removeu o véu. Os trabalhadores fortalecerão a unidade para enfrentar as corporações financeiras subservientes ao capitalismo”.
Para o líder sindical palestino Imad Temeiza, “É necessário aumentar a solidariedade humana em todos os níveis (...) para apoiar os povos que lutam contra os bloqueios econômicos e o imperialismo”. Karen Jarred, militante da Coalização de Sindicalistas Negros dos Estados Unidos e Canada, denunciando a pátria imperialista ianque, afirmou que “O covid-19 tem exposto as verdadeiras condições de exclusão social, em que vivem muitas mulheres, homens e crianças da classe trabalhadora estadunidense e canadense(...)o imperialismo nos está matando, o assassinato a sangue frio de George Floyd pôs no mapa esta situação(...)”.
O presidente bolivariano da Venezuela Nicolas Maduro, presente no encontro, por sua vez afirmou: “Cada povo seguirá seu próprio caminho, seus próprios líderes, nós temos encontrado o nosso caminho, o socialismo do século XXI”. Ainda segundo Maduro: “Ademais tentaram me assassinar por ordem de Donald Trump e as oligarquias mundiais, porém a Venezuela está de pé, na batalha e na vitória, seguiremos nosso caminho”.
Diversas outras intervenções antiimperialistas e em defesa da Venezuela por parte dos delegados operários, foram saudadas com entusiasmo. Nas mesas de trabalho se discutiu propostas e planos de organização em nível internacional contra o imperialismo. Além disso foi debatido projetos entorno da implementação de um ambicioso trabalho de comunicação anti-hegemônica, para fazer frente a guerra psicológica de quinta geração arquitetada pelo imperialismo com o auxílio da imprensa burguesa mundial contra os trabalhadores e países alvos da sanha golpista como Venezuela, Cuba, Irã, etc.
O companheiro Roberto Bergoci, representando a Frente Revolucionária dos Trabalhadores do Brasil, propôs “A formação de núcleos da PCOA nos países onde possuímos militantes, ativistas ou simpatizantes; estes núcleos precisam ser órgãos atuantes em seus países, divulgando através de um sério trabalho de imprensa e comunicação, os interesses dos trabalhadores e dos povos que lutam heroicamente contra a besta imperialista(...)que as atividades desses núcleos sejam centralizadas, articuladas e coordenadas pelos órgãos centrais da PCOA, afim de coordenar internacionalmente a luta revolucionária e antiimperialista”.
Ainda segundo Bergoci, “A atual fase de completa mundialização e apodrecimento do capitalismo, expressada nas políticas neoliberais em todo o globo, torna ainda mais imperiosa a necessidade de os trabalhadores lutarem e combaterem o capitalismo e o imperialismo internacionalmente(...)O internacionalismo proletário e a revolução socialista nunca foram tão urgentes e necessários como em nossa época de turbulências, questão decisiva mesmo para a sobrevivência da humanidade”.
O Encontro Mundial dos Trabalhadores foi um importante passo no sentido de articular em nível para além das fronteiras nacionais, a luta proletária e popular. Neste sentido, a PCOA já se coloca concretamente como uma entidade de Frente Revolucionária Antiimperialista Internacional, algo da maior importância para as lutas de classes da atualidade, devendo portanto, ser saudada por todos os explorados e oprimidos do mundo.
A Frente Revolucionária dos Trabalhadores do Brasil, no melhor espirito do internacionalismo proletário, brinda a vitoriosa e histórica iniciativa da PCOA, que se propõe levar adiante a grande lição de nossos mestres Karl Marx e Friedrich Engels: “Trabalhadores de todos os países , uni-vos!”.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política inacreditável # Por Eduardo Morelli
Torcida pró-Biden da esquerda revela cegueira política inacreditável
Por Eduardo Morelli
Não é só nos EUA em que a dita “esquerda” adotou o apoio incondicional ao Joe Biden como maneira de combater o que acreditam ser um “mal maior”, numa interpretação maniqueísta do Mundo inacreditável. Esta disputa e linha de raciocínio também está presente no Brasil – algo que inclusive antecede as Eleições americanas se considerarmos que por estas bandas rola a tentativa de se emplacar uma “frente amplíssima”, ou seja, uma “corrente pra frente” que aglutina os mais variados setores e cores que incluem – PASMEM – os próprios arquitetos do Golpe de Estado de 2016 em nome do combate ao Bolsonaro. Esta política, além de anistiar os arquitetos da destruição do Brasil de forma escandalosa, coloca a esquerda brasileira no bolso dos Neoliberais que utilizam esta ingenuidade para reforçar o apoio contra a Extrema-Direita, polarizando com esta e transmitindo uma imagem de santidade valiosa no jogo propagandístico controlado pela própria Burguesia. Com esta manobra, os Neoliberais dissimulam uma realidade falsa onde acabam sendo vendidos como “civilizados”.
Não devemos esquecer que os próprios setores que hoje batem em Bolsonaro – uma boa parte deles – endossou ativamente o Bolsonarismo no passado quando este era interessante no caminho de criminalização do PT. Hoje, com os escombros do Golpe de 2016, a manipulação do horizonte de eventos é tamanha que rapidamente estes setores neoliberais se movimentam no sentido de polarizar com o “selvagem” Bolsonaro. Colocam a própria esquerda dentro do seu hall de apoiadores. O objetivo é limpar a cara, não ficar mais com a pecha pública de golpistas mas com a pecha de “civilizados” contra a “barbárie”. Esta narrativa é facilmente detectada como uma enorme farsa e seria, em condições normais de “tempo e temperatura” amplamente denunciada pelas forças progressistas. Não fosse o fato da esquerda pequeno-burguesa ser um fenômeno contrarrevolucionário de peso que passou a integrar o cenário de diversas sociedades Mundo afora. O surgimento da esquerda pequeno-burguesa é um dos grandes assuntos que devem ser tratados de forma cuidadosa dentro da Esquerda mundial porque envolve uma enorme confusão política.
Em primeiro lugar, uma boa parte da esquerda não domina uma série de categorias analíticas fundamentais como “imperialismo”, “correlação de forças”, “luta de classes” e etc. Acreditam que a luta política se dá em torno de debates “morais” e de natureza ligada à estética e à identidade: como gênero, raça, gostos, estilos de vestimenta e etc. Trata-se de uma esquerda incapaz de
entender a própria História e o que é a luta de classes. O que explica tamanha ignorância que não a penetração no Brasil de várias vertentes pós-estruturalistas e pós-modernas que tiveram grande ascendência em ambiente acadêmico? Este fenômeno é conhecido. Uma boa parte desta esquerda não consegue se identificar mais como classe trabalhadora de fato. Se identificam como intelectuais que se destacaram por lerem livros mais do que outros trabalhadores, por isso acreditam terem mudado de “status social”. Talvez uma das explicações para este fenômeno seja o fato destes setores integrarem um amplo leque de “colaboradores” no ramo de serviços e terem como benefício um assalariamento advindo de uma redistribuição de mais-valia na própria dinâmica vista dentro do Capitalismo financeiro. Não é de se surpreender, por exemplo, que partidos como o PSOL tentam, o tempo inteiro, desvincular-se da pecha de extremistas – alegando serem favoráveis ao “Socialismo e Liberdade”. Que espécie de socialista é capaz de adjetivar o Socialismo? Para qualquer indivíduo bem informado, Socialismo já é sinônimo de liberdade – não há a necessidade de tentar mostrar uma “cara” de “bonzinho”. Só é capaz de tentar “sair bonito” na foto aquele que acha que a discussão política opera em nível de identidade e, pior do que isso, em nível de Eleições burguesas. A esquerda pós-moderna é linha auxiliar da Burguesia 100% ao acreditar que as instituições burguesas abrem concessões sem ter a menor ideia do que é de fato o Estado e sem o menor senso crítico do que são as instituições burguesas.
Da mesma maneira que essa esquerda acredita ser premiada com a meritocracia por ter lido mais livros que outros trabalhadores e mergulhar num Mundo especial por isso, acreditam também que no Mundo da Realpolitik as coisas funcionariam da mesma forma, ou seja, o empenho propagandístico os levarão rapidamente à lacração no Congresso Nacional. Não nos surpreendamos entretanto que uma boa parte desta esquerda mais dia, menos dia passa a apoiar as mesmas plataformas políticas da Direita Neoliberal no Congresso tendo se fundido organicamente ao sistema da própria Burguesia. Para tal, colecionam-se exemplos dentro e fora do Brasil. A alta burguesia obviamente tira proveito disso, ri da ingenuidade alheia. Mas esta discussão irá longe e embora esteja relacionada à “esquerda colorida” dos EUA e movimentos orbitais, merece uma análise específica e caudalosa.
Psicologia da esquerda pequeno-burguesa à parte, nos atentemos aos fatos: qual é a lógica destas “esquerdas” em apoiar ativamente a eleição de Joe Biden? A lógica seria esta: Joe Biden não é Bernie Sanders mas, apesar dos pesares tem uma “aparência de pessoa civilizada”. Donald Trump é o detentor de todo o mal que o Mundo viu nos últimos tempos, afinal ele seria o responsável por alimentar e retroalimentar os terraplanistas e negacionistas dos EUA. Para estes, o terraplanismo e o negacionismo são mais inaceitáveis que a criminosa política dos Democratas levada adiante nos anos de Barack Obama. Aliás, poucos historiadores fora do eixo da Eurásia têm vindo à tona para denunciar os crimes contra a Humanidade perpetrados na gestão Obama em nível internacional. Espera-se que pouco a pouco, novos e numerosos historiadores façam a devida recuperação da História recente do Mundo justamente para que certas ilusões pequeno-burguesas sejam interceptadas ou mesmo denunciadas. “Mas Trump separou famílias e enjaulou crianças na fronteira México-EUA”, dizem eles. O que poucos sabem é que esta política criminosa tem a sua origem na gestão dos Democratas. Como dar conta de tal? Além do mais, não nos esqueçamos que o Muro na Fronteira com o México começou a ser erguido nos anos de George W. Bush – O MESMÍSSIMO que hoje pede votos a Biden, o “humanitário”. Como explicar tal fato? “Mas Trump espalha Fake News no Twitter”, dizem eles.
Bem, se o problema for Fake News, não devemos nos esquecer que os grandes Conglomerados de Mídia praticam Fake News o tempo inteiro, mesmo antes da onda de Fake News ganhar as redes sociais. Mas se quisermos trazer o assunto para os dias atuais, as famigeradas fotos de crianças enjauladas na fronteira México-EUA foram tiradas em Junho de 2014 e só foram vinculadas à Donald
Trump em junho de 2018 quando o cineasta Jon Favreau utilizou as fotos para incriminar a política de tolerância zero na fronteira do México com o Arizona. Quando denunciado, Favreau se desculpou – fato este que não repercutiu na grande imprensa americana e mundial – um caso claro de manipulação de informação. Não quero dizer com isso que Trump não seja favorável à deportação de imigrantes e criminalização destes. A respeito da política racista e xenofóbica de Donald Trump não deve recair nenhuma dúvida, o que nos chama a atenção no entanto é saber que estes mesmos crimes já ocorreram em gestões dos Democratas que hoje posam de “civilizados” diante da “barbárie”. Que esquerda é capaz de não detectar esta falcatrua? Somente a esquerda pequeno burguesa que acredita que a Política é um tema de aparências. Trump é um homem mau e isso é o bastante.
Mas e quanto à análise crítica sobre o Imperialismo? Inexiste entre a esquerda pequeno-burguesa e muito menos a esquerda norte-americana qualquer conhecimento ou avaliação de uma categoria de análise fundamental como esta. Inclusive, uma boa parte da esquerda por não conhecer esta categoria analítica chamada “Imperialismo” – vinculam-na à discursos extremistas. Acham ingenuamente e de forma flagrantemente ignorante se tratar de um tema menor. Não fazem a menor ideia do quão fundamental é o o conceito de Imperialismo. Talvez a ignorância destes elos da esquerda seja tamanha que possivelmente até mesmo confundam a expressão “Imperialismo” com os Impérios da Antiguidade e o questionam, achando que quem utiliza estas terminologias esteja praticando “anacronismo histórico”. Vejam vocês à que ponto de ignorância nós chegamos! E acreditem, são provenientes do Mundo mágico das Universidades! Ao desconhecerem esta terminologia contemporânea do “Imperialismo”, ficam à margem de uma série de informações e fenômenos econômicos e geopolíticos. A burguesia esboça um enorme sorriso com a vaidade cega da pequeno-burguesia e eventualmente até a apoia, quando necessário. Ou vocês acham que Ocasio-Cortez tornou-se uma deputada influencer por acaso?
Obama e os democratas são hoje vendidos como “socialistas” – vejam vocês à que ponto chegamos! Por ser de origem étnica distinta do tradicional “WASP” (White Anglo-Saxon Protestant), Obama teve total condição de alimentar atrocidades na Líbia, na Síria, no Egito, na América Latina. Afinal de contas, Obama é negro, se ele é negro então ele é de “esquerda”.
Para que tenhamos uma ideia da cegueira desta esquerda que embarcou no apoio a Joe Biden, devemos observar que todo o Establishment odioso do Deep State americano também embarcou num apoio ativo a Biden. Não devemos nos esquecer – e infelizmente essa esquerda adora esquecer dados – mas Joe Biden conta hoje com apoio de setores dissidentes de Donald Trump dentro do próprio Partido Republicano. Que setores são esses? Nada mais, nada menos que a ala dos Bush! Sim, George W. Bush e familiares apoiam ativamente a candidatura de Joe Biden contra o “malévolo” Donald Trump.
Outra coisa que não fecha nesta conta é a falta de desconfiança que as forças políticas que se declaram de esquerda em relação ao comportamento da Grande imprensa monopolista. Há algo errado e no mínimo suspeito quando quase de forma unânime a imprensa monopolista Mundial fecha um apoio ativo à Joe Biden. Será que a Imprensa Monopolista tornou-se cristã católica? Será que chegaremos à este ponto de ingenuidade? Esse assunto passa completamente despercebido de uma boa parte dos apoiadores esquerdistas de Joe Biden, como se os grandes Conglomerados de mídia fossem “entes” imparciais do Mundo que nada tiveram ou têm a ver com as falcatruas do Grande Capital pelo Planeta Terra. Em que mundo pensam que vivem?
odos estes fatos nos levam a uma única conclusão, a esquerda pequeno-burguesa é um assunto a ser problematizado, discutido e questionado. Não há mais a possibilidade de convivermos com esse nível de interpretação da realidade em meio à Crise Capitalista. A Burguesia agradece aos céus todos
os santos dias pela inoperância e incapacidade analítica de amplos setores de oposição ou que se declaram oposição. As eleições nos EUA são uma lição para o Brasil. Fiquemos atentos porque não será surpresa se setores ativos do Golpe de Estado se apresentarem como “salvadores da Pátria” contra o selvagem Bolsonaro com amplíssimo apoio de toda a esquerda cirandeira. Estará constituído aí um enorme Golpe dentro do Golpe. É necessário mobilizar um enorme programa de agitação política que denuncie TODA a Direita. Bolsonaro é o RESULTADO direto da Operação Lava jato, da sanha golpista do PSDB e de forma alguma devemos acreditar que estes sejam “civilizados” contra Bolsonaro. O fascismo não é um “ente” que caiu do céu. O fascismo é o próprio instrumental que a Burguesia mobiliza para salvar sua pele nos momentos mais críticos e a Burguesia se desvincula do fascismo sempre quando lhe é conveniente. Não é papel da esquerda que realmente esteja interessada transformar a realidade fazer parte deste teatro de fantoches.
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segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Militarismo utilitário e as Escolas de preparação Doutrinárias PARTE 1 * Reinaldo Conceição da Silva / SP
- Militarismo Utilitário, Populismo e Doutrina de Segurança Nacional na periferia do sistema Capitalista.