É preciso organizar a luta antifascista
Laura Gontijo
Recentemente, uma foto divulgada na internet mostrou um homem com uma suástica no braço sentado na mesa de um bar, na cidade de Unaí, em Minas Gerais. Pessoas tentaram abrir um boletim de ocorrência e a polícia se recusou a atender o pedido. O que provocou indignação em alguns, mas era de se esperar. A polícia é a incubadora primordial do fascismo.
Como ninguém tomou uma ação mais enérgica contra esse cidadão, a moda pegou. Agora surgiu a foto de outro fascista sentado em um shopping, em Curitiba, com uma suástica no braço.
Ao mesmo tempo, o Estado de S. Paulo divulgou um ato público dos integralistas que ocorreu dia 9 de novembro, em São Paulo. 15 camisas-verdes se reuniram, acompanhados pelo Estado de S. Paulo, fizeram a saudação integralista e cantaram um hino fascista.
A reportagem, que é uma verdadeira propaganda do integralismo, informa que a Frente Integralista Brasileira vem ganhando cada vez mais adeptos, possuindo 8 mil filiados, e que irá lançar candidatos nas eleições municipais do ano que vem em várias cidades, pelo PRTB, de Levy Fidelix e pelo Patriota, cuja carta de fundação foi redigida por um integralista. Também pretendem organizar um congresso nacional e uma marcha em comemoração ao aniversário de Plínio Salgado, em janeiro e informam que seus membros treinam artes marciais para se defender da esquerda.
No final de 2015, a imprensa burguesa divulgou que seria realizado um congresso de Fundação da Frente Nacionalista, em Curitiba. Diante da grande repercussão, em seguida, foi dito que o Ministério Público teria impedido a realização do mesmo (vemos aqui novamente o equívoco de chamar as “instituições” para “combater” o fascismo). Diante do anúncio de possíveis candidaturas nas eleições do ano que vem, podemos concluir que o congresso ocorreu, ainda que tenha apenas reunido os líderes das organizações.
O ressurgimento do fascismo no Brasil é uma realidade difícil de negar sob o governo Bolsonaro. As marchas verde-amarelas que propiciaram o golpe de estado foram claramente fascistas. Se, naquela época, era difícil fazer essa identificação – e muita gente relutou em chamar as “tias” de classe média que iam às passeatas de fascistas - agora, o fascismo aparece como ele realmente é, com seus símbolos, rituais e práticas. Tratar isso mais uma vez como “brincadeira”, como coisa de idiotas ou loucos ou mesmo acreditar que chamando a polícia ou o ministério público iremos “combater” o fascismo é já correr sério perigo de vida.
A luta contra o fascismo brasileiro está na ordem do dia. É preciso organizar comitês de luta contra o fascismo para agir contra essas demonstrações, manifestações e mesmo ações individuais dos fascistas. É preciso impedir que ocorram! É preciso expulsar os fascistas das ruas!
A burguesia já demonstrou que o fascismo pode ser a sua principal alternativa diante da falência do capitalismo. Partidos e organizações fascistas crescem em todo o mundo e disputam o poder.
Em outubro, comemora-se 85 anos do aniversário da Batalha da Praça da Sé conhecido como “Revoada dos Galinhas Verdes”, episódio da história brasileira que demonstrou a melhor forma de tratar o fascismo para impedir que ele se desenvolva: eliminando-o das ruas.
O jornal O Homem Livre foi criado em 2015, a partir da constatação de que desde 2012 o fascismo se organizava e crescia no Brasil. E mais do que nunca os fatos tem demonstrado o acerto político desta iniciativa e a importância de, neste momento, criar mais instrumentos que organizem a luta, como comitês de luta antifascista.
A tarefa de toda a esquerda democrática e comunista em 2020 é derrotar o fascismo!
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Nasce preocupado com os caminhos do proletariado em geral, porém, especialmente, com o brasileiro