quarta-feira, 10 de novembro de 2021

O PROBLEMA CENTRAL DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL E NO MUNDO * Carlos Paulo Viturino / BA

 O PROBLEMA CENTRAL DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA NO BRASIL E NO MUNDO

Carlos Paulo Viturino / BA


Cada vez mais estamos em um mundo com mais tecnologia e meios de comunicação cada vez mais avanços, os meios de propaganda e de comunicação com as pessoas estão cada vez mais avançados e conectando ainda mais as pessoas, e junto a isso, vemos um crescente aumento da ideologia neoliberal e de ideologias que andam junto do neoliberalismo, como o famoso positivismo (neopositivismo) e o ateísmo militante.

Cada vez mais pessoas vem com essa ideia de que a ciência é algo "neutro", "apolítico" e "aideológico", os tecnocratas cada vez mais reinventando a sua tecnocracia de forma a ser aceita na sociedade neoliberal-capitalista, vemos também uma grande supressão de grupos de esquerda por parte dos tecnocratas, que hoje se passam por "divulgadores científicos" e por gente que se diz combater as famosas "pseudociências" e "negacionismo científico".

Quero deixar claro que o objetivo aqui não é defender nem astrologia, nem homeopatia, nem misticismo quântico nem nada do tipo, mas sim fazer a crítica revolucionária e necessária ao que chamamos de "renascimento tecnocrático" ou "ascensão tecnocrática do século XXI" que é esse aumento massivo de ideias tecnocráticas, neopositivistas e ateístas militantes disfarçadas de uma simples e inocente "divulgação científica".

A ciência, assim como toda a tecnocracia, o ateísmo militante e o neopositivismo-cientificismo, são feitos do homem para o homem, logo, eles não podem ser neutros e tão pouco "apolíticos" nem "aideológicos", querer negar toda a influência política e econômica pelo uso do neopositivismo e do conhecimento científico para legitimar a exploração dos trabalhadores e para legitimar a radicalização de ateus por meio do ateísmo militante e de pessaos religiosas/espirituais por meio da resposta ao ateísmo militante é algo que mostra o quão político e ideológico é essa questão.

Assim como as pseudociências "clássicas" como astrologia, homeopatia, Terra plana e antivacina promovem charlatanismo por motivos econômicos, o neopositivismo (incluíndo o cientificismo e o ateísmo militante ou neoateísmo para alguns) promote o que poderíamos chamar de charlatanismo por motivos aristocráticos, logo econômicos, que na prática, é um charlatanismo que envolve mais questões de ideologia e de política que um charlatanismo que envolva questões de saúde, mas como o segundo não envolve questões de saúde, o mesmo é ignorado pela grande maioria.

Cada dia mais, vários tecnocratas e neopositivistas tratam as ciências sociais, filosofia e humanas, as chamadas ciências suaves, como se fossem meramente questões de opinião e as que vão contra a tecnocracia e o neopositivismo são automaticamente taxadas de "pseudofilosofia", "pseudociência" entre outros, o uso dos termos "pseudociência", "pseudofilosofia", "negacionismo científico", "anticiência" entre outros é ao mesmo nível que os identários usam termos como "racismo" e "machismo" para qualquer crítica ou oposição aos mesmos.

O problema central da divulgação científica no Brasil e no mundo, mas talvez, com um certo agravante no Brasil, é a questão do neopositivismo, da tecnocracia, do cientificismo e do ateísmo militante, além de várias outras questões, mas poderíamos resumir tudo isso ao neopositivismo e ao ateísmo militante, que cada vez mais leva as pessoas a terem medo de serem críticas ou oposição aos mesmos e serem canceladas com termos como "promovedor de pseudociência", "promovedor de pseudofilosofia", "negacionista científico", "anticiência" entre outros, além de claro, promoções da ideologia neoliberal disfaçadas de visões "científicas", tais como autores liberais como George Orwell e Hannah Arendt e teorias como a famosa "teoria da ferradura".

Claro que o objetivo este artigo não é negar a ciência nem todo o conhecimento científico, muito pelo contrário, é para possibilitar que discutarmos e criticarmos a ciência de forma como criticamos a sociedade e o mundo em que vivemos, criticar o ateísmo militante, o cientificismo e o neopositivismo nos dias atuais é algo necessário, críticas a ciência e ao método científico são sim necessários e são um dever para os revolucionários, sem críticas a ciência, temos exatamente o que os tecnocratas e neopositivistas querem. Nos chamarem de "negacionistas científicos" e de "anticiência" por nossas críticas mostra o que eles querem que a gente não fale para as pessoas, principamente para as camadas mais populares.

A divulgação científica, ou divulgação tecnocrata ou divulgação neopositivista para alguns, sempre foi, é e será ideológica, política e parcial, sempre beneficiando algum lado, principamente o lado que faz a divulgação, devemos ficar atentos quanto ao avanço da tecnocracia e de resolver os problemas do capitalismo com "soluções técnicas", hoje, e principamente hoje com Internet e meios de comunicação avançados, criticar o neopositivismo e a tecnocracia é um dever de todos os revolucionários, pois hoje a divulgação tecnocrata está focada nas pseudociências "clássicas" e em religião/espiritualidade, e amanhã estará focada nos revolucionários e nos considerados "radicias" e "extremistas" pelos tecnocratas.

Para resolver o problema central da divulgação científica a questão está na crítica direta e contínua ao neopositivismo, ao cientificismo e ao ateísmo militante, assim como a consciência direta e contínua sobre as questões revolucionárias relacionadas a questão tecnocrática e a noção de que a ciência não é algo neutro, nem apolítico nem aideológico, mas sim feitos dos homens para os homens e estando sob a influência das ideologias dos homens como assegura o próprio Paul Feyerabend em "Contra o Método"; então, é sermos revolucionários sempre e sempre ver e criticar o mundo ao nosso redor e o mundo em que vivemos.
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro