AS FARCs SEGUNDO RAÚL REYES
-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-
Luis Edgar Devia Silva.
Luis Édgar Devia Silva, pseudônimo Raúl Reyes, nasceu em La Plata, Huila, Colômbia, em 30 de setembro de 1948, e foi assassinado em Santa Rosa de Yanamaru, Equador, em 1º de março de 2008. Foi um político, revolucionário, guerrilheiro, comandante e membro do Secretariado, porta-voz e assessor do Bloco Sul das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (FARC-EP).
Ele se juntou à Juventude Comunista Colombiana (JUCO) aos 16 anos.
Ele começou sua carreira no movimento sindical enquanto trabalhava em uma fábrica de leite da Nestlé na província de Caquetá.
Ele foi vereador em sua cidade natal representando o Partido Comunista Colombiano, tornando-se membro de seu Comitê Central, antes de ingressar nas FARC-EP.
Reyes ganhou notoriedade pública ao participar como porta-voz das FARC-EP nas negociações de paz com o governo de Andrés Pastrana.
Ele foi morto na Operação Fênix, realizada pela Força Pública Colombiana em 1º de março de 2008, violando o espaço aéreo e o território do Equador.
*Coordenador Simón Bolívar*
Resgatando a Memória Histórica.
Levante-se com aqueles que lutam! ! !
A única luta perdida é aquela que é abandonada! ! !
Só a luta nos libertará! ! !
Da Venezuela Terra dos Libertadores, 533 anos do início da Resistência Anti-Imperialista na América e 215 anos do início da nossa Independência.
Simón Bolívar Coordenador
Caracas - Venezuela
Março de 2025.
Em 1º de março de 2008, a Força Aérea Colombiana bombardeou um acampamento temporário em território equatoriano, matando o comandante Raúl Reyes, outros 16 guerrilheiros e um grupo de estudantes mexicanos.
Após o bombardeio, os militares colombianos acabaram com os guerrilheiros feridos e executaram extrajudicialmente os estudantes da UNAM Juan, Verónica, Fernando e Sorén. Foi um crime de guerra contra combatentes e civis indefesos.
Aqueles que morreram em Sucumbíos permanecem vivos em nossas memórias. Nós, os lutadores da Segunda Marquetalia, prestamos homenagem a esses mártires. O Comandante Raúl, sua simplicidade, sua integridade revolucionária, seu espírito internacionalista e seu entusiasmo continuam sendo exemplos a seguir.
Após o bombardeio, os militares colombianos acabaram com os guerrilheiros feridos e executaram extrajudicialmente os estudantes da UNAM Juan, Verónica, Fernando e Sorén. Foi um crime de guerra contra combatentes e civis indefesos.
Aqueles que morreram em Sucumbíos permanecem vivos em nossas memórias. Nós, os lutadores da Segunda Marquetalia, prestamos homenagem a esses mártires. O Comandante Raúl, sua simplicidade, sua integridade revolucionária, seu espírito internacionalista e seu entusiasmo continuam sendo exemplos a seguir.
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FARC-EP: Meio século de resistência
por Bruno Carvalho
Há 50 anos, um grupo de 46 homens e duas mulheres resistiram às vagas sucessivas de ataques de um exército formado por milhares de soldados apoiados por carros de combate, bombardeiros da força aérea e forças norte-americanas de elite. A operação militar ordenada pelo governo conservador de Guillermo León Valencia deu lugar à épica resistência de um punhado de camponeses cuja luta é hoje acompanhada por milhares de guerrilheiros em prol do progresso e da justiça social. O primeiro combate dá-se no dia que marca a criação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia: 27 de Maio de 1964. Sob o comando de Manuel Marulanda, Isaías Pardo e Jaime Guaracas, os combatentes conseguem superar o assédio militar e organizar em Julho desse mesmo ano uma conferência que produz um dos textos políticos fundamentais da resistência colombiana. No Programa Agrário, dirigido aos camponeses, operários, estudantes, artesãos e intelectuais revolucionários, dá-se conta da existência de um movimento insurgente, em quatro diferentes regiões, que, desde 1948, sofre a brutal repressão estatal e latifundiária.
Nesse ano, a oligarquia abriu uma profunda ferida na tensa situação que o país vivia assassinando o candidato presidencial que acalentava as esperanças das classes populares colombianas. Dado como provável vencedor, Jorge Eliécer Gaitán foi abatido e o país explodiu de raiva. Nas cidades e nos campos, as populações pegaram em armas e rebentou a guerra entre liberais, comunistas e conservadores. Só em Bogotá morreram mais de 500 pessoas nos dias que sucederam o assassinato. Durante mais de dez anos, a violência vitimou cerca de 300 mil e levou à migração forçada de dois milhões de colombianos num país que não tinha então mais do que 11 milhões. Sobre esse período, um dos históricos fundadores das FARC, Jaime Guaracas, destacou que “foram as circunstâncias, a necessidade de defender a vida” que os obrigou a ser guerrilheiros. No sul da região de Tolima ficaram zonas inteiras desoladas “porque todas as famílias fugiram e as que não o fizeram foram assassinadas”. Com a radicalização do discurso político à esquerda, o governo militar de Rojas Pinilla declara que “o comunismo soviético procura apoderar-se da pátria”. Aprovam legislação copiada das medidas que aplicam nos Estados Unidos, em plena Caça às Bruxas, contra a esquerda norte-americana. Nesse âmbito, proíbem a entrada de Pablo Neruda na Colômbia. Em 1958, um acordo – que acabou por durar até 1977 – entre os partidos conservador e liberal para acabar com a contenda conduz à formação de um governo de unidade entre as duas organizações. Uma amnistia geral levou à desmobilização e ao desarmamento dos principais grupos em confronto mas em várias regiões, sob a direcção dos comunistas e de liberais dissidentes, o campesinato acossado pelas consecutivas agressões dos latifundiários decide não entregar as armas.
Em 1965, já um ano depois da fundação das FARC, o número de guerrilheiros triplica. Hoje, são a maior força popular comunista em armas da América Latina. Combatem um dos mais importantes exércitos do mundo com cerca de meio milhão de soldados e com o apoio directo dos Estados Unidos. O investimento norte-americano na guerra colombiana é superado apenas pelo apoio que Washington oferece a Israel. Para além das tropas oficialistas, as FARC-EP e o povo colombiano sofrem ainda o acosso militar das forças paramilitares carniceiras financiadas pela oligarquia e pelos cartéis da droga que controlam o poder político. Este conflito que dura há mais de 50 anos é o tema central das negociações de paz que decorrem em Havana entre as forças beligerantes e dominou a campanha para a segunda volta das eleições presidenciais que se realizaram em Junho. De um lado, estava o reeleito Juan Manuel Santos, ao qual a esquerda decidiu dar o seu apoio para manter acesa a chama do processo de paz. Do outro , estava Óscar Zuluaga.
O único sangue não derramado é o da oligarquia
«Se ganhar as eleições, suspendo os diálogos», foi assim que o candidato apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe reagiu aos resultados que o colocaram na dianteira da primeira volta das eleições presidenciais. Mas para lá da retórica sanguinária de quem prefere o país mergulhado em violência, há quem se questione por que são sempre os filhos dos trabalhadores a empunhar as armas da oligarquia. A guerra que se trava na Colômbia há mais de meio século é entre classes distintas. Contudo, nas montanhas, selvas, campo e cidade, enfrentam-se mulheres e homens com o mesmo historial de miséria. Apesar da mesma condição social, a adesão à guerrilha e ao exército faz-se por diferentes razões. Nos bairros mais pobres das principais cidades colombianas, as forças armadas são muitas vezes uma das poucas opções que restam para a fuga à tragédia social do país mais desigual da América Latina. Por outro lado, quem adere às FARC-EP fá-lo por convicção política e pela necessidade material de conquistar um futuro colectivo de dignidade.
Há quadros que multiplicados por mil revelam a dureza das condições de vida de milhões de colombianos. Num dos seus últimos livros, o jornalista Jorge Enrique Botero revelava a vida de uma jovem cuja experiência atesta a violência sobre quem vive nas traseiras dos Estados Unidos. Filha de uma prostituta e de um comerciante de coca, Solangie era maltratada pela família. Em pequena, os irmãos atiraram-lhe ácido sobre a barriga e, aos 12 anos, ela própria esfaqueou um padrasto que a tentara violar. Habituada a ver passar colunas de guerrilheiros pela sua aldeia, nas profundezas da Colômbia, facilmente se sentiu fascinada pela forma organizada e educada com que tratavam a população. Ali, junto ao rio Guaviare, não havia Estado. Era a própria guerrilha que patrulhava as ruas e ajudava a resolver os diferendos locais. Foi assim que Solangie começou a colaborar com as FARC. Primeiro dando-lhes informações sobre quem havia começado determinada rixa e, posteriormente, sobre quem eram os homens mais ricos da região. «Sabia trabalhar no campo, sabia andar de bicicleta e a cavalo, sabia ler, escrever e pintar. Adorava pintar. O melhor que desenhava eram os mapas e foi pelos mapas que vim parar à guerrilha», descreveu Solangie.
Pelas características da guerra que trava e por óbvias razões históricas de uma organização construída por camponeses, as FARC-EP subsistem, principalmente, no campo. Mas é falsa a ideia de que a organização guerrilheira está arredada das cidades e que resiste apenas circunscrita nas zonas mais inóspitas do país. Há uma semana, centenas de jovens estudantes encapuzados comemoraram o 50º aniversário das FARC-EP dentro da Universidade Nacional, em Bogotá. Cá fora, impedidos de violar a autonomia universitária, tanques militares disparavam jactos de água para o interior do edifício ao mesmo tempo que recebiam o impacto de pedras e cocktails molotov. Há décadas que muitas gerações perseguidas de jovens universitários, sindicalistas e comunistas abandonam as comodidades próprias da vida na cidade e dão o difícil salto para uma realidade que lhes é alheia. Aprender a viver nas montanhas é como aprender a andar de novo dizem muitos dos que o fizeram. Mas isto não significa que as FARC-EP não operem nas grandes cidades. Seja através do Partido Comunista Colombiano Clandestino (PCCC), seja através das Redes Urbanas Antonio Nariño (RUAN), a actividade nos principais centros populacionais da Colômbia é reconhecida pelas próprias forças policiais e militares.
As FARC lutam pelo fim do narcotráfico
Forjada pelo Pentágono, a grande mentira veiculada pela imprensa é a de que os guerrilheiros comunistas se dedicam à produção e tráfico de cocaína. De facto, as FARC-EP controlam territórios em que os camponeses não têm outra forma de subsistir senão através do cultivo das folhas de coca e da sua venda. Sucessivamente, os comandantes farianos têm proposto a erradicação da produção e tráfico de droga através de um programa de substituição de cultivos que dignifique o campesinato e lhe dê condições para viver da produção agrícola. É esse um dos temas centrais que está em cima da mesa nos diálogos de paz e o programa apresentado pelas FARC-EP é claro nos seus objectivos: «Gerar condições materiais e imateriais para o bem-estar das comunidades agrícolas e dos núcleos familiares que as conformam – que, na actualidade, conseguem a sua precária subsistência através do cultivo da coca, amapola e marijuana – num contexto de transformações estruturais da sociedade rural, próprias do processo de reforma rural e agrária integral, socio-ambiental, democrática e participativa que o país e os despojados do campo reclamam».
A justiça social é o caminho para a paz
A oportunidade para a paz, fortalecida pela mobilização das organizações de trabalhadores, camponeses e indígenas, só tem um caminho segundo as organizações guerrilheiras. Como as FARC, também o Exército de Libertação Nacional (ELN) defende que não é possível o fim do conflito sem a erradicação das razões que conduziram à violência: a injustiça social e a perseguição e criminalização das organizações de esquerda. Desde que os combates começaram, há mais de 50 anos, foram várias as ocasiões perdidas para um cessar-fogo definitivo. Em 1984, durante a governação conservadora de Belisario Betancur, as negociações conduziram à formação do partido União Patriótica (UP) composto não só por alguns membros da própria organização mas também do ELN e activistas de importantes movimentos sociais, sindicalistas e militantes do Partido Comunista Colombiano. O processo de paz rompeu-se com a tragédia genocida que se abateu sobre a UP e com o ataque militar ao acampamento onde estavam instalados os comandantes do secretariado das FARC. Nos dolorosos anos em que os guerrilheiros e as organizações de esquerda tentaram abrir caminho à paz, foram assassinados mais de 5 mil militantes da UP e, entre eles, dois candidatos presidenciais, oito deputados, 13 deputados regionais, 70 vereadores e 11 presidentes de câmara. Muitos dos candidatos e dos eleitos encontraram na selva e nas montanhas, abraçando a luta armada, a única forma de sobreviver.
Só uma década depois é que as FARC-EP se voltaram a sentar à mesa das negociações. Em 1998, as imagens do presidente Andrés Pastrana à espera do comandante Manuel Marulanda, em San Vicente del Caguán, abriram telejornais em todo o mundo. Nesse processo, o governo aceitou desmilitarizar um pedaço de território do tamanho da Suíça para facilitar os diálogos de paz. O conturbado processo terminou em 2002 com a posterior eleição de Álvaro Uribe, ex-autarca e suspeito de ligações ao narcotráfico, para presidente da República com a instauração da política de «Segurança Democrática» que levantou duras críticas de organizações de Direitos Humanos e se traduziu em milhares de mortos. A modernização das forças armadas colombianas e o envolvimento cada vez maior dos Estados Unidos e da sua tecnologia na guerra traduziram-se em perdas importantes para a organização guerrilheira. Durante os dois mandatos de Álvaro Uribe, faleceu por razões naturais Manuel Marulanda, líder histórico, e caíram em combate vários comandantes do secretariado do Estado-Maior Central das FARC: Ivan Ríos, Raul Reyes, Jorge Briceño e Alfonso Cano.
Apesar dos duros golpes, as FARC-EP adaptaram a sua actividade à nova realidade militar. Depois do extraordinário desenvolvimento da sua estrutura, entre os anos 80 e 90, e de assumir uma linha táctica que lhe permitia suster, em alguns casos, uma guerra de posições, as FARC-EP regressaram à mobilidade necessária para atacar e retroceder sem que isso represente importantes custos para a organização guerrilheira. A verdade é que nos últimos anos têm conseguido manter uma estrutura estável e chegaram aos diálogos de paz com o necessário poder negocial para arrancar importantes vitórias nos acordos que já foram assinados com o governo.
A Colômbia lidera anualmente muitos dos rankings mundiais de sindicalistas e jornalistas assassinados. É também o país com o maior número de deslocados internos do mundo. A luta pela paz não está, por isso, confinada a quem luta também através dos canos das metralhadoras. Partidos, sindicatos e movimentos representativos de importantes sectores sociais da Colômbia têm batalhado para conquistar a paz. Porque a guerra não é apenas entre as organizações guerrilheiras, o exército e os grupos paramilitares. É também contra os trabalhadores, os estudantes e os indígenas, privados da liberdade política de se poderem expressar e lutar num contexto legal por um mundo melhor.
Mas é também injusto dizer que as FARC apenas se dedicam à guerra. Muitos camponeses recorrem aos médicos guerrilheiros para cuidar da saúde. Entre a folhagem da selva e das montanhas, erguem-se verdadeiras cidades. Em muitos casos, é a fronteira da dignidade. Os guerrilheiros estudam, levantam hospitais nos sítios mais improváveis, erguem as suas emissoras clandestinas de rádio, jogam futebol em campos improvisados e organizam peças de teatro. Acordam todos os dias às quatro da madrugada e adormecem às oito da noite. Sonham com o dia em que Bogotá esteja nas mãos dos trabalhadores. Inspirados pelos princípios de Marx e Lénine, e pelo exemplo de Simón Bolívar, as FARC-EP mantêm-se fiéis às razões que levaram aqueles 48 camponeses a levantar-se em armas em 1964. Ao contrário do que dizem as agências internacionais de notícias, as FARC seguem uma trajectória própria que deve ser entendida dentro das circunstâncias da difícil realidade que tentam transformar. Esta organização guerrilheira que em meio século não se vergou ante a oligarquia colombiana e o imperialismo mantém-se firme no objectivo de conquistar a paz e o socialismo. Mas não a paz dos cemitérios em que jazem milhares de revolucionários e progressistas colombianos assassinados. É a paz com justiça social por uma democracia em que os trabalhadores e o povo sejam protagonistas.
*
CAMARADA RAUL REYES.
30 de setembro de 1948 - 1 de março de 2008.
ATÉ A VITÓRIA SEMPRE.
"Diante da desigualdade global e da injustiça social, você só tem duas opções: ou comete suicídio ou luta. Eu decidi lutar."
Tânia Niejmeyer. Guerrilha holandesa das FARC - EP
SEM PERDÃO NEM ESQUECIMENTO PARA CADA CAÍDO
FSP - 24/08/2003 - 05h46
''As Farc têm todo o tempo do mundo'', diz comandante
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, Enviado especial à Colômbia
Leia a seguir entrevista concedida à Folha de S.Paulo na última terça-feira pelo comandante das Farc Raúl Reyes em algum ponto da Amazônia colombiana.
Folha de S.Paulo - A Fundação Segurança e Democracia divulgou dados comparativos entre o primeiro semestre do governo Uribe, em 2003, e o primeiro semestre de 2002, ainda sob o governo Pastrana, que mostram uma intensificação das ações militares do governo e um recuo das Farc. Por que isso ocorreu?
Raúl Reyes - Não sei, não tenho idéia, mas lhe digo: de onde eles tiram essa informação? Da inteligência militar, que fala de milhares de guerrilheiros mortos, de guerrilheiros desertores, feridos, o que não é verdadeiro. Mas as Farc não estão competindo para ver quantas ações fazem, temos um plano próprio que não pode ser submetido à avaliação das autoridades colombianas. As Farc realizam suas ações quando consideram necessárias.
O grave problema para Uribe é que só faltam três aninhos para governar, e as Farc têm todo o tempo do mundo, são 39 anos de luta. Levaremos todo o tempo necessário para alcançar nossos objetivos. A pressa é do sr. Uribe. Não é da competência das Farc ver quem mata mais.
Folha de S.Paulo - No mês passado, o sr. anunciou o envio de uma proposta de negociação à ONU. Qual foi o teor dessa proposta?
Raul Reyes - O que temos pedido é uma negociação de paz com o Estado colombiano. Com um governo que esteja interessado em investir na paz, e não em continuar a guerra, não em continuar a eliminação dos colombianos como está fazendo Uribe. As Farc propõem iniciar um diálogo, mas depois que o governo desmilitarizar dois Departamentos [Estados], Caquetá e Putumayo.
O que solicitamos à ONU é que, assim como tem ouvido várias vezes o governo colombiano e o próprio Uribe, que também nos receba como uma nação política, revolucionária e de oposição ao governo colombiano para explicarmos o nosso ponto de vista.
Folha de S.Paulo - As Farc já receberam alguma resposta da ONU?
Reyes - Sim, recebemos do próprio secretário-geral [Kofi Annan] uma resposta muito positiva, dizendo que tem o maior interesse em estabelecer um diálogo conosco e insinuou que poderia ser no Brasil. Gostaria muito que fosse no Brasil, um país irmão da Colômbia. Mas não há nenhuma definição até agora, nem por parte da ONU nem por parte das Farc.
Folha de S.Paulo - Essa proposta de negociação não é um recuo das Farc?
Reyes - Não, de forma alguma, as Farc não erraram porque foi Pastrana quem interrompeu o diálogo. A comunidade internacional sabe que as Farc até a última hora enviaram propostas viáveis para a continuidade do diálogo, mas o governo já tinha decidido liquidar o processo de paz.
Folha de S.Paulo - A ruptura ocorreu após as Farc terem sequestrado o senador Jorge Gechem Tubay. Uma ação dessas não é um convite à interrupção das negociações?
Reyes - Não, porque os diálogos ocorriam em meio à guerra. Não havíamos assinado nenhum cessar-fogo bilateral.
Folha de S.Paulo - Mas o senador não era um alvo militar.
Reyes - Na Colômbia os senadores legislam contra o povo, pressionam os trabalhadores com mais impostos, aprovam leis contra a insurgência, aprovam todas as leis repressivas.
Folha de S.Paulo - Como as Farc definem uma ação militar legítima?
Reyes - O objetivo é a captura desses senadores e deputados para conseguir a liberação dos guerrilheiros e guerrilheiras que estão nas prisões colombianas. O governo tem se negado a assinar um acordo de troca humanitária.
Folha de S.Paulo - As Farc são acusadas de executar atos terroristas em cidades, como o ocorrido em fevereiro, em Bogotá, com 36 mortos.
Reyes - As Farc não têm nenhuma responsabilidade sobre essa ação em Bogotá. Mas, logo depois que os EUA decidiram classificar como terroristas todas as organizações contrárias à sua política, na Colômbia, Uribe também chama de terroristas todas as ações que interessam ao povo.
Folha de S.Paulo - Como tem sido o contato entre as Farc e o governo do Brasil?
Reyes - Agora, nenhum. Estamos muito interessados em um contato direto, porque as Farc têm como política estabelecer relações políticas com governos, para explicar a eles que temos uma política que consiste em não realizar operações militares fora do território colombiano.
Folha de S.Paulo - Qual é a sua avaliação do governo Lula?
Reyes - Tenho muita esperança em que o governo Lula se transforme num governo que tire o povo brasileiro da crise. Lula é um homem que vem do povo, nos alegramos muito quando ele ganhou. As Farc enviaram uma carta de felicitações. Até agora não recebemos resposta.
Folha de S.Paulo - Vocês têm buscado contato com o governo Lula?
Reyes - Estamos tentando estabelecer --ou restabelecer-- as mesmas relações que tínhamos antes, quando ele era apenas o candidato do PT à Presidência.
Folha de S.Paulo - O sr. conheceu Lula?
Reyes - Sim, não me recordo exatamente em que ano, foi em San Salvador, em um dos Foros de São Paulo.
Folha de S.Paulo - Houve uma conversa?
Reyes - Sim, ficamos encarregados de presidir o encontro. Desde então, nos encontramos em locais diferentes e mantivemos contato até recentemente. Quando ele se tornou presidente, não pudemos mais falar com ele.
Folha de S.Paulo - Qual foi a última vez que o sr. falou com ele?
Reyes - Não me lembro exatamente. Faz uns três anos.
Folha de S.Paulo - Fora do governo, quais são os contatos das Farc no Brasil?
Reyes - As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.
Folha de S.Paulo - O sr. pode nomear as mais importantes?
Reyes - Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...
Folha de S.Paulo - Quais intelectuais?
Reyes - [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros.
Folha de S.Paulo - No Brasil, as Farc têm a imagem associada ao narcotráfico, em especial com o traficante Fernandinho Beira-Mar. A Polícia Federal concluiu que ele esteve na área das Farc junto com Leonardo Dias Mendonça. O sr. confirma?
Reyes - Não sou um policial, sou um revolucionário. A Colômbia não é tão grande como o Brasil, mas tem 1.142.000 km2, e as Farc estão presentes em todo o país. Qualquer um que chegue do Brasil, da Europa ou dos EUA a qualquer um dos Departamentos da Colômbia, pode vir a ter contato com a guerrilha.
Folha de S.Paulo - A PF afirma que as Farc forneceram cocaína a Fernandinho em troca de armas.
Reyes - A polícia diz qualquer coisa, porque recebe ordens para dizer e inventar coisas.
Folha de S.Paulo - As Farc mantêm relação com traficantes brasileiros?
Reyes - Que eu saiba, nenhuma. Isso faz parte da campanha para justificar o que os EUA estão fazendo na Colômbia, intervindo nos assuntos internos do país. Mas os EUA não combatem o narcotráfico em seu próprio território. Os camponeses colombianos produzem coca e papoula, são trabalhadores da terra. Quem compra? Os narcotraficantes do mundo. E quem consome? Os gringos.
Folha de S.Paulo - Qual é a relação entre as Farc e os traficantes que compram droga dos camponeses?
Reyes - As Farc cobram imposto desses comerciantes, que compram dos camponeses. Não apenas dos que vendem coca, mas também dos que produzem grandes quantidades de soja, arroz, milho. Não se cobra dos camponeses, mas dos comerciantes.
Folha de S.Paulo - As Farc têm sido acusadas de produzir sua própria coca.
Reyes - Absolutamente falso, as Farc são uma organização revolucionária, que luta pelo poder. Produzimos alimentos para nossos guerrilheiros. A cocaína é um veneno.
Folha de S.Paulo - Recentemente, houve um grande problema diplomático entre Brasil e França por causa de uma suposta negociação daquele país com as Farc para libertar a ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt. As Farc negociaram com o governo francês?
Reyes - Nenhuma negociação. Tudo o que nós sabemos foi o que saiu na imprensa. A notícia nos surpreendeu. Ela está muito bem de saúde e de ânimo, mas está triste, como estão todos os que não recuperaram sua liberdade, alguns nos presídios do Estado colombiano, tristes porque não podem sair de lá. Os que estão na selva também estão tristes. Por isso, estão muito interessados na troca de prisioneiros para que todos recuperem sua liberdade.
Folha de S.Paulo - Que relação as Farc mantêm com o governo venezuelano?
Reyes - Estamos propondo ao governo de Hugo Chávez uma explicação sobre a política das Farc em relação aos países vizinhos.
Folha de S.Paulo - Existe contato ou não?
Reyes - Temos informações muito positivas sobre Chávez, um bolivariano patriota que luta pela dignidade do seu povo. Nós o admiramos muitíssimo.
Folha de S.Paulo - O sr. acredita numa intensificação da ajuda militar americana à Colômbia?
Reyes - É possível que aumente, é o que tem feito o sr. Bush e é o que Uribe está pedindo aos gritos. Ele está desesperado porque não pode alcançar nenhum resultado contra a guerrilha. Uribe é um fantoche norte-americano. Funcionários americanos vêm à Colômbia em romaria para ver se Uribe está realizando as tarefas direito.
*
Bases militares dos EUA: neocolonialismo e impunidade
Por Renan Vega*
Por Renan Vega*
Alguns autores dizem que as bases militares substituem o clássico ou antigo poder colonial,
os antigos territórios coloniais. Porque, de fato, os EUA estão espalhados por todo o mundo.
mundo, nas bases, a tal ponto que nem os pesquisadores mais exaustivos sabem,
Rigorosamente, quantas bases os EUA têm, porque isso é coberto por segredo. Mas o
Pesquisadores, digamos mais sérios, mais sistemáticos, dizem que essas bases podem chegar
para serem 1.250 bases militares.
Os EUA reconhecem oficialmente 700, mas pesquisadores dizem que pode haver até 1.000.
1.250 bases militares. Por que essa lacuna de quase 500? Por muitas razões. Em primeiro lugar
lugar, porque a questão das bases também está mudando.
Às vezes, habituámo-nos a pensar que quando falamos de bases norte-americanas,
Estamos falando das bases mais visíveis, maiores e mais permanentes, onde
Sempre há militares que estão lá há, digamos, décadas. Como as bases no Japão, para
exemplo, Okinawa, Japão. As bases de Guam, as bases de Diego Garcia, no Pacífico,
A base de Guantánamo, que está lá há um século, mais de um século: 120 anos, certo? Então,
assumimos que todas as bases são assim: não. As bases militares também estão mudando. E
estão mudando em que medida: na medida em que o imperialismo também se adapta às
situações. Então, nos lugares onde há menos resistência, estão as bases.
visível, as mesmas bases de sempre.
Mas, nos lugares onde há alguma oposição, resistência, denúncia, os EUA
estabelece outro tipo de bases, bases, digamos, mais circunstanciais. Por exemplo, em
Existem muitos lugares no mundo onde as bases dos EUA só os atendem,
o que é importante, é claro, para reabastecer aviões. Digamos que eles são
bases de trânsito, por exemplo, que é muito importante: por causa da autonomia de voo do
navios, para controle, para informação, para muitas circunstâncias. Existem muitas bases que
elas funcionam assim.
Existem outras bases que são de média instância, ou seja, de média duração; são muito diversas.
Então, essas bases estão espalhadas por todo o mundo. E um lugar privilegiado onde
Essas bases estão espalhadas por todo o território latino-americano e foram precisamente
Um dos mapas que eu queria mostrar para vocês, para verem como existem bases militares na América
dos EUA, incluindo o próprio território dos EUA. Ou seja, os EUA têm bases
militares em seu próprio território, e isso parece uma piada, certo? Os EUA têm lugares que são
praticamente cidades, existem bases militares dos EUA que têm 130 mil habitantes,
exemplo.
São cidades isoladas onde ninguém dos EUA pode ir, muito menos
menos, e lá eles preparam seu pessoal, treinam, usam armas, e dali para baixo, do Rio
Bravo abaixo, as bases estão espalhadas por todo o continente e, principalmente,
concentrada na América Central e no Caribe; Principalmente, eles estão concentrados lá desde
há muito tempo atrás.
Mas isso tem se acentuado, nos últimos 15-20 anos, e está relacionado à emergência
do governo bolivariano da Venezuela. E então é bom ver nesses mapas como é
estava cercando a Venezuela Bolivariana.
É uma cerca geoestratégica do Caribe, da Amazônia, da zona andina, de todo o território
Venezuelano e que foi reforçado, e aí é preciso dizer que a Colômbia desempenha um papel
papel fundamental; Infelizmente, fundamental, muito importante para os EUA,
porque na Colômbia o estabelecimento de bases militares formais foi organizado e
informal, reconhecido e não reconhecido, marítimo e terrestre para completar a cerca
contra a Venezuela.
menos, e lá eles preparam seu pessoal, treinam, usam armas, e dali para baixo, do Rio
Bravo abaixo, as bases estão espalhadas por todo o continente e, principalmente,
concentrada na América Central e no Caribe; Principalmente, eles estão concentrados lá desde
há muito tempo atrás.
Mas isso tem se acentuado, nos últimos 15-20 anos, e está relacionado à emergência
do governo bolivariano da Venezuela. E então é bom ver nesses mapas como é
estava cercando a Venezuela Bolivariana.
É uma cerca geoestratégica do Caribe, da Amazônia, da zona andina, de todo o território
Venezuelano e que foi reforçado, e aí é preciso dizer que a Colômbia desempenha um papel
papel fundamental; Infelizmente, fundamental, muito importante para os EUA,
porque na Colômbia o estabelecimento de bases militares formais foi organizado e
informal, reconhecido e não reconhecido, marítimo e terrestre para completar a cerca
contra a Venezuela.
E nesse sentido, então, eu tenho que dizer o seguinte: as pessoas sempre falam sobre os sete
Bases militares dos EUA na Colômbia. Devo dizer que essa informação é falsa. É
falso porque não são sete. Existem entre 40 e 50 bases militares. Ou seja, a informação é falsa,
por defeito, não por excesso; padrão.
Entendendo “bases” de que forma: alguns autores, até aqui, chamam de “quase bases”,
bases e quase-bases. Então, do que estamos falando? Existe um domínio de
espectro completo que é militar, que é mídia, que é cultural, que é informativo, que
É comunicativo.
E o que é importante hoje, é activar, por exemplo, a criação de radares, e a
O território colombiano está cheio de radares. Do Caribe colombiano até Letícia, é
Ou seja, atravessam todo o território colombiano a partir da zona insular do Caribe colombiano.
Existem radares até na selva amazônica deste país, e existem radares que circundam toda a fronteira.
com a Venezuela, a fronteira com o Equador, a fronteira com o Panamá.
Então estamos falando de localizações geoestratégicas gerenciadas diretamente
por pessoal dos EUA. Então aqui é bom levantar uma coisa: acontece que quando você
Ele estava falando sobre as famosas sete bases, que levaram à assinatura de um acordo vergonhoso,
30 de outubro de 2009, entre a Colômbia e os EUA. Acontece que isso foi jogado de volta
depois, em termos legais pelos tribunais colombianos e daí em diante, então, aqui
Na Colômbia dizem que não há bases militares dos EUA.
Isso é um sofisma, porque a Colômbia é um país que cultiva formas e formas legais.
Então, presume-se que o que não existe legalmente, não existe na realidade.
Acabámos de ver, ontem o Ministério Público declarou que Uribe deveria ser exonerado das acusações
este julgamento prolongado que já dura 10 anos. Estas são as formas legais. Isso não significa
que o cara não é um criminoso. Isso não significa que o cara não seja um criminoso. Bem, é isso
A mesma coisa acontece com as bases, com as bases estabelecidas.
Formalmente, os tribunais anularam-nas, mas as bases continuaram a funcionar e
Mesmo com acordos secretos nos quais os próprios EUA e o governo colombiano dizem não.
Devem ser estabelecidos acordos formais que passem pelo parlamento, muito menos,
acordos secretos que permitem que os militares dos EUA e seus mercenários
entrar na Colômbia, como Pedro em casa, sem passaporte, sem nenhum tipo de exigência. E
essa é a situação em que nos encontramos.
Mas o outro elemento que quero destacar é que há também uma militarização interna.
da sociedade colombiana ligada à militarização externa. E aqui eu tive outros também
mapas, sobre algo chamado “batalhões de mineração-energia e infraestrutura”
que fica na Colômbia. E acontece que nesses mapas é isso que podemos ver.
Agora, os mapas são falados, vou fazê-los falar. Em território colombiano, de
De norte a sul, existem os que aqui se chamam “batalhões de mineração-energia e infraestruturas”.
que eles ocupam, e esses são dados de 2015, estão desatualizados, porque aqui é difícil conseguir
informações atualizadas sobre o que isso significa.
Em 2015, 82.000 soldados foram empregados. 82.000 soldados: um terço das Forças Armadas
do exército colombiano estavam engajados nos batalhões de mineração e energia do sul ao norte.
E o que esses batalhões de mineração-energia estão fazendo? Bem, eles estão na entrada de uma refinaria.
na entrada de uma mina de carvão, na entrada de uma mina de ouro, de uma mina de cobre, numa
ponto fundamental da infraestrutura rodoviária, numa ponte, e na maioria dos locais que
Meu parceiro está nos mostrando lá no mapa.
Em muitos desses lugares há uma presença direta ou indireta dos EUA. Porque eles são
conselheiros, porque são mercenários. Para esse tipo de, digamos, fatos reais, porque
eles lidam com as informações. Então, aqui você pode ver, precisamente, o mapa da presença
Militares dos EUA em território colombiano. Neste mapa devemos sobrepor o mapa de
os batalhões de mineração-energia; e o que nos daria como resultado: que a Colômbia é um dos
os países mais militarizados do mundo, os mais terrivelmente militarizados do mundo.
Recordemos que, nos últimos 20 anos, o exército colombiano é um dos 5 exércitos
que mais cresceu no mundo. E pelo pessoal que tem, porque o total da
As Forças Armadas, neste país, somando o exército, a marinha, a aviação, a polícia, que é uma força
militares, serviços secretos e outros: temos 500 mil pessoas. Ou seja, é um exército que
É quase do mesmo tamanho que o Brasil, com a diferença de que o Brasil é 4-5 vezes maior.
população do que a Colômbia.
É uma sociedade terrivelmente militarizada. E é por isso que não é de estranhar que neste país
cometeu o que hoje é chamado de "o pior genocídio do século XX", que é o que é chamado,
eufemisticamente, como falsos positivos. Ontem, quando Uribe estava parcialmente
exonerado, ele postou um post no Twitter dizendo: “Graças a Deus por este passo positivo”. Deveria ser
digamos, na verdade, graças a Deus por esse falso positivo, que é de pelo menos 10 mil
Os colombianos mortos pelo exército e pelos batalhões que organizaram o assassinato foram
preparado na Escola das Américas.
Dessa forma, temos como se fecha o círculo de militarização de uma sociedade.
Não só para dentro, mas para fora, porque desde a Colômbia se fazem os preparativos
agressões ao resto do território e, no dia 1º de março, uma
outro aniversário fatídico do massacre de Sucumbios de 1 de março de 2008, quando
26 pessoas foram massacradas por um bombardeiro pilotado por pilotos americanos:
partiu de uma base militar, com aconselhamento israelo-americano, em território
Colombianos, quando foram massacrados, entre eles, Raúl Reyes, e 4 estudantes mexicanos
que nunca haviam entrado em território colombiano.
Então, mais ou menos, era isso que eu queria passar para vocês. Eu não vou mais abusar de você
Era uma questão de tempo e sou grato pelo convite de Chema. É uma pena não poder comparecer.
apresentar todos os mapas.
*Renán Vega é pesquisador independente e professor da Universidade Pedagógica Nacional de Bogotá.
Autor de livros sobre a influência do imperialismo na vida colombiana e latino-americana. F
Membro da Comissão Histórica sobre o Conflito Armado e suas Vítimas, nomeado em Havana
Vencedor do Prêmio Libertador de Pensamento Crítico, versão 2007-2008, com o livro Um mundo
incerto.
Este é um trecho de sua apresentação que foi realizada em 7 de março de 2021 no Canal do Youtube
“TeCs Tertulias en Cuarentena” promovido por Txema Sánchez no contexto da Conferência de Quarentena
Fala sobre a OTAN.
Transcrição: Pablo Ruiz
SOAWatch - www.soaw.org
*
FARC-EP EXIGE DEVOLUÇÃO DOS RESTOS MORTAIS DE RAÚL REYES
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) exigiram hoje nesta capital a devolução dos restos mortais do Comandante Raúl Reyes, que perdeu a vida em um atentado a bomba em um dia como hoje em 2008.
Ivan Márquez, chefe da delegação das FARC-EP nas negociações de paz com representantes do governo colombiano — que nesta sexta-feira chega ao seu sexto ciclo — descreveu como paranoica e degradante a atitude do governo colombiano em manter os restos mortais de Reyes apreendidos.
Denunciamos – enfatizou Márquez – a perfídia que representa este ato desumano e cruel do Estado, e apontamos o General Rodolfo Palomino, da Polícia Nacional, como responsável.
Solicitamos oficialmente ao governo do Equador, com base nas normas do Direito Internacional Humanitário, que repatrie os restos mortais de nossos combatentes para que seus familiares e amigos possam sepultá-los em sua terra natal, explicou.
Em suas palavras de homenagem, Márquez lembrou que em 1º de março de 2008, violando o direito internacional e a soberania de um país, forças do governo colombiano bombardearam um acampamento das FARC-EP em território equatoriano, muito próximo à linha de fronteira.
O uso desproporcional da força - lamentou o líder guerrilheiro - resultou na morte de Reyes, 20 combatentes de seu grupo, quatro estudantes mexicanos e um cidadão equatoriano.
As FARC-EP e o governo colombiano estão imersos em um diálogo de paz, iniciado em Havana em 19 de novembro, que está estruturado com três dias de conversas e um dia de retirada, e com a questão da terra no centro da reaproximação, para pôr fim a décadas de conflito no país sul-americano.
Além do tema agrícola, a pauta inclui a participação política, o fim do conflito, o problema do narcotráfico, a atenção às vítimas e os mecanismos de validação e verificação do que foi acordado na mesa de diálogo.
Fonte:
Imprensa Latina
Data:
01/03/2013
Uribe será lembrado como mafioso, para-militar, bufão....
Artigo enviado por Raúl Reyes à ANNCOL,
traduzido por Inverta
Quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
O Presidente Álvaro Uribe será lembrado, na Colômbia e no Mundo, como mafioso, paramilitar, bufão, grosseiro, caluniador e mentiroso a qualquer prova.
O pior governo dos últimos tempos não pode ser lembrado de outra maneira. Trata-se do engendro criminoso das máfias do narcotráfico com paramilitares, latifundiários, grandes pecuaristas, os militaristas e os remanescentes da ultra-direita cavernosa do bipartidarismo liberal-conservador. Os mesmos responsáveis pela pobreza, pela miséria, pela exploração, saque, corrupção, indignidade e repressão estatal sobre os trabalhadores, os camponeses e o povo colombiano nos últimos 50 anos.
É tanta palhaçada e grosseria do governo da para-política, que o mesmo se acha no direito de impor sua cartilha de infâmias contra a oposição política revolucionaria colombiana aos demais governos, esses sim legítimos, com prestígio, disposição e futuro luminoso, enquanto que seu governo é de minorias, fraudulento e, portanto, ilegal e ilegítimo. Não é casual que a imensa maioria de congressistas e políticos convocados para os inquéritos sobre a para-política, os massacres e as migrações forçadas seja parte substancial da coalizão governamental.
Além de amigos, sócios e cupinchas seus, que com seus votos durante as duas eleições presidenciais o levaram ao poder. Por ser Uribe o primeiro responsável e beneficiário direto da narco-para-política, deveria renunciar a seu espúrio mandato.
A renúncia imediata de Uribe junto a todo seu governo garantiria a libertação com vida dos prisioneiros, mediante a assinatura do acordo humanitário sem mais travas – que negam o acordo em troca de persistir em dementes posições inamovíveis e na arriscada política de recuperação forçada.
Os governos povos amigos do acordo humanitário e da paz da Colômbia voltarão a ser respeitados e reconhecidos por suas boas gestões, sempre que as mesmas partam da solicitação expressa das partes enfrentadas. As saídas políticas acordadas com as organizações guerrilheiras, revolucionárias do povo, com os operários, camponeses, estudantes, indígenas e afro-descendentes, que sofrem com a obstrução obstinada imposta pela vergonhosa administração fascista atual, voltariam a recuperar seus espaços, em proveito da paz com justiça social, da democracia real e das liberdades.
As palhaçadas, as grosserias, as calúnias e as mentiras deste governo nunca mais poderão se repetir, por respeito a nós mesmos e à comunidade internacional, visando assim a encerrar este vergonhoso e escuro trecho de nossa turbulenta história de guerras, ineqüidades sociais, políticas e econômicas.
Montanhas da Colômbia, dezembro de 2007
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro